Abril 04, 2010
Ritual - Mo Hayder - Opinião
O Policial é um género que me agrada bastante. Quando procuro um Policial espero obter emoção, que me faça disparar a adrenalina e, acima de tudo, que a leitura seja compulsiva para aumentar a vontade de chegar ao fim.
Ritual cumpre quase todas as funções de um leitor exigente. Apesar de não o considerar um “page turner”, confesso que tem outras características que o tornam um livro particular.
As personagens vão sendo apresentadas progressivamente, o que me permitiu ir fazendo a minha análise e construção da história; fui tirando as minhas conclusões mediante os factos apresentados e claro, fui tentando perceber quem seria(m) o(s) culpado(s). Apesar de não me ter despertado emoções fortes, apreciei a forma como está estruturado e, acima de tudo, o trabalho de investigação por parte da autora.
Ritual deu-me uma ideia bastante clara da forma como é desenvolvido o trabalho das investigações policiais na área do mergulho, bem como forneceu informações sobre mergulho de aventura e motivações para essa prática.
Flea é a Agente que descobre duas mãos humanas no rio. A partir deste ponto, e com a colaboração do Inspector Jack Caffery, tentam solucionar o caso e encontrar o corpo a que pertencem as mãos. Interessante é também a forma como as histórias de vida de Flea e Jack vão sendo contadas, na verdade tive muitas vezes a sensação que tudo poderia estar relacionado e tudo poderia ser uma fonte de pistas para desvendar o caso. Esta sensação de constante mistério e atmosfera densa é, quanto a mim, o melhor deste livro.
Fonte de informação bastante clara e por vezes perturbadora sobre rituais macabros, superstições africanas e os meandros do submundo das drogas, Ritual faz jus ao seu título e prende o leitor de uma forma muito própria.
Gostaria de me pronunciar sobre o final do livro, obviamente sem o desvendar. Surpreendeu-me a forma como a história se encaminhou para o desfecho: apesar de a partir de certo ponto ser inevitável chegar ao(s) culpado(s), só tirei tal conclusão já muito próxima do fim (o que é bom). O final segue a lógica de todo o livro: uma construção sustentada e bem estruturada, dá a sensação de ter sido escrito sem pressas mas com óbvias preocupações na sua consistência. Gostei e recomendo.
Sinopse
Nas águas do porto de Bristol, um mergulhador encontra a mão de um cadáver. Mais perturbante do que a ausência de um corpo é a descoberta, alguns dias depois, de uma mão. E todas as provas apontam para que o corpo tenha sido decepado ainda com vida.
Transferido de Londres, o agente Jack Caffery pertence à unidade de investigação criminal de Bristol e as suas buscas levam-no aos meandros de um submundo sinistro: o lugar mais terrível que já conheceu.
«Irá apelar aos fãs de Stephen Booth e da série da BBC Wire in The Blood» Library Journal
«Mo Hayder, tal como os melhores escritores policiais, é inimitável. Até supera Ruth Rendell na sua habilidade em encontrar o horror no dia-a-dia.» The Observer