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planetamarcia

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Fevereiro 11, 2013

Filhas Rebeldes - Manju Kapur - Opinião

Parado na estante desde o ano passado, “Filhas Rebeldes” já há muito que chamava por mim. Por me interessar em conhecer outras culturas e, neste caso, principalmente por se debruçar sobre a condição da mulher na Índia.

Ida procura saber mais sobre Virmati, a sua falecida mãe. Procura junto da família conhecer o percurso de Virmati, uma mulher que fez escolhas diferentes, consideradas desonrosas para a família. Nesta busca e reconstrução de uma vida, Ida fica a conhecer uma mulher corajosa, que amou incondicionalmente o seu pai, rejeitou casar, estudou, e por tudo isto foi considerada a vergonha da família.

Ninguém quer falar de Virmati. É aqui que a autora nos conta tudo. Nos faz viajar à Índia dos anos 40, numa época em que o mundo estava em guerra e que, também na Índia o movimento pela independência se reflete no dia-a-dia da população.

Virmati é a mais velha de onze filhos. Tem obrigação de cuidar dos irmãos, aprender as tarefas domésticas para, um dia, agradar ao seu marido. A educação de uma mulher limita-se à preparação para o casamento arranjado pela família. O casamento de Virmati, como filha mais velha, condiciona o casamento das irmãs, que só poderão casar depois dela.

Mas Virmati não quer casar, quer aprender, quer estudar, procurar respostas, ler e conhecer. Apaixona-se e envolve-se com um professor, já casado mas profundamente frustrado com a ignorância da esposa, que nem sequer sabe ler.

O amor clandestino é descoberto, Virmati é ostracizada pela família, chega a ficar fechada num armazém, escondida pela própria família, que tenta a todo custo ocultar a vergonha e não prejudicar os casamentos das outras filhas.

Mas o amor é mais forte e, após 5 anos de relação com o professor, acabam por casar. Virmati é a segunda esposa e vai viver para a casa de Harish, junto com a primeira esposa, os filhos deles e a sogra. Chocante e deprimente. Reflexivo em relação á condição inferior da mulher a quem a família vira costas nos momentos de maior dificuldade por não poder superar a desonra. Famílias arranjadas, filhos que nascem sem amor, distância, educação pelo medo, tradições mais fortes do que os laços familiares. Antes a morte que a desonra. A vergonha nunca é ultrapassada. Virmati morre sem nunca ter o perdão da família.

Exagero e choque para o mundo ocidental mas ainda uma realidade atual em alguns países.

Uma leitura que apreciei mas que, devido à excessiva utilização de termos indianos, se tornou por vezes cansativa pela constante consulta do glossário no final do livro.

Sinopse

“Só muito raramente nos é dado apreciar nas páginas de um primeiro romance a mesma luminosidade e o mesmo fulgor da escrita que Manju Kapur nos oferece em "Filhas Rebeldes", a obra que assinala a sua estreia literária. O halo poético que envolve a narrativa contrasta de forma agreste com o cenário sangrento e trágico em que ele se desenrola - O Punjab da década de 40 do último século, em plena época do movimento pela Independência e da Partição. A Índia está plenamente empenhada na luta pela liberdade e pela autonomia em relação ao domínio britânico é uma, é uma nação em busca da sua própria identidade. Virmati é uma jovem do Punjab que, à semelhança do seu próprio país, trava a mesma luta - pela emancipação relativamente a uma família tradicional e austera que não consegue imaginar outro futuro para a sua filha mais velha que não seja um casamento vantajoso. Mas Virmati aspira a uma vida livre, e rebela-se contra o seu destino. Apaixona-se ilicitamente por um homem casado, decide viver esse amor e condena, assim, toda a sua família à vergonha pública. O que Kapur nos traça neste livro belíssimo é o retrato poderoso e enternecedor de um país e de uma mulher à procura do seu lugar no mundo, e das vicissitudes e sofrimentos que acompanham, inevitavelmente, o grito pela liberdade.”

Presença, 2005

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