Janeiro 10, 2011
Onde Reside o Amor - Margarida Rebelo Pinto - Opinião
“Onde Reside o Amor” é composto por crónicas escritas por Margarida Rebelo Pinto.
Adoro crónicas. Um texto breve que pode ter por alvo qualquer assunto, qualquer situação do dia-a-dia pode levar a um momento de meditação e zás! Desenvolve-se o tema (não demasiado), pensa-se um pouco sobre ele e, o mais importante, põe a pensar no tema quem lê o texto. Confesso a secreta aspiração a publicar as minhas próprias crónicas, divagações diárias das minhas observações do mundo, das pessoas com quem me relaciono, de pequenos pormenores que gostaria de desenvolver em textos e construir as minhas ideias com palavras.
Margarida escreve sobretudo sobre relações humanas. Sobre homens e mulheres, as suas relações, dramas e alegrias. As suas diferenças. A crítica não a poupa mas é apreciada pela grande maioria dos leitores, ou não venderia tantos livros. Eu gosto da Margarida, apesar de não ter gostado de todos os livros dela que li, aprecio a sua ironia e a forma como analisa as situações, é mordaz e não tem medo de dizer o que pensa. Quem gosta gosta, quem não gosta que não leia! É assim este livro.
Por diversas vezes me lembrei de Carrie Da série “Sexo e a Cidade” ao ler este “Onde Reside o amor”. Não só por ter a sua crónica semanal (mas em Nova Iorque), mas também pelos temas desenvolvidos: homens, entender os homens, relações amorosas e claro, sexo, sempre o sexo. O que é importante? De que gostam as mulheres? O que mais apreciam os homens? A sintonia nas relações (ou a falta dela), tudo é analisado e explicado (sim, há explicações e causas para tudo, graças a Deus!) de uma forma severa mas divertida. Admito que achei este livro brilhante dentro do género, irei certamente voltar a percorrer estas páginas. Eu e muita gente… e tenho cá um palpite que mesmo aqueles que falam mal da Margarida não vão resistir!
E para terminar em jeito de provocação, vou deixar uma passagem com que me identifiquei particularmente, que parece mesmo que foi escrita a pensar no meu casamento (excepto a parte dos filhos que não tenho). Cá vai para aguçar as invejas (mais um tema bastante abordado neste livro):
“Conheço poucos casais assim, mas distinguem-se à légua: saem sempre juntos, comunicam em código um com o outro, riem-se mais do que é habitual e conseguem sentir que estão sempre sozinhos, ainda que sentados na bancada de um estádio em final de taça. Vivem numa espécie de bolha transparente, porém impenetrável, onde nem os filhos entram. São casais que conseguem manter a chama da paixão depois de meses e anos de convivência. Não raro, apoiam-se profissionalmente um ao outro e referem-se sempre aos filhos como nossos, sem distinguir facções dentro do núcleo familiar, ainda que estas possam existir. Os casais-bolha vendem uma felicidade absurda e quase plástica, por parecer impossível de alcançar. Podemos ter a sensação de que vão um dia sufocar ao respirarem o mesmo ar, mas geralmente não é isso que acontece: parecem alimentar-se desse ar muito particular que fabricam.” (Pág. 84)
Sinopse
“Onde reside o amor? é uma viagem às histórias das vidas de todos nós. Aqui estão os retratos fiéis dos nossos dias, dos anjos que nos protegem e dos demónios que nos desafiam. Margarida Rebelo Pinto volta, neste livro, às relações entre as pessoas e, de uma forma sincera, fala-nos directamente ao coração. Atravessa o amor e o sexo, interpreta a linguagem dos afectos e lança um olhar sobre o papel da família, dos valores que se perdem na voragem dos dias. Homens e mulheres; príncipes encantados; as eternas diferenças entre os dois sexos (mais próximos do que se julga); afectos, histórias de família, ou o retrato de um país… Tudo conduz os leitores para o secreto lugar onde reside o amor.”
Oficina do Livro, 2009