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planetamarcia

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Julho 28, 2013

O Leitor de Cadáveres - Antonio Garrido - Opinião

 

A capa e o título de um livro não são o mais importante. Contudo, tendo em consideração a “crise” de capas de livros que atravessamos, e a colecção de títulos enfadonhos que nos impingem todos os dias, tenho de mencionar que “O Leitor de Cadáveres” tem, para mim, uma capa excepcional e um título muito bem conseguido. Sabemos que não é o mais importante mas é inegável que é a primeira comunicação que um livro faz com o (futuro) leitor.

Mas o meu interesse neste livro ultrapassa o aspeto visual. E foi na verdade o conhecimento do seu conteúdo que verdadeiramente me atraiu e incentivou a esta leitura fabulosa de quase 500 páginas.

A medicina legal é dos meus temas favoritos, fonte inesgotável de interesse e curiosidade. Se calhar é por isso que aprecio tanto policiais, pois na grande maioria os casos são resolvidos com base no que os mortos “dizem”. Acho francamente fascinante. Um livro baseado numa personagem histórica real, considerado a primeiro médico legista da História, só podia ser alvo de todo o meu interesse.

“O Leitor de Cadáveres” é uma espécie de policial, tem mistério, intriga e crimes para solucionar. Mas considero que o melhor deste livro é o relato da vida de Cí Song, que viveu na China medieval e pautou toda a sua existência pela busca do conhecimento, uma vontade constante de aprender e, acima de tudo, o desejo de inovar na sua “arte”, criar métodos e técnicas que marcaram os primeiros passos numa ciência preponderante na actualidade.

Dificuldades, crises familiares, perseguições, fome e pobreza são algumas das dificuldades que Cí enfrenta na sua vida. Apesar de muitas vezes desmotivar e se sentir impotente perante as adversidades, a sua necessidade de aprender mais e de colocar em prática as suas ideias e técnicas, pautam o seu assombroso percurso.

Antonio Garrido oferece-nos uma leitura simples, sem artifícios nem complicações, que permite uma viagem fluída e única. Impossível não tecer algumas comparações com o brilhante “O Físico” de Noah Gordon, contudo “O Leitor de Cadáveres” tem o seu espaço e atua em palco próprio.

Recomendo sem qualquer reserva.

Uma leitura Roda dos Livros – Livros em Movimento.

Sinopse

“Na antiga China, só os juízes mais sagazes atingiam o cobiçado título de «leitores de cadáveres», uma elite de legistas encarregados de punir todos os crimes, por mais irresolúveis que parecessem. Cí Song foi o primeiro.
Inspirado numa personagem real, O Leitor de Cadáveres conta a história fascinante de um jovem de origem humilde que, com paixão e determinação, passa de coveiro nos Campos da Morte de Lin’an a discípulo da prestigiada Academia Ming. Aí, invejado pelos seus métodos pioneiros e perseguido pela justiça, desperta a curiosidade do próprio imperador, que o convoca para investigar os crimes atrozes que ameaçam aniquilar a corte imperial.
Um thriller histórico absorvente, minuciosamente documentado, onde a ambição e o ódio andam de mãos dadas com o amor e a morte, na exótica e faustosa China medieval.”

Porto Editora, 2013

Julho 27, 2013

O Livro do Ano - Afonso Cruz - Opinião

 

Um livro que só visto, pois ler não é suficiente.

A verdade é que como objecto é uma delícia para os olhos, elegante e cheira bem (sim, eu cheiro os livros).

Um livro a sério, de capa dura, cheio de gravuras e parco em letras.

Um livro diferente mas que estimula os nossos sentidos igualmente.

Que faz pensar. Que faz sonhar. Que faz ser criança sem deixar de ser crescido.

Um livro sobre ler, sobre viver e acontecer.

Um livro para sorrir.

“Para aquecer o corpo o melhor é uma lareira. Mas, para aquecer a parte de dentro do corpo, o melhor é ler.” (Pág. 107)

Sinopse

“Estas são páginas do diário de uma menina que carrega um jardim na cabeça, atira palavras aos pombos e sabe quanto tempo demora uma sombra a ficar madura. Páginas feitas de memórias, para leitores de todas as idades.”

