Junho 28, 2015
Se eu fosse chão - Nuno Camarneiro - Opinião
Os livros fazem-me pensar sobre o que li, sobre os locais onde me levaram, o que senti quando lá cheguei. Penso sobre o que se escreveu e imagino o modo como foi escrito. E, por vezes, leio livros em que o que não se escreve, o que não se diz também conta. Porque me oferece uma viagem diferente, em que participo, à boleia de tantos inícios e possibilidades.
“Se eu fosse chão” é o meu livro preferido do Nuno. Chegada ao fim quis voltar ao início e experimentar todas as novas possibilidades de cada capítulo. Um livro pequeno, mas que na verdade nunca acaba.
“Se Deus pudesse ser chão, pensa o terceiro homem. Um chão de palavras fortes e seguras, onde os pés não se afundem e ganhem forças. Mas talvez o nosso Deus seja caminho, e não lugar.” (Pág. 28);
“Não devíamos ter voltado. Os lugares que não mudam deixam-nos com a certeza de que estamos diferentes.” (Pág.61);
“A literatura é a mais horrenda das artes, porque é feita da mesma matéria com que falamos e nos enganamos a nós e aos outros. “Quero-a”, “quero-te”, “podes confiar em mim”. Lemos o que queremos ou precisamos de ler, lemos como amamos e caímos.” (Pág. 94);
Sinopse
“Num grande hotel, as paredes têm ouvidos e os espelhos já viram muitos rostos ao longo dos anos: homens e mulheres de passagem, buscando ou fugindo de alguma coisa, que procuram um sentido para os dias. Num quarto pode começar uma história de amor ou terminar um casamento, pode inventar-se uma utopia ou lembrar-se a perna perdida numa guerra, pode investigar-se um caso de adultério ou cometer-se um crime de sangue.
Em três épocas diferentes, entre guerras que passaram e outras que hão-de vir, as personagens de Se Eu Fosse Chão - diplomatas, políticos, viúvos, recém-casados, crianças, actores, prostitutas, assassinos e até alguns fantasmas - contam histórias a quem as queira escutar.”
D. Quixote, 2015