Um tema polémico que oferece discussão: todos os nossos órgãos têm memória? Ou essa é uma característica apenas do cérebro?

Vida tem 19 anos e é doente cardíaca desde o nascimento. Nesta altura é a primeira na lista de espera para um transplante de coração, sabendo que para sobreviver alguém tem de morrer.

Lorrie morre num acidente de viação. Richard, o marido, dá aprovação para doação de órgãos. Vida é transplantada e sobrevive. Neste ponto surge a polémica pois Vida e Richard conhecem-se, o que não é habitual nem ético nestes casos. Richard está frágil pela morte de Lorrie e vê Vida como uma parte da mulher, dado que o seu coração ainda bate, sobreviveu. Por seu lado Vida sente que já conhece e ama Richard, o que os leva num percurso estranho de descoberta, entrega, recuos e receios.

Escrito de forma intimista, em jeito de diário, vamos conhecendo os pensamentos de ambos. A forma que cada um tem de procurar apoio, quer seja na família ou nos médicos, sempre com o objectivo de perceber o que está a conhecer, se é comum, se é verdade, se é real. Se se trata da forma que as personagens têm de encarar e ultrapassar uma situação difícil, ou se é mesmo verdade que o coração de Lorrie levou para Vida uma parte da sua existência.

Vida adapta-se a uma nova realidade após o transplante, se por um lado se sente sem rumo, há um instinto que a guia e memórias que não são suas. Sozinha descobre um percurso que a conduz a Richard, mas será este modo de vida razoável para ambos?

Um livro compreensivelmente triste. Uma questão que oferece dúvidas e que faz pensar, num livro acessível de leitura rápida. Não conhecia a autora mas já tinha visto o filme “Favores em Cadeia”, baseado numa das suas obras, e gostei bastante.

Sinopse

“Uma rapariga. Vida tem 19 anos, está doente e pode morrer a qualquer momento. Uma nova esperança, um coração alheio, fá-la compreender que só pode viver se outra pessoa morrer. Um homem. Richard perdeu a sua esposa num acidente. A dor e o sofrimento levam-no a querer conhecer a rapariga que recebeu o coração da sua mulher. Um coração. No hospital, Vida conhece Richard e apaixona-se por ele. Pode um coração em segunda-mão unir duas pessoas?”

Publicações Europa-América, 2010