Alfaguara, 2013

Julho 22, 2013

A Trégua - Mario Benedetti - Opinião

 

Martín espera pela reforma. Aguarda os dias de lazer sem planos, com o tempo todo para si. Imagina como será deixar de ir para o escritório, deixar de ter as diárias relações profissionais com os colegas. Medita sobre o futuro. Anseia por esses tempos de liberdade mas ao mesmo tempo receia não saber o que fazer com todo o tempo que terá disponível.

“A Trégua” é uma profunda reflexão sobre o tempo. O que já vivemos, o que temos para viver, e o tempo que, inevitavelmente, sentimos que nos escapa.

Martín, à beira dos 50 anos, sente que já viveu mais do que tem pela frente. Este livro é o seu diário de angústias, a sua colecção de medos sobre o futuro e os seus pensamentos acerca do que viveu.

Escrito em tom confessional, fez-me sentir mais do que uma leitora, uma espécie de confidente ou quase testemunha do seu percurso de vida. Um livro que li num dia como um segredo que tinha de saber, ou um desabafo que não se podia mais conter.

Uma escrita bonita e bem conseguida, com uma espécie de sonoridade e ritmo musicais, pautaram a minha viagem pela vida de Martín. Desde o seu primeiro casamento, à relação (por vezes atribulada) com os filhos, a viuvez, a solidão que lhe permite pensar e atingir algumas brilhantes conclusões sobre a vida diária.

O trabalho, por ser o local onde (ainda) permanece mais tempo, pauta grande parte dos seus pensamentos. Martín absorve o ambiente em redor, transmite as suas conclusões e as suas observações de forma especial, com espírito crítico mas, ao mesmo tempo, com uma suavidade que só a beleza da escrita da Mario Benedetti pode permitir.

Então apaixona-se. De forma inesperada encontra o amor, no local de trabalho. Curiosamente ela é muito mais nova, como se fosse mais um lembrete do tempo. Surgem os receios. Medo da velhice, de ser um estorvo, de a desgostar, de a perder. De ter pouco tempo. Com ela.

Comete algumas loucuras. Renasce. Faz coisas que já não pensava fazer. É correspondido. É feliz. Encontra alguma paz que precisava. Que lhe faz bem.

Rejuvenesce e sente que ganha anos, que a felicidade o acorda e faz desejar a imortalidade. Mas sabe que não é possível. Não quer lembrar-se mas sabe. É o tempo que o lembra. Mais uma vez o tempo cruel que cumpre o seu desígnio: passa e esgota-se.

“Se alguma vez me suicidar, será num Domingo. É o dia mais desalentador, o mais anódino. Eu quereria ficar na cama até tarde, pelo menos até às nove ou às dez, mas às seis e meia acordo sozinho e já não consigo fechar os olhos. Às vezes penso naquilo que farei quando toda a minha vida for Domingo.” (pág.21)

“Nos escritórios não há amigos; há tipos que se vêem todos os dias, que embirram juntos ou separados, que dizem piadas e se riem delas, que trocam queixas e transmitem os seus rancores entre eles, que murmuram sobre a administração em geral e adulam cada director em particular. A isto chama-se convivência, mas só por miragem é que a convivência pode chegar a parecer amizade.” (Pág.94)

“Hoje, em vários momentos do dia, pensei “cinquenta anos”, e a alma caiu-me aos pés. Estive em frente ao espelho e não pude evitar um pouco de piedade, um pouco de comiseração para com aquele tipo enrugado, de olhos cansados, que nunca chegou nem nunca chegará a nada. O mais trágico não é ser medíocre mas inconsciente dessa mediocridade; o mais trágico é ser medíocre e saber que se é assim e não se conformar com esse destino que, por outro lado (e isso é o pior), é de estrita justiça. Então, quando estava a ver-me ao espelho, apareceu sobre o meu ombro a cabeça de Avellaneda. Ao tipo enrugado, que nunca chegou nem chegará a nada, acenderam-se os olhos e durante duas horas e meia esqueceu-se de que tinha feito cinquenta anos.” (Pág. 147)

Uma leitura Roda dos Livros – Livros em Movimento.

