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planetamarcia

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Março 31, 2013

A cor do hibisco - Chimamanda Ngozi Adichie - Opinião

 

A vida pelos olhos de Kambili. Observadora mas pouco conhecedora da realidade além da casa da família. Vive com os pais e o irmão. O mundo é o que o pai lhes diz que é. Regras rígidas baseadas num fundamentalismo religioso violento, que educa pelo medo e pela opressão.

Gosto de aprender com os livros, de conhecer outras culturas e realidades, de enquadrar a vida das personagens e comparar o que se passava, na mesma época, em outros locais do mundo.

A cor do hibisco é um livro poderoso, muito bem escrito, sobre a família, sobre a essência do que é ser uma família. Mas se é muito completo no que toca uma história bem contada, é francamente pobre no enquadramento cronológico e histórico. Confesso a minha ignorância sobre a História da Nigéria, desconheço as razões dos conflitos políticos na origem dos golpes de estado, assim como a sequência de datas e quais os acontecimentos mundiais contemporâneos da ação desta história.

Apesar de só depender de mim procurar informação e atualizar os meus conhecimentos, gosto quando um livro desempenha essa função. Senti que este livro foi escrito para os Nigerianos, para quem está familiarizado com hábitos religiosos e condicionantes políticas do país.

Mas este é o único ponto negativo que encontrei num livro que explora emoções e sentimentos que uma forma extremamente real. A família de Kambili é abastada. O pai é um importante membro da sociedade, admirado por muitos e sempre disposto a ajudar os mais necessitados. No entanto é um homem completamente entregue à religião. Aqui também verifiquei os meus parcos conhecimentos acerca deste país, da forma como me surpreendi por se tratar de uma família Cristã.

Nos bastidores de uma vida exemplar habita um homem que, apesar de ser reconhecido e apreciado pela comunidade, cria um ambiente de constante terror dentro da sua própria casa. Os padrões de exigência que estipula em relação aos filhos implicam castigos extremamente violentos se os seus planos não são cumpridos. Mãe e os dois filhos são escravos das vontades do pai mesmo vivendo rodeados de luxo e abastança. Inevitavelmente, quando Kambili se apercebe da realidade da vida dos primos que, apesar de enfrentarem duras provações financeiras, vivem num ambiente de alegria e verdadeiros laços de amizade, começa a colocar em causa a sua suposta vida ideal. 

Uma reflexão sobre o que realmente importa. Um tema já amplamente abordado mas que faz sempre pensar no que são (ou deveriam ser) as prioridades de todo e qualquer ser humano. Percorrer o caminho para ser livre e feliz.

A cor do hibisco é um relato sobre esse percurso de descoberta, sobre o alargar de horizontes, sobre colocar em causa o que até então se considerou suficiente, e querer acreditar que há toda uma realidade a descobrir para lá das limitações impostas.

Uma oportunidade de leitura que surgiu de forma inesperada para um livro que estava na minha lista há algum tempo. Gostei pela sua leitura empolgante e repleta de interesse. Recomendo e gostaria de “discutir” a autora e a sua obra com quem o leu ou vier a ler.

Sinopse

“Os limites do mundo da jovem Kambili são definidos pelos muros da luxuosa propriedade da família e pelas regras de um pai repressivo. O dia-a-dia é regulado por horários: rezar, dormir, estudar e rezar ainda mais. A sua vida é privilegiada mas o ambiente familiar é tudo menos harmonioso. O pai tem expectativas irreais para a mulher e os filhos, e pune-os severamente quando se mostram menos que perfeitos. Quando um golpe militar ameaça fazer desmoronar a Nigéria, o pai de Kambili envia-a, juntamente com o irmão, para casa da tia. É aí, nessa casa cheia de energia e riso, que ela descobre todo um novo mundo onde os livros não são proibidos, os aromas a caril e a noz-moscada impregnam o ar, e a alegria dos primos ecoa. Esta visita vai despertá-la para a vida e o amor e acabar de vez com o silêncio sufocante que a amordaçava. Mas a sua desobediência vai ter consequências inesperadas... Uma obra sobre a ânsia pela liberdade, o amor e o ódio, e a linha ténue que separa a infância da idade adulta, que marcou a estreia de uma escritora extraordinária.”

