Maio 29, 2011
Um Mundo Sem Fim - Volume I - Ken Follett - Opinião
Depois do fabuloso “Os Pilares da Terra”, voltei a Kingsbridge graças a “Um Mundo sem Fim”. Ken Follett não desilude e este é, quanto a mim, mais um livro brilhante! Confesso que iniciei esta leitura com alguma hesitação, dado que li algumas opiniões de leitores que o consideram bastante inferior ao “Pilares da Terra”. Quanto a mim é uma sequência na mesma linha, uma narrativa empolgante, personagens interessantes, muita acção, plena de reviravoltas.
As mais de 500 páginas não assustam e percorrem-se de forma ávida, sempre com vontade de conhecer o desfecho. 200 anos depois as personagens são outras mas o palco é o mesmo, tratam-se dos descendentes de Tom, de Jack e de Aliena. No entanto achei que é perfeitamente possível ler e compreender “Um Mundo sem Fim” sem ter lido “Os Pilares da Terra”.
Follet continua a oferecer ao leitor um rol de personagens únicas e envolventes, neste ponto, em que ainda me falta ler o segundo volume, estou completamente rendida a Caris, uma mulher à frente no seu tempo, empreendedora e com vontade de ser diferente. Interessada pelos negócios e com vocação para a medicina, vê-se completamente ostracizada num mundo de homens; e porque tudo o que é diferente causa estranheza (seja em que época for), a acusação de bruxaria é sempre apropriada para satisfazer a necessidade de o clero se ver livre de alguém, nomeadamente alguém que, pelas suas ideias inovadoras, poderá colocar em causa a ignorância generalizada do povo.
Caris ama Merthin e é correspondida. Vivem uma história de amor sinuosa devido ao temperamento desta mulher brilhante que não quer viver apenas por viver, que tem necessidade de esmiuçar e compreender o mundo que a rodeia. Caris é um raio de luz numa época de trevas tão bem descrita pelo autor.
Outras personagens há, demasiadas para referir, desde fora-da-lei a cavaleiros, trabalhadores, feirantes, monges, freiras, bispos, pobres, ricos. Todos contribuem para tornar este livro de um realismo tal que me senti lá, no meio das discussões sobre as obras a desenvolver em igrejas e pontes, nos negócios da Feira do Velo, motor da economia de Kingsbridge, a estudar as alternativas quando algo corria mal (e corre tanta coisa mal).
Continuo a sentir que Follett fez uma acentuada pesquisa sobre técnicas de construção da época, já o sabia desde “Os Pilares da Terra”, um livro escrito devido à sua paixão por igrejas e catedrais. Follett descreve com uma precisão que eu não tenho conhecimentos para avaliar, mas que acredito ser verdadeira, a forma como eram feitos os estudos e cálculos de arquitectura; ficamos a conhecer alternativas numa época em que não era utilizado papel, tudo chega até nós pela mão de Merthin, descendente de Jack de quem herdou o talento para criar, construir e inovar.
Sei que Ken Follet pretende voltar a Kingsbridge, e prevê que tal aconteça em 2014, altura em que espera ter concluído a Trilogia “O Século”. Quanto a mim parece-me uma excelente ideia; para já vou dedicar-me ao II Volume de “Um Mundo sem Fim”, do qual não posso esperar nada menos do que aquilo a que ao autor já me habituou.
Sinopse
“À semelhança de Os Pilares da Terra Ken Follett volta ao registo do romance histórico, numa obra dividida em duas partes graças às quase mil páginas que a compõem. A Presença publica agora o primeiro volume de Um Mundo Sem Fim, que se prevê repetir o sucesso de Os Pilares da Terra. O autor sentiu-se bastante motivado a escrever este novo livro já que desde Os Pilares da Terra, publicado em 1989, os leitores de todo o mundo clamavam insistentemente por uma sequela. Finalmente Follett inspirado e com coragem e determinação, sem esquecer uma enorme dedicação, lançou-se na escrita de Um Mundo Sem Fim, a continuação de Os Pilares da Terra, onde recorre a elementos comuns do primeiro livro e dá vida a descendentes de algumas personagens. Recuperando a mesma cidade Kingsbridge, o cenário é ambientado dois séculos mais tarde onde nos transporta até 1327. Aí iremos ao encontro de quatro crianças que presenciam a morte de dois homens por um cavaleiro. Três delas fogem com medo, ao passo que uma se mantém no local e ajuda o cavaleiro ferido a recompor-se e a esconder uma carta que contém informação secreta que não pode ser revelada enquanto ele for vivo. Estas crianças quando chegam à idade adulta viverão sempre na sombra daquelas mortes inexplicáveis que presenciaram naquele dia fatídico. Uma obra de fôlego com a marca assinalável e absolutamente incontornável de Ken Follett.”
Presença, 2011