Sinopse

“«A trégua» é considerado o romance emblemático da literatura sul-americana e uma das histórias de amor mais comoventes da literatura moderna. 
Em Buenos Aires, dois amantes vivem um amor que transgride todas as convenções sociais. 
Martín Santomé é viúvo há mais de vinte anos e praticamente criou os filhos sozinho. Confidencia ao seu diário que se sente cansado de um quotidiano sedentário no escritório e que de dia para dia agravam-se os conflitos geracionais com os seus filhos. O seu único alento é a reforma, para a qual faltam seis meses e vinte e oito dias. 
Tudo muda quando surge uma nova colega, Laura Avellaneda, num escritório contíguo ao seu - "o seu corpo, a sua boca grande, as suas pernas lindas" - e só assim se atenua a obsessão de Martín centrada nos vinte e oito dias. Martín descobre pela primeira vez o amor com a jovem e vigorosa Laura. 
Superando todos os convencionalismos e transgredindo as circunstâncias impostas pela diferença de idades, os dois amantes revitalizam sentimentos e enfrentam os riscos dessa relação amorosa: Martín e Laura vivem profundamente o seu momento no qual se inscreve o sentido da eternidade. 
Romance emblemático dos anos 60, que continua vivo e a ser um testemunho psicológico e social comovente.”

Cavalo de Ferro, 2007

Julho 20, 2013

Como o Capitalismo Acabou com a Classe Média, de Santiago Camacho

 

Afogadas em impostos, austeridade, cortes salariais vítima do desemprego, as pessoas que outrora viviam confortavelmente hoje são os chamados novos pobres. Porque é que o dinheiro da Troika é injetado nos bancos, grandes causadores desta crise, e a classe média não vê um cêntimo deste dinheiro?

O jornalista Santiago Camacho, autor da obra A troika e os 40 ladrões, põe o dedo na ferida e analisa de forma crua e objetiva o modo como o capitalismo e os interesses políticos atuais, colocam em causa a estabilidade económica e social mundial, principalmente nos países do Sul da Europa.

Uma profunda reflexão para tentarmos perceber e pensar esta crise económica e  quem beneficia com o fim da classe média. Observar de forma crítica a Alemanha, olhar para as economias emergentes, como o Brasil ou a poderosa China, que tenta roubar o protagonismo aos Estados Unidos, no plano económico mundial.

«É absolutamente utópico encontrar uma solução para os males que afetam a economia quando se ignoram sistematicamente as suas causas, que não são o défice público, nem a dívida, nem evidentemente que os cidadãos vivam acima das suas possibilidades, mas a natureza essencialmente corrupta de uma parte substancial do sistema financeiro e a sua relação com os poderes políticos que o deveriam regular.»

O capitalismo está a matar a classe média. O desemprego não para de crescer, as desigualdades entre ricos e pobres acentuam-se, quem ainda tem trabalho perdeu o poder de compra, afogado em impostos e em cortes salariais, a bem da austeridade, há uma redução no acesso a serviços públicos outrora garantidos e surgem os chamados, novos-pobres, pessoas que até há algum tempo viviam confortavelmente, e que hoje não têm o que comer. O medo instalou-se na nossa sociedade. A vida como a conhecíamos é agora uma miragem longínqua. Mas afinal para que servem os sacrifícios dos portugueses? O jornalista Santiago Camacho põe o dedo na ferida. Apesar de serem o pilar fundamental da sociedade e o motor da economia, estas pessoas não foram beneficiadas por resgastes financeiros, nem por injeções de capital, linhas de crédito e outras regalias como os bancos, um dos principais causadores da atual situação. Portugal negociou com a Troika um empréstimo financeiro de 78 mil milhões de euros, dos quais 12 mil milhões são destinados exclusivamente à recapitalização da banca... Então, porque é que há dinheiro para entidades financeiras, manchadas por negócios duvidosos enquanto a classe média paga a fatura sem ver um cêntimo? Porque é que esta classe luta para sobreviver, enquanto as classes altas conseguem escapar às rigorosas medidas de austeridade, nomeadamente através da transferência de avultadas quantias de dinheiro para paraísos fiscais, que continuam por fiscalizar, mas que representam o esconderijo de um quarto da riqueza privada mundial? Numa linguagem direta e arrojada, o jornalista Santiago Camacho, autor da obra A troika e os 40 ladrões, analisa o modo como o capitalismo, através de jogadas económicas e financeiras arriscadas e dos interesses políticos dominantes, coloca em causa a estabilidade económica e social mundial, principalmente nos países do Sul da Europa. É preciso pensar esta crise económica, quem beneficia com o fim da classe média. Observar de forma crítica o papel que a Alemanha tem vindo a desempenhar, olhar para as economias emergentes, como o Brasil ou a poderosa China, que tenta roubar o protagonismo aos Estados Unidos, no plano económico mundial. E delinear cenários difíceis, mas possíveis, para um futuro que os políticos nos teimam em esconder…

