Novembro 12, 2017
Uma Coluna de Fogo - Ken Follet
Há livros que correspondem ao que esperamos deles, e não nos colocam nos braços as desilusões habituais quando as expectativas são demasiado elevadas. Não que não tivesse boas expectativas em relação a este livro, não é isso, mas Ken Follet sabe jogar com a sua própria receita vencedora. E muito bem.
“Uma Coluna de Fogo” é um livro competente, fruto de uma pesquisa exaustiva e metódica que, além de nos apresentar os factos históricos, lhes encaixa habilmente a ficção narrativa. Regressamos a Kingsbridge, o que é fantástico, dado que “Os Pilares da Terra” continua a ser dos meus preferidos do autor, e mesmo voltando ao mesmo local pela terceira vez (“Um Mundo sem Fim” foi a primeira sequela), trabalhando a mesma fórmula que orienta o progresso das personagens, continua a ser um prazer ler um livro (desculpem, um calhamaço) de 767 páginas.
Séculos XVI e XVII, de Kingsbridge para o mundo (mesmo). Os Tudor, guerras religiosas, traição, violência, morte e, claro, amor. Ned e Margery amam-se desde muito novos, sabemos desde a primeira página que vão ser separados (não é spoiler, é óbvio) mas, apesar dos seus percursos diferentes a tantos níveis, não irá o leitor torcer por eles até à última réstia de esperança? É assim gostar de Ken Follet, leva-se umas sovas com as reviravoltas, a tristeza chega quando as hipóteses estão contra o herói, mas há qualquer coisa que nos faz acreditar sempre no impossível. E isso é saber contar uma história.
Sinopse
“Natal de 1558. O jovem Ned Willard regressa a Kingsbridge e descobre que o seu mundo mudou. As velhas pedras da catedral de Kingsbridge contemplam uma cidade dividida pelo ódio de cariz religioso. A Europa vive tempos tumultuosos, em que os princípios fundamentais colidem de forma sangrenta com a amizade, a lealdade e o amor. Ned em breve dá consigo do lado oposto ao da rapariga com quem deseja casar, Margery Fitzgerald.
Isabel Tudor sobe ao trono, e toda a Europa se vira contra a Inglaterra. A jovem rainha, perspicaz e determinada, cria desde logo o primeiro serviço secreto do reino, cuja missão é avisá-la de imediato de qualquer tentativa quer de conspiração para a assassinar, quer de revoltas e planos de invasão. Isabel sabe que a encantadora e voluntariosa Maria, rainha da Escócia, aguarda pela sua oportunidade em Paris. Pertencendo a uma família francesa de uma ambição brutal, Maria foi proclamada herdeira legítima do trono de Inglaterra, e os seus apoiantes conspiram para se livrarem de Isabel.
Tendo como pano de fundo este período turbulento, o amor entre Ned e Margery parece condenado, à medida que o extremismo ateia a violência através da Europa, de Edimburgo a Genebra. Enquanto Isabel se esforça por se manter no trono e fazer prevalecer os seus princípios, protegida por um pequeno mas dedicado grupo de hábeis espiões e de corajosos agentes secretos, vai-se tornando claro que os verdadeiros inimigos, então como hoje, não são as religiões rivais. A batalha propriamente dita trava-se entre aqueles que defendem a tolerância e a concórdia e os tiranos que querem impôr as suas ideias a todos, a qualquer custo.”
Editorial Presença, 2017
Tradução de Isabel Nunes e Helena Sobral