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planetamarcia

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Julho 25, 2017

Lançamento do livro "Os Desafios da Europa" - Casa da Cultura dos Olivais, no dia 28/7, às 21h00

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Os primeiros exemplares já começaram a chegar aos apoiantes da campanha de crowdfunding. Ter o livro nas mãos é uma sensação muito boa, não só pelo que representa para mim, mas por ser mais um exemplo do trabalho cuidado da Livros de Ontem. Elegante e de uma simplicidade que me agrada, tem vários detalhes que, a meu ver, fazem alguma diferença.

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Podem ver os livros (e até os podem levar para casa!) na sexta feira, dia 28, na Casa da Cultura dos Olivais. Venham passar o serão connosco!

Acompanhem o evento do facebook aqui.

Julho 24, 2017

O Homem Domesticado - Nuno Gomes Garcia - Opinião

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Foi com grande expectativa que comecei a ler O Homem Domesticado. Não só por ter gostado bastante do livro anterior do autor, O Dia em que o Sol se Apagou, mas porque a temática me interessa bastante.

Com linguagem mais simples, O Homem Domesticado, lê-se rapidamente. Confesso que a linguagem algo complexa do livro anterior me agradou muito. Mas percebo que um livro com uma temática distópica tenha de chegar ao leitor de forma diferente, mais realista e de acordo com a época em que se passa a acção.

Gosto de livros arriscados, e este tem uma componente de risco significativa. Vejamos, representa uma mudança de direcção em relação ao livro anterior, é arrojado, pois apesar de as histórias distópicas terem uma boa aceitação por parte dos leitores (pelo menos dos leitores que eu conheço), não há muitos autores portugueses que se aventurem por tais cenários.

Nuno Gomes Garcia sai de uma zona mais cómoda e arrisca (muito bem) numa história em que os homens são domesticados pelas mulheres. Eles fracos e frágeis, elas dominadoras, uma espécie de donas destes homens todos iguais, como que fabricados em série. Não há sexo, não há carinho, amor ou amizade. Há regras para tudo, que têm de ser criteriosamente respeitadas. Há, obviamente, o controlo característico de narrativas deste género.

Não sei até que ponto este livro pode sair prejudicado pela série The Handmaid’s Tale, baseado no livro de Margaret Atwood, dado que as semelhanças são óbvias, apesar de aqui os “servos” serem os homens. Se assim for, tenho pena, pois mais do que A História de uma Serva versão masculina, O Homem Domesticado tem uma amplitude diferente. A liberdade que é vedada aos homens, atinge aqui as mulheres de modo subtil, arrastando-as para uma escravatura diferente da dos homens, mas escravatura na mesma. Espero que os leitores lhe deem o benefício da dúvida antes de o rotularem como cópia invertida. Que não é.

A história tem um desenvolvimento interessante e inverso ao que se poderia supor, pois se nem sempre uma voz solitária consegue ser ouvida, poderá ser suficiente para faze ruir toda esta construção de sociedade? O pensamento e a liberdade, aqui de mãos dadas, poderão atacar as fragilidades desta estrutura? Como se reaprende a pensar? Ou perdeu-se tudo aquilo que entendemos como humanidade?

Um livro que pergunta mais do que responde, que levanta questões às quais não damos atenção suficiente. Não estaremos nós, nas nossas correrias, afazeres e compromissos, desviados cada vez mais do essencial? Se optarmos por continuar a adiar a reflexão e o pensamento, não estaremos a caminhar, de livre vontade, para a nossa própria distopia?

Leiam-no e pensem.

Sinopse

“Desde o tempo em que Marine alcançou o poder, dando início a uma nova era, a sociedade foi-se progressivamente desumanizando: os conceitos de amor e de amizade deixaram de fazer sentido, os prazeres são malvistos e o sexo está proibido pelo novo regime totalitário, até porque a reprodução passou a ser padronizada e desenvolvida artificialmente em laboratórios. 
As mulheres tornaram-se senhoras do mundo e submeteram os homens à condição de escravos - machos domesticados que, vivendo no medo e na ignorância, lavam, cozinham, obedecem, calam, saem à rua cobertos da cabeça aos pés.
A cidadã Francine Bonne é aconselhada pelas autoridades a escolher um segundo marido, depois de Pierre ter sido considerado um peso morto; mas desconhece que, ao trazer para casa um macho que foge ao cânone e cuja origem está envolta em mistério, a sua vida e a de Pierre sofrerão uma absoluta transformação. A ponto de o regime se sentir abalado com a possibilidade de um suposto retrocesso civilizacional…
Amores proibidos, subversão, crime, reeducação coerciva - tudo se combina magnificamente neste romance a um tempo sensual e cerebral: uma distopia à maneira de 1984, de George Orwell, que reflete de forma lúcida e desafiante sobre as problemáticas que caracterizam a sociedade atual.”