Asa, 2010

Março 31, 2013

Novidade Casa das Letras - Melo e Castro: o Provedor que Dizia Sim à Democracia, de Joana Reis

 

Este livro conta a história de vida de um homem que fez carreira no quadro político do Estado Novo, um apoi­ante de primeira linha de Marcello Caetano, arrojado, inquieto e destemido, empenhado numa evolução para a democracia, sem revolução, semelhante àquela que veio a cumprir-se em Espanha, com Adolfo Suárez.

Bem colocado para ser peça chave nesse processo de transição, pela proximidade que tinha com o Presi­dente do Conselho, Melo e Castro foi o mentor da «Ala Liberal» no Parlamento e o seu desaparecimento prematuro foi um dos factores determinantes para o bloqueio de qualquer abertura do regime.

Nas Livrarias a 8 de Abril

Março 31, 2013

Novidade Casa das Letras - Enquanto Lisboa Arde, o Rio de Janeiro Pega Fogo, de Hugo Gonçalves

 

Quando a crise se instala em Portugal, arrastando uma onda de pessimismo sem fim à vista, um assessor político com ambições literárias e a cabeça a prémio de­cide fugir para o Brasil. Além do medo e do travo amargo do insucesso, leva com ele apenas uma mochila, o desejo de começar tudo do zero e uma encomenda secreta.

O Rio de Janeiro continua lindo – e os primeiros dias na cidade, com passeios de bicicleta pelo calçadão, mergulhos na praia e romances curtos e escaldantes, prometem, de facto, uma vida de sonho. Mas esse idílio é uma ilusão, porque o misterioso embrulho depressa o lança numa odisseia tropical de contornos perigosos, em busca do terceiro vértice de um triângulo amoroso. Determinado, porém, a cumprir a missão, o aspirante a escritor viajará por casas isoladas na serra, ilhas desertas e favelas e cruzar-se-á com um curioso universo de expa­triados – terroristas bascos, sobreviventes do Holocausto e emigrantes portu­gueses, que procuram agora, como antigamente, uma nova vida no hemisfério sul.

Nas livrarias a 8 de Abril

Março 29, 2013

Civilização publica 'A Filha do Conspirador' de Phillippa Gregory

 

“Perdi o meu pai numa batalha, a minha irmã às mãos de uma espia de Isabel Woodville, o meu cunhado às mãos do seu carrasco e o meu sobrinho às mãos de um seu envenenador, e agora o meu filho foi vítima da sua maldição…” A Filha do Conspirador é o quarto título da série “A Guerra dos Primos” e explora as extraordinárias vidas de Ana e Isabel, as duas filhas de Ricardo Neville, Conde de Warwick, o mais importante magnata inglês do século XV e um “fazedor de reis”.

Março 28, 2013

Novidade Asa - "O tempo entre nós", de Tamara Ireland Stone

 

Anna e Bennett nunca deveriam ter-se conhecido. Porque haveria isso de acontecer?

Anna é uma jovem de 16 anos em 1995, ferozmente determinada a assegurar uma bolsa de estudo de desporto, para poder sair da sua cidade pacata e enfadonha e finalmente viajar pelo mundo. Bennett tem 17 anos em 2012, vive em São Francisco e tenta controlar a sua capacidade de viajar pelo tempo – um dom incrível mas também uma maldição imprevisível, que constantemente ameaça separá-lo das pessoas que ama.

Quando um pequeno erro de cálculo coloca em perigo a sua irmã Brooke, Bennett dá por si a três mil e duzentos quilómetros e dezassete anos de distância – no mundo de Anna. Enquanto procura por Brooke, Bennett é atraído de modo estranho e inevitável para Anna, mas, por mais desesperado que Bennett esteja para ficar com Anna, a sua incontrolável situação irá inevitavelmente mandá-lo de volta ao lugar a que pertence – e Anna ficará sozinha, presa no tempo que os separa.

Tamara Ireland Stone na primeira pessoa:

“Tenho um casamento feliz. Sou uma super-heroína ocasional aos olhos de duas impressionantes pessoas pequenas. Amiga dos animais. Leitora ávida. Doida por engenhocas. Estou alegremente encravada nos anos 90. Escrevo ficção sobre coisas como viagens, música, romance e pessoas normais com talentos extraordinários.

O meu romance de estreia, O Tempo Entre Nós, está publicado em dezasseis línguas e vai ser adaptado ao cinema.

