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planetamarcia

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Maio 25, 2014

Morte nas Trevas - Pedro Garcia Rosado - Opinião

 

Este é o terceiro livro que leio de Pedro Garcia Rosado. Apenas li os mais recentes, publicados pela Topseller, a quem tenho de dar os parabéns por apostar forte não só no autor mas também num género que tem muitos seguidores por cá mas que, estranhamente, parece não haver quem escreva. Ou então haverá uma síndrome qualquer inexplicável por parte da maioria das nossas editoras, do género daquela aversão estranha que todas acabam por ter aos contos.

Há público. Leitores bem informados que lêem o que de melhor se faz por esse mundo fora, de literatura policial, suspense, thriller, ou o que lhe queiram chamar. Por cá sinto que continua a haver algum preconceito por serem considerados livros de puro entretenimento, e os livros ainda continuam a ser vistos e lidos por alguns como uma forma de elevar o ser humano a um pódio qualquer de erudição. E é verdade. Mas deve haver livros para todos os leitores. E, principalmente, cada leitor deve saber apreciar de tudo. É o que tento fazer cá na minha modesta biblioteca.

Pois este livro é simplesmente genial, sem dúvida o meu preferido dos três livros que li, e que, apesar de sentir que vou fazer o caminho inverso, quero ler os outros livros do Pedro. E já são dez romances editados. Que eu, ou sou muito distraída, ou as editoras anteriores não foram lá muito felizes no trabalho de divulgação.  Gosto de policiais, confesso. Gosto dos nórdicos, pela frieza e pelo extremismo, pelas situações limite e pelo horror sem pejo. Gosto do choque e da surpresa. O Pedro está no patamar desses mais falados, que não vou citar porque não precisam, já toda a gente sabe quem são. Gostaria de ver traduções destes seus livros, sinceramente penso que merecem projecção internacional, e podem muito bem passar para o grande ecrã.

Não vou falar sobre este livro. Quem gosta de policiais não quer saber. Quer ler, descobrir, ser surpreendido e assustar-se a cada página.

Mas preparem-se para as trevas, que o aviso das cenas chocantes na capa não é brincadeira. Eu cá ainda sinto o cheiro da morte.

Sinopse

“Gabriel Ponte está finalmente decidido a dedicar-se à investigação privada, pondo fim à inatividade a que uma reforma antecipada da Polícia Judiciária o condenou.
O seu primeiro trabalho como detetive particular consiste em encontrar duas mulheres desaparecidas em Portugal, a pedido de um homem e de uma mulher de origem romena, antigos agentes da Securitate, a polícia política do ditador Ceausescu.
A sua investigação vai conduzi-lo a um confronto com um industrial romeno que cria porcos numa zona rural do concelho de Caldas da Rainha, e que esconde, afinal, segredos hediondos. À medida que avança neste caso, que vai pôr em risco a vida da sua própria família, Gabriel Ponte recebe a ajuda inesperada de um ex--oficial do KGB e das forças especiais russas, ao mesmo tempo que se torna o alvo da atenção de um inspetor da PJ, obcecado pela justiça.”

Topseller, 2014

Novembro 17, 2013

Morte na Arena - Pedro Garcia Rosado - Opinião

 

Bastante diferente de “Morte com Vista para o Mar”, “Morte na Arena” representa um salto qualitativo em relação ao romance anterior. Pedro Garcia Rosado continua a surpreender-me, e desta vez o nível de detalhe e realismo das descrições elevou bastante a fasquia do propósito de um policial. Muita emoção, situações limite e confirmam-se as cenas chocantes do aviso da capa.

Adequado a quem não se impressiona com muita morte, pois neste livro a pestilência salta das páginas para o nosso nariz. Um nível de detalhe que impressiona mas não desagrada, pelo menos quem aprecia o estilo e gosta de muita emoção, de ler muitas páginas como se não houvesse amanhã. Neste caso houve, pois li o livro em dois dias.

Não é fundamental que se leia “Morte na Arena” na sequência de “Morte com Vista para o Mar” mas é conveniente que assim seja, dado que esta é mais uma investigação de Gabriel Ponte. A vida pessoal de Gabriel tem novamente um grande peso neste romance e alguns desenvolvimentos surpreendentes.

Em Setembro passado participei num passeio pelas “cenas do crime” deste livro, numa iniciativa da editora e do autor, o grupo de que fiz parte conheceu todos os locais-chave da trama, o que me permitiu uma visualização da história de uma forma completamente diferente mas muito mais real. Pudemos também visitar e saber mais sobre o subsolo da Baixa de Lisboa, que me deu uma perspectiva excelente das cenas passadas nos subterrâneos, e me permitiu perceber o que motivou o autor a criar uma cidade debaixo da cidade que conhecemos. Uma ideia interessante mas muito assustadora.

