Abril 18, 2016
Enciclopédia da Estória Universal, Arquivos de Dresner - Afonso Cruz - Opinião
“Sentava-me frequentemente em frente a uma máquina de escrever e escrevia coisas que deitava fora. Raramente ia além da segunda página. Cheguei mesmo a pensar escrever um livro só com inícios. Inícios de romances. Sempre gostei dos primeiros parágrafos dos livros e até achei que poderia ser uma boa ideia: um livro feito de inúmeros livros que não acabavam, um livro feito de começos. No fundo, um livro como a nossa vida.” Pág. 16.
Partilho um pequeno excerto deste livro. Um dos muitos que poderia partilhar. Mas corria o risco de transcrever o livro. Da mesma forma deixei de sublinhar, ou arriscava-me a começar na primeira palavra e terminar no último ponto final.
Esta Enciclopédia já habita as estantes há algum tempo, se calhar demasiado tempo sem o ter lido, mas é bom saber que ali está (este e outros) quando preciso de uma aposta ganha, quando preciso de um livro que seja só fenomenal. E assim é com os livros do Afonso Cruz, não desiludem e acrescentam-nos, alargam-nos os olhares, principalmente para dentro.
Não quero dizer mais nada, porque não é preciso e porque estará sempre aquém do retorno de um livro como este. Eu adoro as enciclopédias do Afonso Cruz!
Sinopse
“Com reflexões e histórias ignoradas noutras enciclopédias, o volume Arquivos de Dresner aborda, entre outras coisas, o caso de Ezequiel Vala, um maratonista que perdeu uma prova, nas Olimpíadas de 1928, por causa de uma flor (amaryllis/hippeastrum); fala do explorador Gomez Bota, que provou que a Terra não é redonda e descobriu, numa das suas viagens, a entrada para o Inferno tal como Dante a havia descrito; e relata os hábitos dos índios Abokowo, que dão saltos quando dizem palavras como «amor» e «amizade».
Esta é mais uma viagem lúdica pela História, remisturando conceitos, teorias e opiniões e lançando nova luz sobre uma panóplia de assuntos, desde a filosofia à religião, desde o misticismo à ciência.
«Um artista é alguém que, em vez de pintar uma paisagem tal como ela é, faz com que as pessoas vejam a paisagem tal como ele a vê.» (Tsilia Kacev)”
Alfaguara, 2013