Escrever sempre foi uma coisa natural para mim. Às vezes as minhas histórias são divertidas, outras vezes são tristes, e algumas vezes são meramente lamechas – mas sempre foram uma coisa apenas: só para mim. Até há pouco tempo.”

320 pp. 

€16,90 

Março 26, 2013

contracorpo - patrícia reis - opinião

 

Morte. Solidão. Silêncio.

Contracorpo é um livro marcante. Aparentemente sobre a morte mas no fundo sobre a recuperação, sobre quem sobrevive à morte.

Este livro tem uma escrita inesperadamente suave tendo em conta o tema, é algo difícil de explicar mas que me transmitiu calma e alguma serenidade. Li com prazer e apreciei (mais uma vez) a forma como a Patrícia Reis enche as palavras de emoções, cria frases que fazem meditar, com que muitas vezes me identifiquei e levei comigo depois de fechar o livro.

Não vivi a experiência de perder o pai ou o marido mas é-me muito próxima uma história de um pai que parte deixando mulher e dois filhos, um deles ainda criança e outro pré-adolescente. Tentamos entender e apoiar aqueles que amamos e eu pensei que talvez pudesse compreender e aceitar que acontecem coisas más a pessoas boas, que basta um instante para tudo mudar radicalmente. Continuo sem entender a morte. A dor da morte. A estupidez de interromper uma vida, deixando marcas profundas que os anos não aliviam.

Perder o pai na juventude/infância condiciona todo o futuro. Significa uma perda irrecuperável e incompreensível, que gera revolta e faz um filho perder o chão, desinteressar-se, desintegrar-se, nunca mais aceitar…a morte.

É aqui que Maria marca a diferença da história que eu conheço. A mãe salva ao filho e, ao mesmo tempo, procura a sua salvação. Quer encontrar de novo o eixo da sua vida, não sabe como mas parte até descobrir.

Partem os dois, mãe e filho, Maria e Pedro, numa viagem que é uma fuga e uma busca, um deixar cair e um correr atrás. Não sei onde encontra Maria vontade de viver ou se simplesmente inventa essa vontade para se convencer que a tem. Mas sabe que já perdeu o marido e não quer perder o filho, não quer que o silêncio lhe ganhe terreno e lhe leve Pedro para longe, mesmo estando ao seu lado.

Sabemos o que importa na vida. Sabemos defender valores supremos. Mas conseguiremos realmente discernir o que importa nas alturas mais duras? Saberemos escolher? Deixar para trás materialismos, dinheiro, emprego, correndo o risco de regressar e não ter nada mas apostar tudo em não perder um filho?

Maria arriscou.

“Maria hesita em continuar a falar. Cala-se. De repente sente medo. O filho despe a camisola, as calças, vai à casa de banho. Ouve-o, os tais gestos que adivinha, todos os detalhes, mesmo os mais pequenos, como se os estivesse a ver. Era tão pequeno. E agora? Quase um homem. Quando Pedro regressa ao quarto, deita-se a medo. A cama é curta. E estreita. Maria sorri e fecha o livro.

Dorme bem.

Boa noite mãe.

Na escuridão do quarto, Pedro continua de olhos abertos. Há uma luz que vem da janela, por vezes passa um carro e o barulho vem de longe, aproxima-se afasta-se. De repente pergunta

Tens medo de quê mãe?

Ah, do escuro, de aranhas, que vos aconteça alguma coisa. Não sei. E tu, Pedro?

Às vezes acho que não tenho medo de nada, tento não pensar nisso. Outras vezes tenho medo dos dias a seguir. Do futuro.

Sabes, uma das coisas que aprendi é que não vale a pena pensar no futuro. A vida troca-nos as voltas.

Pois. Boa noite mãe.

Boa noite.” (pág. 106)

Recomendo sem qualquer reserva.