Santiago Camacho, escritor e jornalista, colabora em vários meios de comunicação social espanhóis como a Cadena SER, Rádio Nacional e as revistas Más Allá, Año Cero, Generación XXI e Ajoblanco. Os seus artigos e reportagens obedecem sempre a um denominador comum: a denúncia e a polémica. Uma grande parte do seu trabalho centra-se em temas heterodoxos, como as sociedades secretas, os serviços de inteligência e as teorias da conspiração. É autor da obra A troika e os 40 ladrões, editada por A Esfera dos Livros, em 2012.

Julho 14, 2013

Um Desastre Maravilhoso - Jamie McGuire - Opinião

 

Há muito tempo que não lia um livro deste género, ou tinha sequer, vontade de o fazer. Contudo, um dia de calor pediu uma leitura mais descontraída e menos exigente, e confesso que este foi o livro ideal para um dia em que qualquer movimento provocava cansaço e ainda mais calor.

Divertido e por vezes desconcertante, “Um Desastre Maravilhoso” é a história da paixão avassaladora entre Abby e Travis, o típico bad boy e a menina bem comportada. Encontros e desencontros de um casal explosivo que não me deixou indiferente, e me faz percorrer todas as páginas do livro no mesmo dia.

Descontraído e de escrita fácil, facilmente impus o meu ritmo a “Um Desastre Maravilhoso”, mas quando pensava que era eu a controlar a leitura, fiquei surpreendida por não conseguir largar o livro sem o terminar. Um page turner bem conseguido, com alguma intensidade e previsível q.b., que me agarrou pela piada que tem e pela forma como arrasa com os estereótipos; pois que nem todos os bad boys são uns parvos sem sentimentos, nem as meninas bem comportadas se portam sempre bem.

“Um Desastre Maravilhoso” foi para mim “Uma Surpresa Deliciosa” que cumpriu perfeitamente o se objectivo.

Sinopse

BOA RAPARIGA
Abby Abernathy não bebe, não pragueja e trabalha muito. Abby acredita que está enterrada no nefasto passado, mas, quando entra no colégio, os seus sonhos de ter um novo começo sofrem um desafio numa noite.
MAU RAPAZ
Travis Maddox, sensual, bem-constituído e coberto de tatuagens é exactamente o que Abby precisa - e quer - evitar. Ele passa as noites a ganhar dinheiro num clube de combate e os dias no conhecido colégio Lothario.
DESASTRE IMINENTE?
Intrigado pela resistência de Abby ao seu charme, Travis entra na sua vida por uma aposta. Se perder, deverá viver em celibato durante um mês. Se Abby perder, terá de viver no apartamento de Travis por um período semelhante.
OU O PRINCÍPIO DE ALGO MARAVILHOSO?
De qualquer maneira Travis não faz a mínima ideia de que encontrou uma parceira de jogo à altura. Ou será o princípio de uma relação obsessiva e intensa que irá conduzi-los a um território inimaginável…

Planeta, 2013

Julho 14, 2013

Lançamento Se não podes juntar-te a eles, vence-os de Filipe Homem Fonseca

 

Dia 18 de Julho (quinta-feira), às 21h00, nas instalações da Divina Comédia (Rua da Conceição da Glória, 75, Lisboa), será apresentado Se não podes juntar-te a eles, vence-os de Filipe Homem Fonseca.

