Fevereiro 15, 2014
Não sentiu nada.
O tiro entrou como um fragmento ínfimo no espaço-tempo, sem ruído, suavemente, como tudo o que rodeava Robert Brannagh nesse instante. Num milionésimo de segundo, abriu um pequeno círculo de precisão cirúrgica no vidro frontal da viatura e atravessou a cabeça de Brannagh, saindo pelo vidro lateral traseiro do lado esquerdo, indo alojar-se cravado algures no solo, um tudo nada mais adiante. O sangue espirrou nas mais variadas direcções e o carro, desgovernado, foi embater devagar, – ironia das ironias –, de encontro a uma macieira.
Uma maçã desprendeu-se de um ramo e veio cair sobre o tejadilho do carro, deslizando, até cair, precipitando-se na poça de sangue que corria da porta entreaberta por onde o corpo de Robert Brannagh tombara.
Cumpria assim a maçã, a lei terceira que uns séculos atrás, Isaac Newton enunciara: TUDO O QUE SOBE, TEM DE CAIR!