Janeiro 10, 2015
O Cavalheiro Inglês - Carla M. Soares - Opinião
A minha primeira leitura de 2015 foi muito bem escolhida. Confesso que leio cada vez menos romances deste género, por receio de uma certa banalidade, demasiados lugares-comuns e enredos previsíveis. Contudo, por vezes, é muito bom entrar no universo de uma história de amor arrebatadora. Sabe bem. Para mim, foi até algo terapêutico.
As quatrocentas páginas de “O Cavalheiro Inglês” voaram sob os meus dedos. A intensidade da história e a construção do romance obrigaram a uma leitura quase compulsiva. Dos três romances publicados da autora este foi, sem dúvida, o que mais me agradou, com o qual criei mais empatia e que, por isso, li de um fôlego.
Com doses bem medidas de mistério e paixão, o leitor entra na vida de Sofia, uma menina de boas famílias na Lisboa de final do século XIX. Num retrato de época bem conseguido, Sofia destaca-se pela sua inteligência e interesse pelos assuntos vedados às mulheres, ou seja, tudo o que vai para lá dos bailes da sociedade e da preparação do seu casamento. Penso que a empatia com Sofia foi um dos principais objectivos de Carla M. Soares, e essa empatia é, de facto, imediata. A partir daqui, com o leitor interessado, curioso, e ávido de percorrer a história de uma menina sedenta de coisas diferentes mas que, por imposição familiar, se vê presa num casamento de interesses, o livro não pode mais ser deixado de lado. E claro, o surgimento do misterioso Inglês, um verdadeiro herói que salva, contra tudo e todos, a jovem em perigo.
Simples e previsível, como tem de ser uma história de amor que se deseja a cada página que acabe bem.
No que refere à escrita, considero este o romance mais maduro de Carla M. Soares. Nota-se uma evolução em relação aos anteriores que resulta num estilo mais cuidado e elegante, e que, acredito agradará a um leque mais vasto de leitores.
Um livro que me trouxe paz e felicidade. Perfeito para sossegar o espírito de leituras mais exigentes e duras. Leve sem ser banal. Intenso e apaixonado sem ser lamechas. Gostei muito.
Sinopse
“PORTUGAL. 1892. Na sequência do Ultimato inglês e da crise económica na Europa e em Portugal, os governos sucedem-se, os grupos republicanos e anarquistas crescem em número e importância e em Portugal já se vislumbra a decadência da nobreza e o fim da monarquia.
Os ingleses que permanecem em Portugal não são amados.
O visconde Silva Andrade está falido, em resultado de maus investimentos em África e no Brasil, e necessita com urgência de casar a sua filha, para garantir o investimento na sua fábrica.
Uma história empolgante que nos transporta para Portugal na transição do século XIX para o século XX numa descrição recheada de momentos históricos e encadeada com as emoções e a vida de uma família orgulhosamente portuguesa.”
Marcador, 2014