Janeiro 01, 2012
Abraço - José Luís Peixoto - Opinião
Comecei uma vez a ler um livro do José Luís Peixoto.”Uma Casa na Escuridão”. Nunca o terminei. Reconheci de imediato o génio mas não consegui ler tanto horror. Fraca? Eu? Talvez. Li quase tudo, só pela escrita brilhante, não pela história que me trouxe tristeza. Nunca li nenhum outro livro do autor mas acompanho o seu trabalho e reconheço o brilhantismo. Até que chegou este “Abraço” e soube logo que tinha sido escrito para mim. Não é pretensão é certeza. Eu sabia que depois de o ler haveria um click qualquer, começou logo na primeira página.
Eu nem conheço O José Luís Peixoto, só estive com ele uma vez em 2003, numa sessão de apresentação do dito “livro de horrores”. Havia muitos lugares vazios, ele ainda não era muito conhecido, nada que se compare às filas e filas de pessoas que vejo actualmente nas Feiras do Livro.
O meu livro está autografado e tem dedicatória. Infelizmente não cheguei à luz que o autor citou. Se calhar ainda há-de chegar o dia de ler esse livro.
O José Luís Peixoto é escritor, mas escritor mesmo a sério. Acompanho a sua carreira, o seu blogue, as suas crónicas na revista Volta ao Mundo, mas só agora voltei a um livro dele e encontrei uma escrita intimista que me agrada, que fala de tudo e de nada, do quotidiano, dos filhos, do amor, da família, das viagens, um livro de experiências que, pela sua intimidade, me fez estar próxima de uma pessoa que nem conheço. Louvo a coragem do José Luís, de se dar assim a todos os leitores, de nos entregar as suas intimidades e pensamentos ocultos, os segredos da juventude, as experiências que todos partilhamos mas guardamos só para nós.
Li devagar, um pouco de cada vez para que nunca mais terminasse tanta beleza, tanta perfeição na conjugação das palavras e construção de frases. Estou em fase de encantamento. Um livro que me marcou por ser perfeito. Que me mostrou que é possível escrever sobre qualquer coisa desde que se tenha o dom. Estou feliz!
Sinopse
“A infância, o Alentejo, o amor, a escrita, a leitura, as viagens, as tatuagens, a vida. Através de uma imensa diversidade de temas e registos, José Luís Peixoto escreve sobre si próprio com invulgar desassombro. Esse intimismo, rente à pele, nunca se esquece do leitor, abraçando-o, levando-o por um caminho que passa pela ternura mais pungente, pelo sorriso franco e por aquela sabedoria que se alcança com o tempo e a reflexão. Este é um livro de milagre e de lucidez. Para muitos, a confirmação. Para outros, o acesso ao mundo de um dos autores portugueses mais marcantes das últimas décadas”
Quetzal, 2011