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planetamarcia

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Julho 22, 2015

Cidades de Papel, de John Green - O filme

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Gosto de livros e gosto de filmes. Nem sempre gosto dos filmes vistos depois dos livros lidos. É comum a quem gosta muito de livros, parece.

Não li “Cidades de Papel”. Ontem vi o filme. Ante-estreia a convite da Editorial Presença, que se transformou num convívio quase familiar de blogues. Fui para um filme de adolescentes no fim de um dia de trabalho para crescidos, e saí de lá com a sensação que não cresci assim tanto. Cá dentro, a vontade perseguir impulsos e correr pela sensação mágica de viver, fez-me gostar tanto da Margo que os nossos cerca de vinte anos de diferença foram fumo. Não se sonha demais. Não se pode pensar tal coisa. Vou tentar não esquecer.

Informações sobre o livro aqui.

Agosto 31, 2012

A Culpa é das Estrelas - John Green - Opinião

“ A Culpa é das Estrelas” correspondeu às minhas expetativas. E isto não é pouco! Depois de a surpresa de “À Procura de Alaska”, esperava um “A Culpa é das Estrelas” bastante profundo e emocional. Não me enganei.

Deixei-me encantar mais uma vez pelo “género John Green”, uma forma de escrever “estilo adolescente”, tipo “não te rales” mas com uma profundidade surpreendente. Ler este livro é como entrar numa conversa de adolescentes pela forma e pelos termos utilizados, mas é ao mesmo tempo uma constante citação de verdades supremas e de coisas que nos fazem pensar, a mim pelo menos fez-me pensar bastante.

Claro que as personagens deste livro têm uma história de vida que as torna diferentes, docemente irónicas, talvez até brincalhonas com a sua má sorte. Não acho que seja um livro mal escrito pelos diálogos simplistas mas sim um livro muito bem conseguido que nos leva de corpo e alma para uma faixa etária que já deixámos há alguns anos. Pelo menos no meu caso.

Como já disse estes adolescentes têm algo nas suas vidas que os torna diferentes, que se calhar os fez crescer mais depressa, e estarem preparados para situações limite. Pois, é que Hazel é uma menina de 16 que tem sido doente terminal a maior parte da sua vida. O facto de estar constantemente à espera da morte faz de cada dia uma vitória da vida, cada hora é algo especial que deve ser aproveitado ao segundo.

Tudo isto faz mais sentido depois de conhecer Augustus. Um rapaz de 17 anos muito especial, que, apesar de se encontrar livre de cancro, acompanha um amigo a uma reunião do grupo de apoio de Hazel. Conhecem-se e a ligação entre os dois acontece logo. Completam-se e começam a passar todo o tempo que podem juntos. Hazel gosta muito de ler, e é a partir do seu livro favorito que este casal vai procurar respostas para algumas das questões mais difíceis da vida.

Adorei a forma como se envolvem na história do livro “Uma Aflição Imperiosa” e como procuram respostas para o final abrupto. Desde especular finais, contactar o autor e, principalmente nunca desistir de procurar respostas. Pode parecer uma fixação um pouco pateta mas a verdade é que é uma forma de não desistir, esta busca é uma metáfora de quem balança anos a fio entre a vida e a morte, quem não desiste. Não por ser mais ou menos forte, mas sim porque não há nada a fazer, não somos realmente donos da nossa vontade ou do nosso corpo quando a doença toma conta de tudo de forma avassaladora. Não há uma luta pela vida, é mais um “aguentar” das investidas e estar sempre à espera do combate final.

Um livro de adolescentes, não só para adolescentes, que descreve miúdos que só queriam ter uma vida normal, sem quimioterapia ou radioterapia, sem cateteres ou agulhas, sem cirurgias, sem amputações. A forma como a família sofre e se envolve, de como os pais deixam de ter vida e horários, de como se desiste dos empregos para acompanhar, ajudar, amar, para principalmente estar sempre presente, em todos os dias, pois não se sabe qual poderá ser o último.

Hazel e Augustus viajam para Amesterdão para encontrarem o autor de “Uma Aflição Imperiosa” e descobrirem os motivos que o fizeram terminar o livro sem explicações, para saberem o que acontece afinal às personagens. Uma viagem de alto risco para quem vive no limite e que exige todas as forças para ser realizada. Porque quando se acredita se consegue, e quando se procuram respostas elas aparecem. Esta viagem trará várias respostas, mas a verdade é que não são para as perguntas que eles tinham.

Uma travessia de dor. Uma procura e busca constantes. Uma luta contra o tempo.

Aprender a aproveitar todos os momentos e viver com dedicação constante aos que amamos. Um ensinamento tão vital para quem tem saúde ou para quem sabe que está na iminência de partir. Pois que quem não tem essa consciência tende a desperdiçar momentos preciosos da vida.

“O sofrimento não nos muda, Hazel. Revela-nos.” (pág. 231).

Leiam!

Sinopse

Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente rescrita.
PERSPICAZ, ARROJADO, IRREVERENTE E CRU, A Culpa é das Estrelas é a obra mais ambiciosa e comovente que o premiado autor John Green nos apresentou até hoje, explorando de maneira brilhante a aventura divertida, empolgante e trágica que é estar-se vivo e apaixonado.