A apresentação será feita por Rui Cardoso Martins.

Será feita uma leitura de excertos do livro por Maria Rueff e Miguel Martins.

Haverá, ainda, um concerto de Ana Isabel Dias.

Em simultâneo, estará patente uma exposição de originais de Jorge Coelho.

Julho 09, 2013

Porto Editora - Ficção Portuguesa - Uma manif, um debate e um país à venda

 

Pedro Sena-Lino – poeta, ficcionista e investigador a viver em Berlim – vem a Portugal para apresentar despaís, romance que escreveu sobre o estado da nação.

Esta sexta-feira, dia 12, às 13:00, numa praça de Lisboa, o autor lidera um flash-mob, que simula uma manifestação, recorrendo a textos do livro.

Às 18:30, no Grémio Literário (Rua Ivens, 37), recebe para um debate sobre o possível fim de Portugal em 2023 (cenário traçado no livro) Carvalho da Silva, José Vítor Malheiros, Ludovic Heyraud, Madalena Resende e Ronaldo Bonnachi.

Julho 07, 2013

A Última Fugitiva - Tracy Chevalier - Opinião

 

O melhor das leituras inesperadas é quando somos surpreendidos pela positiva. Não conhecia este livro e a oportunidade de o ler foi súbita e não me deu tempo para criar expectativas; além disso foi lançado recentemente e não procurei qualquer opinião de leitura. Raramente acontece mas parti para este livro completamente “em branco”.

Um trabalho de total descoberta desde a primeira página, já me tinha esquecido da aventura de ler algo de que não me tivessem falado ou que eu própria não tivesse pesquisado. A experiência foi muito positiva pois a leitura agradou-me bastante, a escrita da autora tem ritmo próprio, quer ser lida com calma, apreendida, como que digerida. Além disso tive de fazer alguma pesquisa histórico/religiosa para me enquadrar no universo de Honor, uma espécie de viajante destemida de uma extrema humanidade e coragem, que ela própria não sabe possuir.

Honor viaja para a América acompanhando a irmã que vai casar. Quakers de Inglaterra atravessam o oceano para chegar a um terra estranha que se debate com as mais diversas posições sobre a escravatura. Num novo país, que em breve entrará em guerra civil, Honor depara-se com algumas dificuldades de adaptação a uma cultura muito diferente. Mesmo no seio da comunidade Quaker, Honor sente-se longe da família e da educação que teve. Na América tudo é diferente, o clima, a comida, as doenças, as pessoas. As dificuldades físicas que enfrenta na viagem de navio, e a súbita morte da irmã, levam Honor numa espiral de tristeza e isolamento agravadas pela falta de perspectiva com que há-de fazer da sua vida.

Doce e meiga, Honor é uma jovem que procura fazer o bem, os ideais da sua religião proíbem a mentira e promovem a bondade. Por isso, quando se vê no papel de puder ajudar escravos em fuga não hesita, mesmo tendo consciência dos perigos que corre perante a lei e junto da família que entretanto a acolhe.

Uma história de coragem e amizade, que relata os mais nobres valores da humanidade, que promove a igualdade. Um relato emocionante do percurso de uma mulher com um conceito de justiça e uma preocupação social admiráveis.

Um romance de época bem escrito, que aguçou a minha curiosidade em saber mais sobre os Quakers e a sua admirável arte dos quilts. Entre outras coisas claro.

Recomendo.

Sinopse

“A Última Fugitiva é um romance vibrante sobre os tempos que antecederam a guerra civil norte-americana e a abolição da escravatura. Passa-se no Ohio rural, na década de 1850. Honor Bright é uma jovem quaker de Dorset que parte para a América em busca de uma nova vida. Cedo toma contacto com o Underground Railroad, um movimento de pessoas que ajudam os escravos negros a fugir para norte em busca da liberdade, uma causa a que os quakers eram muito sensíveis. Tracy Chevalier entretece com entusiasmo e beleza a história dos quakers pioneiros e a dos escravos fugitivos, revelando o espírito e a coragem de homens e mulheres comuns que tentaram fazer a diferença, desafiando até as suas próprias convicções mais profundas.”