Um livro que me convenceu e que me agradou. E que confirma Pedro Garcia Rosado com um talentoso escritor de policiais, sem receio de explorar alguns limites dos nossos medos.

Sinopse

“Quatro homens aparecem mortos num prédio devoluto, ao lado de um braço decepado que não pertence a nenhum deles. Com o passar dos dias começam a surgir outros membros humanos espalhados por Lisboa, até ser evidente que são partes do corpo de uma jovem de dezasseis anos, filha de um dirigente político, que foi assassinada e que estava desaparecida havia meses. 
As investigações destes casos estão a cargo da inspetora-coordenadora da PJ, Patrícia Ponte, ex-mulher de Gabriel Ponte, que enfrenta agora obstáculos dentro da própria PJ, além da pressão do ex-marido, que quer informações sobre o caso, e da jornalista Filomena Coutinho, que foi a causa da separação deles. 
Os três acabam por descobrir um inferno escondido nos túneis subterrâneos de Lisboa: uma arena onde especialistas em combate corpo a corpo massacram homens e mulheres, numa imitação dos combates de gladiadores da Roma Antiga.”

Topseller, 2013

 

Lido através da Roda dos Livros - Livros em Movimento

Setembro 15, 2013

Morte com Vista para o Mar - Pedro Garcia Rosado - Opinião

 

Primeiro livro que leio de Pedro Garcia Rosado e a verdade é que sinto alguma tristeza de apenas agora o ter descoberto. Tendo em conta que “Morte com vista para o mar” é já o seu oitavo romance, sinto-me a entrar num comboio em andamento.

Ler um livro em dois dias não é novidade para mim, mas a verdade é que é cada vez menos frequente. O nível se exigência de quem lê constante e sucessivamente vai-se elevando de forma inevitável, e o género policial/thriller é provavelmente um dos mais difíceis no que toca a “agarrar” o leitor atento (grupo em que julgo estar incluída). Quem lê policiais que ser surpreendido, ficar preso à história, acordar e dormir a pensar o que vai acontecer, ser assustado, viver angustiado até à última página. A verdade é que já tantas ideias foram exploradas e escritas que é difícil satisfazer todos estes pressupostos. Criar uma história, torna-la credível e verosímil, e “recheá-la” de morte e violência na medida certa não é fácil.

Garcia Rosado não preenche todos os requisitos que enumerei. Na verdade não fui surpreendida quando foi revelado o autor do crime, consegui estar umas páginas à frente da maioria das revelações-chave da trama. Mesmo assim o nível de entusiasmo não esmoreceu e foi com o prazer único de quem lê um livro bem escrito que virei a última página, e desejei começar de imediato a ler “Morte na Arena”, o segundo título com as mesmas personagens.

O tema não podia ser mais atual. A corrupção nas autarquias é, infelizmente, sempre atual, mas em ano de eleições torna-se mais próximo e real. A manipulação da realidade à medida dos interesses megalómanos, o contornar das dificuldades através de luvas e subornos é o espelho de uma sociedade doente e podre, em que o dinheiro dita as regras e vai tendo sempre a última e única palavra.

Gostei muito das personagens, principalmente de Gabriel Ponte com quem criei grande empatia. Um “herói” bastante humano, construído de forma inteligente, e é ele, com os mistérios do seu passado, com as pistas que vai deixando, que realmente me agarrou e fez desejar saber tudo sobre a sua vida. Misterioso e intrigante, Gabriel tem uma história que vamos descobrindo a conta-gotas, absorvendo peças e construindo um puzzle. Bem pensado e ainda com peças para juntar no próximo livro.

Em resumo, uma história atual, perfeitamente credível e enquadrada na realidade portuguesa, personagens que podiam ser os nossos vizinhos, expressões com que me identifiquei e sinceramente gostei muito de ler um policial de qualidade de um autor português.

Previsível mas consistente. Eu não lhe encontrei “pontas soltas” ou contradições.

Recomendo vivamente.

Sinopse

“Nas traseiras de uma moradia isolada nas Caldas da Rainha, um professor de Direito reformado aparece morto à machadada na casa onde vivia sozinho. Patrícia, inspetora-coordenadora da PJ, pede ajuda ao seu ex-marido Gabriel Ponte, antigo inspector da Polícia Judiciária, que assim regressa ao mundo da investigação criminal.
Meses antes, o professor tinha contactado Patrícia, sua antiga aluna e amante, para denunciar a existência de um esquema de corrupção e de lavagem de dinheiro em torno do projeto de um empreendimento turístico gigantesco nas falésias da costa atlântica.
As primeiras provas apontam para que este homicídio seja resultado de um affair com uma mulher casada, mas poderá o professor ter sido assassinado por saber demais?”

Topseller, 2013