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planetamarcia

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Janeiro 29, 2017

É assim Que A Perdes - Junot Díaz - Opinião

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Eu passo, como leitora, muito tempo à espera daquele livro. O tal. O que faz esquecer tudo e preenche os meus pensamentos enquanto houver páginas para ler. Penso que é um desejo comum a todos os leitores, encontrar em todos os livros que lemos essa sensação de entrega e interesse avassaladores. Sabemos que são raros os livros que nos proporcionam tais sensações, e quantos mais livros lemos mais difícil é que um livro nos encha as medidas.

Muitas vezes penso, quando alguém me fala de um livro com grande entusiasmo, que será essa a tal leitura. Persigo, ambiciosa, nas frases do livro sugerido, as mesmas sensações. Quantas desilusões! As altas expectativas, os gostos distintos, tantas coisas que podem fazer um livro perfeito para uns e um leve encolher de ombros para outros.

É assim Que a Perdes é uma dessas extraordinárias surpresas. Uma narrativa que vai de encontro a tudo o que mais me agrada, que me envolveu totalmente pelas horas que as páginas duraram. E que bom que foi. Que frases extraordinárias, que modo de escrever sem medo, parecendo quase fácil deitar para o lado de cá tantos sentimentos. Eu gosto da crueza da escrita de Junot Díaz, das palavras duras, do calão que soa a natural na dor de quem está cheio de frio e solidões.

São nove contos. Todos sobre Yunior ou com ele relacionados. Quase todos sobre o amor, mesmo parecendo ele tão distante dessas coisas, quase imune aos sentimentos, mas fraco à frieza das relações ocasionais. Tem de se ser duro quando se deixa um país quente para o constante inverno, quando se é sempre um estranho, quando não se fala a língua, quando se é só. As mulheres, a mãe sempre triste, o pai ausente, o irmão doente. Crescer com a pressão da adaptação. Querer sempre dizer que não.

Para mim, extraordinário, mas tenho a certeza que não agradará a todos os leitores. Pouco consensual, possivelmente... o que me faz gostar ainda mais deste livro.

“É um começo, dizes em voz alta.

E é isto. Nos meses seguintes, atiras-te ao trabalho, porque isso te infunde uma espécie de esperança, uma espécie de graça – e porque no fundo do teu coração de mentiroso infiel sabes que às vezes um começo é tudo o que alguma vez teremos.” (Pág. 153).

Sinopse

“O novo livro de Junot Díaz, É assim Que A Perdes, é um conjunto de narrativas ligadas entre si sobre o amor — amor apaixonado, amor ilícito, amor em extinção, amor maternal — e contadas através da vida dos habitantes de New Jersey oriundos da República Dominicana e da sua luta para encontrar um ponto de encontro entre os seus dois mundos. O livro desvenda a inevitável fragilidade do coração humano. São histórias que nos recordam que a paixão pode triunfar sobre a experiência e que o amor, quando nos atinge, tem sempre algo de eterno.”

«[…]nunca relatos sobre as ruínas da paixão amorosa foram tão honestos, tão brutais, tão no osso, tão na pele.» José Mário Silva, Expresso

Relógio D’Água, 2013

 

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