Para mais informações sobre “A Última Fugitiva” clique aqui.

Editorial Presença, 2013

Julho 06, 2013

Madrugada Suja - Miguel Sousa Tavares - Opinião

 

A expectativa era muita mas não demasiado elevada. Diversas opiniões que apontam “Madrugada Suja” como um livro abaixo do alcançado com “Equador” ou “Rio das Flores” fizeram com que, inevitavelmente, o considerasse à partida aquém destes exemplos. Talvez por isso me tenha agradado tanto. Não é possível tecer comparações dada a natureza diferente dos livros, “Madrugada Suja” não tem a dimensão nem o alcance de um romance de época do Portugal colonial, mas é, um justíssimo digno de mérito, um exemplo excepcional da escrita de Miguel Sousa Tavares.

De escrita direta e simples, sem artifícios desnecessários, “Madrugada Suja” lê-se de um fôlego. Com entusiasmo e sem paragens, a leitura é muito satisfatória ao longo de todo o livro. Mais uma história de Portugal, de portugueses, do ponto a que chegámos e do caminho percorrido. Do que conseguimos atingir e do que o precipitou. Do actual estado de um país e do percurso de alguns homens que contribuíram para este lastimável presente que vivemos.

Acutilante e duro como o próprio autor, brilhante como alguns dos seus comentários, este é um livro que constantemente nos recorda quem o escreveu. Uma espécie de trama policial que acaba por envolver pessoas da esfera política, com ramificações aos mais diversos interesses pessoais. Como usar o poder em benefício próprio? Como fazer a política do “venha a nós”, passar por cima dos interesses do povo a quem o governo deve servir, sempre em prol de interesses particulares? Interesse sempre comum: dinheiro; interesse sempre pessoal e nunca social.

A história do nosso país nos tempos mais recentes, um conjunto de trafulhices dignas de um filme de terceira categoria que, infelizmente, têm sido o “pão-nosso-de-cada-dia” dos gatunos que nos têm governado.

Um retrato bastante fiel do final século XX em Portugal, uma época de grande desenvolvimento encapuzado, cujos resultados estão à vista.

Penso que semelhanças com a realidade não são pura coincidência.

Obrigatório ler.

“Nesses oito anos como autarca, Luís Morais vira muito e aprendera muito. Fora a época dourada dos grandes dinheiros europeus, em que bastava apresentar um projecto e Bruxelas financiava. Faltava uma piscina municipal no concelho? Bruxelas financiava. Um centro de dia para a terceira idade? Bruxelas financiava. Um centro de saúde, com médico e enfermeira disponíveis 24 horas por dia e para atender não mais do que uma dúzia de doentes ou supostos doentes ao longo de um mês de prontidão? Bruxelas financiava. Aquecimento em todas as salas de aula de todas as escolas, pavilhão gimnodesportivo, criação de novas disciplinas escolares como a “área de projecto”, onde os alunos gastam um ano a fazer trabalhos sobre “as novas culinárias étnicas”? Bruxelas financiava. Uma auto-estrada ao pé de casa para “aproximar o interior do litoral”? Bruxelas financiava. E Bruxelas financiava também submarinos alemães de última geração, destinados a combater as fragatas soviéticas no Atlântico Norte e tornados inúteis pela queda do Muro de Berlim, gatafunhos supostamente paleolíticos descobertos numas rochas de uma aldeia do Douro, aviões F-16 para inexistentes combates aéreos, plantações de frutos tropicais, cursos de formação profissional de cinema, bordados de linho e criação de mirtilos em estufa, abate de barcos de pesca ou inquéritos de opinião sobre as vantagens da democracia. Bruxelas financiava tudo. Os governos projectavam, construíam, mostravam, ganhavam eleições. A banca intermediava, comissionava, cobrava, prosperava. O PIB crescia, os imigrantes afluíam e não havia credores à vista: só os parvos desconfiavam de tanto “desenvolvimento”. Foi a época dourada do poder local: sem grande esforço, Luís Morais fez-se eleger e reeleger presidente da câmara de Riogrande, prometendo e fazendo, voltando a prometer e voltando a fazer.” (Pág. 201)

