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planetamarcia

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Agosto 15, 2016

Uma História de Amor e Trevas - Amos Oz - Opinião

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Quando a lista de livros por ler é grande, acontecem os inevitáveis adiamentos. Uma História de Amor e Trevas era, possivelmente, das minhas leituras mais adiadas. Veio cá para casa há tempo suficiente para o meu olhar se cruzar com a sua lombada dezenas de vezes. Nos meus olhos sempre a promessa de lhe pegar em breve. Demorou algum tempo. Anos, pronto, que outras leituras se atravessaram na frente das suas mais de seiscentas páginas.

Este é mais um livro para o qual criei expectativas elevadíssimas. Penso que quanto mais adiava a sua leitura, mais elevava a fasquia, colocando-o nos píncaros. Acho que todo o leitor tem a visão do livro perfeito, aquele verdadeiramente inesquecível e completo. Para mim este livro assumiu esse papel. Não há qualquer motivo específico para isso acontecer, talvez um palpite levado ao extremo, uma premonição, uma fantasia. Seja como for, devia tê-lo lido há mais tempo, teria evitado estas especulações e poderia, quem sabe, tê-lo apreciado mais.

Seja como for, e para que fique bem claro, o livro é excepcional e Amos Oz escreve que é obra. Lê-se com enorme prazer e o interesse aumenta (obviamente) por se tratar de uma autobiografia. Talvez eu estivesse à espera de saber mais sobre Oz adulto, a sua entrega à escrita e evolução enquanto escritor. Mas é na voz de Amos menino que nos chega a história da sua família e, consequentemente, a história da criação do Estado de Israel.

Aprendi muito. Na verdade, era assustadoramente ignorante e, se por um lado, as descrições são, talvez, demasiado exaustivas, por outro permitiram-me captar todos os detalhes.

Ainda não vi o filme adaptado deste livro, mas sei que se foca na mãe de Amos. Na realidade, no livro o autor também o faz. A relação com a mãe é fundamental e a sua morte marcou as escolhas de Amos de uma forma irremediável. Se numa primeira fase a revolta o fez voltar as costas à literatura, o tempo cimentou os ensinamentos e as memórias da família, que se entregava à cultura e ao saber com uma intensidade ímpar.

Gostei muito, mas queria ter gostado mais. Tem, a meu ver, páginas a mais. Curiosamente soube-me a pouco.

Sinopse

“Farsa e dor, história e humanidade integram este retrato mágico de um escritor que testemunhou o nascimento de uma nação.

Amor e trevas são duas poderosas forças que se cruzam e acompanham a história de Amos Oz, que nos guia numa fascinante viagem ao longo dos 120 anos de história da sua família e dos seus paradoxos.
Um relato impregnado de ruído e fúria, nostalgia, perda e solidão. Em busca das raízes remotas da sua tragédia familiar, Amos Oz desvenda segredos e "esqueletos" de quatro gerações de sonhadores, intelectuais, homens de negócios fracassados, reformistas, sedutores antiquados e rebeldes ovelhas negras. Uma ampla galeria de grotescos, patéticos, ingénuos, trágicos e extravagantes personagens, homens e mulheres, todos eles participantes do cocktail genético e das circunstâncias quase surrealistas do nascimento do homem que um inevitável momento de revelação transforma em romancista.

Um relato escrito na primeira pessoa por um homem que testemunhou o nascimento do seu país e que viveu na íntegra a sua turbulenta história. Celebridades históricas materializam-se em personagens autênticos, de David Ben-Gurion, um dos fundadores do Estado de Israel, ao lendário líder das organizações clandestinas e primeiro-ministro Menahem Begin, passando pelo gigante da poesia hebraica moderna, Saul Tchernichovsky , ou o laureado com o Nobel de Literatura, S. Y. Agnon.”

Asa, 2007

Tradução de Lúcia Liba Mucznik