Agosto, 2012

Maio 30, 2012

À Procura de Alaska - John Green - Opinião

 

Surpresa. É a palavra que melhor posso aplicar a este livro.

Apesar de me ter sido muito recomendado, confesso que iniciei esta leitura com algum ceticismo que me fosse verdadeiramente agradar. Desde que soube do seu lançamento que me suscitou curiosidade, mas ao mesmo tempo a sensação de se tratar de um livro para um público-alvo adolescente deixou-me de certa forma desinteressada. Mesmo assim, a curiosidade foi mais forte e dei início a esta leitura ontem. Hoje está concluída.

De facto, “À Procura de Alaska” começa como um livro para adolescentes. Não só pelo tema, o início do ano letivo num liceu em regime de internato, mas também pela forma superficial e simples como está escrito. Nesta primeira fase senti-me um pouco desiludida, confesso, mas fui-me apercebendo, com o virar das páginas, que o livro tinha mais para dar. Senti um desenvolvimento, como uma maturidade ou uma espécie de crescimento da própria escrita, à medida que também o tema e os sentimentos das personagens se aprofundavam.

Pode dizer-se que é um livro sobre o primeiro amor, sobre a amizade verdadeira, sobre a lealdade, e tudo isso é verdade. Mas, quanto a mim, é um livro sobre uma busca, sobre a procura do caminho, a descoberta de respostas para as questões mais difíceis como a morte e a dor. É uma dissertação de sentimentos, um aprofundar de pensamentos, ao mesmo tempo que oferece uma meditação sobre a vida e, consequentemente, a morte.

Um livro que se adensa, que cresce em qualidade e que tem em Miles a voz do autor. Miles é uma espécie de patinho feio sem amigos quando chega ao colégio de Culver Creek, rapidamente estabelece uma amizade especial com o seu colega de quarto Chip (a quem chamam Coronel) e apaixona-se por Alaska, uma rapariga forte mas que desde início se sente que está marcada pela dor. Tornam-se companheiros das aventuras habituais da adolescência. Todos têm particularidades que eu achei curiosas: Miles memoriza as últimas frases que várias personagens (normalmente históricas) disseram antes de morrer, Coronel decora capitais de países e quaisquer outros pormenores geográficos para os quais esteja inclinado em determinada altura, Alaska adora livros e está a construir uma biblioteca pessoal. Estes pormenores fazem parte destas personagens e proporcionam diálogos e discussões bastante interessantes. Pode ser difícil entender como é que daqui chegamos a dissertações filosóficas sobre o sentido da vida, mas é aí que reside a beleza deste livro. Como é que de premissas tão simples John Green mergulha numa busca profunda por respostas sobre o sentido de existirmos, as razões da morte ou porquê de ter fé. Expõe a dúvida para depois a dissecar sem necessariamente nada concluir, pois nem sempre o caminho que se percorre tem um fim. E por muitas que sejam as hipóteses possíveis, por vezes é preciso saber viver sem certezas. No entanto, é possível aprender a acreditar.

Quando Alaska desaparece é como se o grupo se desintegrasse. Porque não entende e precisa de compreender. As feridas vão sarando e o compreender deixa de ser tão importante, apesar de a busca de respostas continuar. Por fim (se é que há um fim) ficam as memórias, boas de preferência. Mas esse último passo só é possível depois de, todos juntos, encontrarem forma de ultrapassar a perda.

Um livro cheio de significados escondidos à espera de serem descobertos pelo leitor. A mim marcou-me bastante. Surpreendente é o que tenho a dizer. Verdadeiramente surpreendente!

“O Coronel riu-se. Eu fiquei especado a olhar, por um lado aturdido pela força da voz emanada pela pequenita (mas, oh meu Deus, com belas curvas) rapariga e por outro lado pelas gigantescas pilhas de livros que lhe forravam as paredes. A sua biblioteca enchia-lhe as estantes e depois transbordava para montes de livros por toda a parte que nos davam pela cintura, empilhados ao acaso contra as paredes. Bastava que um se mexesse para que o efeito dominó nos engolisse aos três numa asfixiante massa de literatura.” (pág. 22)

“Foi a primeira vez que a vi, e agora íamos a caminho da última. Mais do que tudo, eu sentia a injustiça da coisa, a incontestável injustiça de amar alguém que também me podia ter amado, mas que não pôde devido à morte, e depois inclinei-me para a frente, com a testa encostada à parte de trás do encosto de cabeça de Tukami, e chorei, soluçando, sentindo mais dor do que tristeza. Doía e não era um eufemismo. Doía como se me tivessem dado uma surra.” (pág. 170)

Sinopse

“À Procura de Alaska conta a história de Miles Halter, um miúdo fascinado com “famosas últimas palavras” e cansado de viver no aconchego caseiro. Quando Miles vai parar a um colégio interno procurar aquilo a que o poeta François Rabelais chamava de o “Grande Talvez”, vai encontrar um outro universo do qual faz parte uma jovem chamada Alaska Young. Lindíssima, esperta, divertida, sensual, transtornada… e completamente fascinante, Alaska atrai Miles para o seu labirinto e catapulta-o para esse “Grande Talvez” tão desejado. Miles Halter não podia estar mais apaixonado por ela. Mas quando a tragédia lhe bate à porta, ele descobre o valor e a dor de viver e amar de modo incondicional. Nunca mais nada será como era.”

Asa, 2012