Casa das Letras, 2017

Julho 23, 2017

Eu Confesso - Jaume Cabré - Opinião

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Eu Confesso foi, sem dúvida, a minha melhor compra da Feira do Livro de Lisboa deste ano. Numa noite de passeio, sem expectativas de compras, passei pelo stand da Tinta-da-China durante a Hora H (sim, sempre a viver no limite).

Ora, o Eu Confesso com 50% de desconto? Quem é que o deixava lá? Eu não. Ainda não tinha lido Cabré, as referências eram (e são) fenomenais, e estava na minha lista há tempo suficiente para pegar nele sem hesitar. Mas ainda hesitei um pouco, fiz-me difícil com o livro, lamentei-me de estar a ficar sem espaço, dei mais uma voltinha, e voltei, fraca, para consumar o inevitável.

Despois desta introdução e depois da leitura, escrever sobre este livro é uma tarefa muito complicada. É tão complexo e sensacional que nem sei por onde começar. E mesmo que soubesse não saberia como o fazer. Cabré abusa de uma liberdade que eu não conhecia. Eu nem sequer sabia que era possível escrever assim, sem medo, sem regras (pelo menos as regras que eu sabia), desrespeitando espaço e tempo num jogo constante com o leitor em que este ganha. Ganha a leitura da sua vida se se souber (ou se deixar) entregar a Eu Confesso como se mais nada houvesse na vida.

Disseram-me que não é para todos os leitores. E não é. É preciso merecer ler esta história, fazer por merecer, deixar que se entranhe um pouco mais a cada página para ficar lá, no lugar dos livros da nossa vida.

Adriá lá ficará para sempre. Assim como esta história sobre conhecimento, sabedoria, amor, dor, guerra, morte. Espanha e o mundo. Presente e passado, muitos passados. E um violino.

Gostava de vos contar mais, de o descrever melhor (enfim, de o descrever simplesmente), mas não sei como. Por isso fica o desafio, não o deixem escapar.

Preparem-se e leiam-no. Merece todo o vosso empenho.

Sinopse

“Na Barcelona franquista, o pequeno Adrià cresce num amplo e sombrio apartamento; o pai está determinado a transformá-lo num humanista poliglota, a mãe, num violinista virtuoso. Brilhante, solitário e tímido, o rapaz procura satisfazer as ambições desmesuradas que depositam nele, até ao dia em a morte violenta e misteriosa do pai o leva a questionar a origem da fortuna familiar. Meio século depois, Adrià recorda a sua vida, indissociável do turbulento percurso de um violino excepcional. Da Inquisição ao nazismo, de Barcelona ao Vaticano, vai-se desvelando a cruel história europeia: uma cadeia de eventos iniciada na Idade Média, com repercussões trágicas até à actualidade.”

Tinta-da-China, 2016

Tradução de Maria João Teixeira Moreno

Julho 09, 2017

Leitura Conjunta - A Música da Fome, de J. M. G. Le Clézio

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Esta semana (entre segunda e terça-feira) eu, a Isaura e a Ana, vamos avançar para a nossa segunda leitura conjunta. Depois de "A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao", de Junot Díaz, a aventura segue com "A Música da Fome", de J. M. G. Le Clézio. Nunca li nada do autor, a sugestão foi da Ana, e eu estou super interessada em descobri-lo. Deixo-vos a sinopse e o convite para interagirem connosco. Já leram o livro? Conhecem o autor? Querem participar? Avancem e leiam também. Contem-nos tudo!

SINOPSE

Ethel Brun é filha de um casal de exilados, formado por Justine e Alexandre, um homem afável e irrequieto que muito jovem deixou a ilha Maurícia e que, na alegre Paris dos anos 20 e 30, se dedica a delapidar a herança em negócios pouco recomendáveis. Na infância, o único prazer de Ethel é passear pela cidade com o seu tio-avô, o excêntrico Samuel Soliman, que sonha ir viver para o pavilhão da Índia Francesa construído para a Exposição Colonial. E, na adolescência, Ethel conhecerá algo parecido com a amizade pela mão de Xenia, uma colega de escola, vítima da Revolução Russa e que vive quase na miséria. O bem-estar de Ethel começa a resvalar quando, nas refeições que o seu pai oferece a parentes e conhecidos, se repete cada vez mais o nome de Hitler. Serão os primeiros sinais do que ameaça a família Brun: a ruína, a guerra, mas, sobretudo, a fome. Ela marcará o despertar da jovem Ethel para a dor e o vazio, mas também para o amor, num romance em torno das origens perdidas, durante uma época que culminou com um apocalipse anunciado.

