Agosto 18, 2012
Nome de Código Leoparda - Ken Follett - Opinião
Impossível cansar-me de Ken Follet! Já li vários livros dele (quase todos os editados cá) e consegue sempre surpreender. Sim, existe uma fórmula pela qual ele se rege, mas não cansa. Pelo menos a mim (ainda) não me cansou. Consegue sempre arrebatar-me a cada livro que leio. Este foi mais um exemplo de um livro que me “agarrou” por horas a fio, algumas vezes pela noite dentro.
Numa altura em que falta cerca de 1 mês para a edição do 2º livro da Trilogia “O Século”, “O Inverno do Mundo” tem previsão de edição para 18 de Setembro, decidi pegar num dos livros que tenho na estante há algum tempo, sempre uma reserva positiva, uma aposta de leitura ganha.
“Nome de Código Leoparda” não é exceção e proporcionou-me horas de adrenalina, suspense e muita mas mesmo muita vontade de ler sem parar. Talvez dos livros de Follett o que mais me tenha agradado dentro do género espionagem/conspiração da época da II Guerra Mundial, época muitas vezes palco dos seus romances.
Capítulos curtos, com a ação a intervalar entre diversos cenários que acontecem ao mesmo tempo, dou por mim a percorrer as páginas avidamente sempre com vontade de saber o que se vai passar nas “cenas” que foram ficando para trás. Sempre atenta a pormenores, dada a minha vontade de deslindar os mistérios e tentar antecipar desfechos.
Mulheres são as heroínas de uma missão secreta quase no final da Guerra, a poucas horas do “Dia D”. Uma corrida contra o tempo e, acima de tudo a vontade das forças da Resistência em acabar com o domínio alemão na Europa, dão origem a um plano perigoso levado a cabo pelo que se pode chamar de “refugo” de operacionais. Flick, uma espia inglesa anda há anos a fazer-se passar por francesa, arriscando diariamente a própria vida e a dos agentes que a acompanham, organiza o ataque a uma central telefónica alemã, posicionada estrategicamente em França. É então recrutado um grupo de mulheres que, fazendo-se passar por empregadas de limpeza, irão entrar no castelo de Sainte-Cécile onde se situa a central telefónica.
Com a guerra a durar há 5 anos, as baixas reduziram muito o nº de operacionais dos serviços secretos disponíveis para estas missões. A operação terá de ser levada a cabo apenas por mulheres de modo a não levantar suspeitas. Flick não tem alternativa senão, num prazo de horas encontrar 6 mulheres especializadas em diversos campos: alguém que domine técnicas de explosivos, uma Engenheira Eletrotécnica, e todas a saberem lidar com armas e identidades falsas, cair de para-quedas, e, acima de tudo, lidar com a pressão e o terror da constante perseguição da Gestapo, com a muito provável hipótese de serem capturadas e torturadas até à morte.
O recrutamento é feito com candidatas que já tinham sido recusadas pelos serviços secretos. É partindo destas bases de dados de fracassos que Flick vai treinar, em dois dias, as companheiras da missão mais importante e perigosa da sua vida.
A acrescentar que “Nome de Código Leoparda” é baseado em factos verídicos. A personagem de Flick foi construída a partir da história de Pearl Witherington membro do EOE (Executivo de Operações Especiais). Infelizmente a sua prestação e influência para o fim da Guerra nunca foi devidamente reconhecida por ser mulher, e não serem atribuídas condecorações a mulheres. Foi agraciada com o título de membro civil da Ordem do Império Britânico, que recusou com toda a dignidade alegando que a sua prestação não foi civil. Corajosa e determinada. Vale a pena conhecer a sua história através de alguma pesquisa. Como ponto de partida sugiro: http://en.wikipedia.org/wiki/Pearl_Witherington
Sempre com um enquadramento histórico consistente e facilmente percetível, acompanhado por um leque de personagens cativantes que seduzem o leitor e o levam a entrar nas suas vidas, dramas e paixões, Follett cria mais uma vez um romance magnífico que proporciona uma leitura entusiástica até à última página.
Não posso deixar de o recomendar sem qualquer reserva.
Sinopse
“Cinquenta mulheres foram enviadas para França como agentes secretas pelo executivo de operações especiais durante a Segunda Guerra Mundial. Trinta e seis sobreviveram à guerra. As outras catorze deram as suas vidas.
Maio de 1944, duas semanas antes do Dia D: a Resistência francesa empreendeu um ataque falhado a um castelo que alberga uma central telefónica alemã, vital para os movimentos das suas tropas. Impõem-se medidas drásticas e Flick Clairet, uma jovem agente britânica, surge com um plano ousado: lançar-se de pára-quedas, em França, acompanhada por uma equipa exclusivamente feminina (Jackdaws) com o objectivo de disfarçarem-se de empregadas de limpeza francesas e... entrarem no castelo.
Delirante ou não, o plano parece ser a única alternativa. O certo é que Rommel nomeou o implacável coronel Dieter Franck para esmagar a resistência francesa. E ele já tem o seu primeiro alvo: Flick Clairet…”
Casa das Letras, 2011