“Todos estavam endividados, mas felizes: o Estado, as autarquias, os cidadãos. Todos viviam em casa própria, mas que, de facto, pertencia ao banco que lhes emprestara dinheiro a 30 anos e também emprestara para as férias do Brasil, Cuba, República Dominicana, mais o carro e os brinquedos electrónicos dos filhos.” (Pág.203)

Sinopse

No princípio, há uma madrugada suja: uma noite de álcool de estudantes que acaba num pesadelo que vai perseguir os seus protagonistas durante anos. Depois, há uma aldeia do interior alentejano que se vai despovoando aos poucos, até restar apenas um avô e um neto. Filipe, o neto, parte para o mundo sem esquecer a sua aldeia e tudo o que lá aprendeu. As circunstâncias do seu trabalho levam-no a tropeçar num caso de corrupção política, que vai da base até ao topo. Ele enreda-se na trama, ao mesmo tempo que esta se confunde com o seu passado esquecido. Intercaladamente, e através de várias vozes narrativas, seguimos o destino dessa aldeia e em simultâneo o dos protagonistas daquela madrugada suja e daquela intriga política. Até que o final do dia e o raio verde venham pôr em ordem o caos aparente.

Clube do Autor

Maio 2013

Julho 06, 2013

Dan Brown - Lançamento e passatempo «Florença, cidade de Inferno e Dante Alighieri»

 

A 9 de julho, pelas 18h30, no El Corte Inglés, será apresentado o Inferno, de Dan Brown, disponível nas livrarias de todo país no dia seguinte. Catarina Wallenstein e Pedro Penim farão leituras do livro e de A Divina Comédia, de Dante, que inspirou Dan Brown neste regresso de Robert Langton; Eduardo Boavida, Diretor Editorial da Bertrand Editora, fará a apresentação. Durante o evento de lançamento estará disponível a edição especial de Inferno (capa dura, com PVP da edição normal).

O que torna este evento imperdível é também o passatempo «Florença, cidade de Inferno e de Dante Alighieri», promovido pela Agência Abreu e Bertrand Editora. Na compra de um exemplar da edição especial, no lançamento (e apenas no lançamento), os leitores terão acesso a um cupão que deve ser preenchido e entregue no local. O autor da melhor frase, com resposta correta às duas perguntas colocadas, poderá viajar até Florença, durante um fim de semana, uma oferta da Agência Abreu e da Bertrand Editora.

Sobre o livro:

«Procura e encontrarás.» É com o eco destas palavras na cabeça que Robert Langdon, o reputado simbologista de Harvard, acorda numa cama de hospital sem se conseguir lembrar de onde está ou de como ali chegou. Também não sabe explicar a origem de certo objeto macabro encontrado escondido entre os seus pertences. Uma ameaça contra a sua vida irá lançar Langdon e uma jovem médica, Sienna Brooks, numa corrida alucinante pela cidade de Florença. A única coisa que os pode salvar das garras dos desconhecidos que os perseguem é o conhecimento que Langdon tem das passagens ocultas e dos segredos antigos que se escondem por detrás das fachadas históricas. Tendo como guia apenas alguns versos do «Inferno», a obra-prima de Dante, épica e negra, veem-se obrigados a decifrar uma sequência de códigos encerrados em alguns dos artefactos mais célebres da Renascença –esculturas, quadros, edifícios –, de modo a poderem encontrar a solução de um enigma que pode, ou não, ajudá-los a salvar o mundo de uma ameaça terrível… Passado num cenário extraordinário, inspirado por um dos mais funestos clássicos da literatura, Inferno é o romance mais emocionante e provocador que Dan Brown já escreveu, uma corrida contra o tempo de cortar a respiração, que  vai prender o leitor desde a primeira página e não o largará até que feche o livro no final.

Género: ficção

Autores: Dan Brown

Formato: 15 x 23,5 cm

Data de lançamento: 10 de julho

PVP: 22,20€

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