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planetamarcia

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Julho 03, 2016

A casa-comboio - Raquel Ochoa - Opinião

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Li A Casa-comboio há uns dois meses. Fui adiando este texto, e as memórias desta história foram ficando no fundo das histórias com que vivo todos os dias. Não que tenha esquecido, não se esquecem os livros de que se gosta, e muito menos os que ensinam, preenchendo os espaços para tudo o que temos a aprender.

Não tenho presente os nomes de todas as personagens, nem todos os pormenores desta história, mas não vou esquecer a saga da família Carcomo e o seu percurso pelo mundo.

Este não será um texto brilhante, em grande medida pelas partidas da minha memória, mas é importante (para mim) dizer a quem não leu A Casa-comboio, que o deve fazer.

É, possivelmente, o livro mais conhecido de Raquel Ochoa (o meu exemplar é da sétima edição), que lhe valeu o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa Luís. Gosto da escrita fluída e simples, atenta nos detalhes mas não demasiado elaborada, que permite uma leitura veloz, mantendo o interesse na narrativa e dando o alento necessário para prosseguir, página após página, com redobrado entusiasmo.

Gosto de livros que, como este, me levam para lugares e épocas que não conheci e me deixam o bichinho de querer saber mais. Admito o meu conhecimento superficial sobre a tomada, pela Índia, dos territórios portugueses de Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar- Aveli, e muito agradeço à família Carcomo por me ter deixado entrar na sua casa-comboio e nas suas vidas, e me ter deixado sentir um pouco a dor da perda e do “regresso” a um país que nunca foi o seu. Mas agradeço também o cheiro das comidas e o exotismo das paisagens. E as histórias dentro das histórias só possíveis numa família grande e, por isso, carregadinha das memórias de um passado que tem de ser contado. Agradeço à Raquel por ter contado esta história.

Recomendo que leiam A Casa-comboio. Este livro tem tudo para gostarem dele.

“- A casa-comboio é o ecossistema da nossa família – cientificava Honorato, brincando às frases sérias. Uma casa rectangular, muito comprida, que progredia ao longo de um corredor, com uma pequena sala de visitas à entrada, dando logo acesso a uma cozinha do lado esquerdo, com grandes bancadas de mármore branco onde se podia esventrar javalis e cabras, e uma casa de jantar enorme do lado direito, onde os lugares vagos pediam o crescimento da família. Depois passava-se à ala dos quartos, novamente divididos pelo corredor, dois de cada lado. Por fim, uma divisão já com um varandim, com um espaço utilizado como lavadouro e dois bancos de mármore corridos, frente a frente.” (Pág. 74);

“- Devíamos ter uma vida para ler todos os livros que quiséssemos, outra para escrever tudo o que entendêssemos, uma vida para ouvir música, outra vida para fazer filhos e cuidar deles, outra para viajar.” (Pág. 330);

Sinopse

“Uma família indo-portuguesa. Um século de história. Quatro gerações que evocam 450 anos de aventura mítica, nos quais a Índia longínqua era portuguesa. Em pano de fundo, a partida, o acaso e a sorte de quem se vê constantemente obrigado a fazer as malas, o desenraizamento, a inquietação, o inesperado, a imprevisibilidade dos destinos que se cruzam. A imagem dada pelo título é elucidativa: uma casa em movimento. Uma beleza poética singular. Uma verdadeira revelação.”

Gradiva, 2015

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