Março 02, 2013
Rebecca - Daphne du Maurier - Opinião
Intenso e absorvente, Rebecca é um livro que não defraudou as minhas expetativas.
São muitos os leitores que, ao longo dos anos, têm vindo a manifestar opiniões muito positivas em relação a este livro. Nesta medida, já há bastante tempo pretendia envolver-me nesta leitura. Deparei-me com uma escrita rica, muito descritiva e bonita, que me fez visualizar todos os detalhes, imaginar pormenores e que, acima de tudo, me prendeu e proporcionou muito prazer.
Tenho de confessar que imaginei que Rebecca seria um livro muito assustador, de me fazer ficar acordada de noite impressionada de horror. A menção de “narrativa arrepiante e plena de suspense” na capa do livro não ajuda, e o facto de ter sido adaptado ao cinema por Hitchcock muito menos.
Contudo, foi com muita surpresa que descobri um livro de suspense, com personagens fortes e carismáticas, que não mete medo mas que pode manter o leitor acordado pela sua enorme qualidade.
Acompanhamos o percurso da narradora, de quem curiosamente nunca é revelado o nome, que casa com o viúvo Mr. De Winter. De Winter vai viver com a nova esposa na sua mansão, a conhecida Manderley, que tem inclusive alguns espaços abertos a visitas públicas.
A nova moradora é recebida com alguma expetativa pelos habitantes da terra, mas principalmente pelos criados da mansão que serviram a anterior Mrs. De Winter, a peculiar Rebecca. Acompanhamos o drama de quem inicia uma nova vida na sombra da primeira esposa, sujeita ao constante escrutínio e comparações de todos em seu redor. São proferidos comentários desagradáveis, tomadas atitudes provocatórias, principalmente por parte da governanta Mrs. Danvers, que (ainda) nutre uma verdadeira adoração pela falecida Rebecca.
Deprimida e triste, a nova esposa vive um dia-a-dia de medo e solidão, constrangimento e receio de não estar à altura do que é esperado, dadas as suas origens humildes.
Mrs. Danvers é sem dúvida a minha personagem preferida neste romance. Surge nas sombras de forma inesperada mas propositada para intimidar a nova senhora da casa, faz tudo para demonstrar que ela não está à altura de Rebecca, desde humilhações públicas a queixas a Mr. De Winter.
Mas o que mais gostei mesmo foi da reviravolta ao curso esperado da narrativa, que aumentou o meu interesse e curiosidade em conhecer o desfecho. Não vou obviamente revelar de que se trata, deixando no ar uma certa mística que só os romances brilhantes conseguem provocar.
Sinopse
“Escrito em 1938, Rebecca é uma obra de fôlego, diversas vezes adaptada ao cinema. Porém, só em 1941, numa versão de Alfred Hitchcock, o filme ganharia protagonismo, chegando mesmo a vencer dois Óscares estando nomeado para nove categorias. Rebecca é um clássico onde os sentimentos adquirem um lugar de destaque. Sentimentos no feminino, já que se trata da história de duas mulheres que se envolvem com o mesmo homem, apenas com uma particularidade: Rebecca está morta. E é o fantasma, embora nunca visível, do seu passado que assombra a nova mulher, agora casada com o nobre britânico e apaixonado de Rebecca. A intriga é assombrosa e ao mesmo tempo envolvente deixando sempre a sensação de que Rebecca é omnipresente. E é com esta imagem antiga que a nova mulher do viúvo Maxim de Winter terá de enfrentar todos os que amavam Rebecca e que a encaram como alguém que veio para lhe roubar o lugar. Rebecca é o romance que celebrizou Daphne du Maurier e que conheceu 28 reedições em quatro anos só na Grã-Bretanha.”
Editorial Presença, Março 2009