Difícil a tarefa de ler um livro escrito por uma amiga. E manter a distância que a amizade tolda. Desafio é ser imparcial quando, antes de abrir a primeira página, já se quer gostar.
Neste caso, o livro da Paula, já é ela antes de se começar. Elegante e diferente. A suavidade ao toque reflecte bom gosto e cuidado. Tão pequeno e cheio de pormenores, um pequeno caderno intrigante, que apetece folhear e tocar.
A escrita, cuidada nos detalhes, é agradável, ponderada, pensada. Contos que descrevem vidas mundanas, maioritariamente vividos por mulheres livres, sem fronteiras nem nação, mas talvez sempre com a mesma Lisboa no coração. Como um constante regresso. Idas e vindas, amores pelo caminho, objectos que se revelam importantes, detalhes cruciais de espaços que são palcos de amores, desamores, começos e fins. Experiências mais longas, desafios maiores, textos mais curtos mas de grande intensidade. Fácil gostar de um livro perfeito para andar sempre na mala e mergulhar nestas histórias em qualquer local.
Um trabalho revelador do amor à escrita e aos livros, a generosidade não só de mostrar, mas de oferecer, dar, este maravilhoso pedaço de intimidade, do local onde se vai ouvir a voz que dita o que se escreve, obrigada Paula, por me teres escolhido para ler o teu primeiro livro.
Paula Dias, 2015