D. Quixote

Julho 08, 2017

Porto Editora - A Arte de Caçar Destinos, de Alberto S. Santos

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No próximo dia 13 de julho, a Porto Editora publica A Arte de Caçar Destinos, o novo livro de Alberto S. Santos. Antes de chegar às livrarias acontece a sessão oficial de lançamento, no dia 12 de julho, a partir das 21:30, no Jardim do Museu Municipal de Penafiel. Reconhecido pelos seus romances históricos de grande sucesso – de que são exemplo A Escrava de Córdova ou O Segredo de Compostela – o autor trilha novos caminhos em A Arte De Caçar Destinos. Dos lugares longínquos e costumes exóticos retratados em obras anteriores, as tradições e práticas mágico-religiosas de Portugal (mais concretamente, do norte do país) são o foco das misteriosas histórias deste livro. Nestes sete contos, em que o sobrenatural se insinua, vive o património da memória das festas ligadas aos ciclos agrários, dos rituais profanos conquistados pelas religiões instituídas, da essência da alma portuguesa e do imaginário coletivo. A Arte De Caçar Destinos é prefaciado pelo jornalista da TSF, Fernando Alves, que irá também conduzir a sessão de apresentação. Germano Silva, jornalista e historiador, assina o posfácio.

SINOPSE

Sete inquietantes histórias inspiradas no imaginário da tradição portuguesa. O sete significa a perfeição e a abertura ao desconhecido. Os olhos de Deus e as cabeças do Diabo. É este o místico número de histórias narradas em A Arte de Caçar Destinos, onde vidas normais são perturbadas pelo inexplicável e sobrenatural. Alberto S. Santos capta neste livro a essência da alma portuguesa que se preserva na tradição oral, nas festas dos ciclos agrários, nas práticas mágicoreligiosas, onde o sagrado e o profano se unem para a salvação das almas. Entre de mansinho neste sedutor jogo de sombras, maldições ancestrais, poções mágicas, vidas interrompidas e caçadores de fados, e descubra o seu próprio destino. Nem sempre a vida é o que parece. Nem sempre está completamente nas nossas mãos.

Julho 07, 2017

A Última Rodada - Rui Miguel Fragas - Comunidade de Leitores da BMFF

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O último encontro da Comunidade de Leitores da Biblioteca Municipal da Figueira da Foz foi especial. Não que não o sejam todos os encontros, não é isso, mas desta vez tivemos a presença do autor com direito a apresentação de livro e leitura de excertos. Foi um encontro com características mais formais que, pela exposição que implica e pela presença de público, inibiu à discussão e convívio habituais. Um evento diferente que, se por um lado refreou a discussão, por outro permitiu conhecer o trabalho de Rui Miguel Fragas nas palavras do próprio.

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Desconhecia o autor, mas quando soube que tinha sido escolhido um livro de contos para a leitura do mês fiquei bastante entusiasmada. Adoro contos, já o referi várias vezes, e poder ter “companhia” nesta leitura (que se revelou tão boa), deu-me vontade de “atacar” o livro assim que o fui buscar. Até porque a capa é lindíssima e o formato muito apelativo, apetece tê-lo constantemente nas mãos.

Li o livro devagar, descobrindo e saboreando as histórias de forte componente rural, com personagens enigmáticas, saídas de cenários fantásticos. Nem tudo o que parece é (fui bem enganada no último conto, como se era tão óbvio?), os bichos falam, há bruxas e um funil que… que merece ser descoberto. Gostei da escrita, vestida de poesia, das expressões que já não se usam e daquelas que eu nem conhecia. Gosto deste não ter medo das palavras, de as usar, todas, e encher de música aquelas que ficariam escondidas na maioria dos livros.

Imaginação e criatividade dão aos animais vidas de gente, com empregos, compromissos e pensamentos humanos. Há um vazio bom nas paisagens que me reconfortou como o silêncio da madrugada. É um livro que se abre como quem fecha uma porta para o mundo, colocando o sinal de “Não incomodar”. Gostei muito.

Poética Edições, Abril 2017