Sinopse

“Uma mulher fica viúva com dois filhos. Alguns anos depois da morte do marido, a vida não se refez e o filho mais velho, agora adolescente, cresce contra a mãe, num silêncio obstinado que só quebra nas histórias que se conta para adormecer e nos desenhos que faz de forma compulsiva. Com o anúncio do chumbo escolar, a mãe decide, sem grandes reflexões, fazer uma viagem com este filho, deixando o pequeno com os avós. Não se trata de uma viagem com destino, mas antes uma procura. Contracorpo é um livro contra o silêncio e sobre o silêncio. É uma história de procura de identidades distintas - da mulher e do quase- homem -  e ainda de descobertas. Uma mãe nunca é o que se espera. Um filho é sempre uma surpresa. O encontro dá-se enquanto procuram caminhos, de Lisboa a Roma, num jogo de claro escuro. Como se tudo fosse uma imagem.”

D. Quixote, 2013

Março 24, 2013

Civilização publica bestseller Império de Niall Ferguson

 

Império, o grande bestseller de Niall Ferguson, conta a notável história da ascensão ao poder do Império Britânico – e da sua queda. Em tempos, vastas áreas do mapa-múndi estavam pintadas de vermelho-imperial, e a Britânia exercia o seu poder não só nos mares, mas também nas pradarias americanas, nas planícies asiáticas, nas selvas africanas e nos desertos árabes. Mas como é que uma pequena e chuvosa ilha do Atlântico Norte conseguiu tudo isto? E porque é que o império onde o Sol nunca se punha chegou por fim ao seu declínio e queda?

Março 24, 2013

Novidade Planeta - Tempo para Falar, de Helen Lewis

 

Tempo para Falar é um testemunho avassalador de uma extraordinária e corajosa mulher judia, bailarina de formação, que sobrevive a dois dos mais mortíferos campos de concentração: Terezin e Auschwitz, e que consegue surpreender-nos pela positiva pelo seu discurso de esperança e de força de viver.

O livro é tal forma intenso que várias personalidades do mundo literário, como os escritores Ian McEwan e Michael Longley, se juntaram para dar um pequeno testemunho.

Publicado pela primeira vez, na versão original, em 1992, depressa se tornou num best-seller e a crítica internacional não lhe poupou elogios.

Quando a Checoslováquia foi invadida pela Alemanha nazi em 1939, Helena Katz encontrava-se em Praga, a estudar ballet, embora como judia não lhe fosse permitido actuar em público devido às leis anti-semitas.

Helen e o primeiro marido Paul Hermann foram expulsos de Praga e enviados em 1942 para Terezin, e depois para Auschwitz, onde foram separados, e nunca mais se viram.

Em Auschwitz Helen foi escolhida para a denominada «seleção» do Dr. Josef Mengele, o famoso Anjo da Morte, tendo sobrevivido a experiências horrendas.

Quando os prisioneiros de Auschwitz foram libertados em 1945, Helen encontrava-se gravemente doente com febre tifóide.

Foi salva quando um soldado russo a ajudou na marcha de Stutthof que matou milhares de pessoas.

Harry Lewis, um antigo amigo de Praga, que fugira para Belfast antes da guerra, viu o nome de Helen numa lista de sobreviventes publicada pela Cruz Vermelha. E como diz a sobrevivente, foi outro feliz acidente que a levou até Harry. Acabaram por se casar em 1947.

Quando os filhos atingiram a idade adulta, Helen ficou preocupada com reação deles, quando lhe perguntaram que número era aquele tatuado no seu braço.

Decidiu então contar as experiências de perseguição nazista de que foi alvo. Foi uma defensora acérrima e inflexível de que os sobreviventes não deviam tentar proteger os filhos do passado dos pais.

Helen sobreviveu para ensinar os jovens de Belfast a dançar e para da ao mundo o seu testemunho arrasador.

Morreu na véspera de Ano Novo de 2009, aos 93 anos de idade.

Março 24, 2013

Sextante Editora - Ficção - "Agosto" e 50 anos de vida literária de Rubem Fonseca

 

Rubem Fonseca comemora, em 2013, os seus 50 anos de vida literária, pretexto ideal para a Sextante Editora publicar, no dia 1 de abril, Agosto, um dos seus romances mais emblemáticos.

Dentro de toda a obra romanesca de Rubem Fonseca, Agosto revela uma clara originalidade devido ao seu fundo histórico: a crise política que vai levar ao suicídio do governador brasileiro Getúlio Vargas, a 1 de agosto de 1954. É também de notar que o tempo do romance coincide com a vida profissional do autor enquanto inspetor da polícia criminal, o que levantará a curiosidade sobre a influência e dados autobiográficos que poderão estar presentes na trama.

Março 24, 2013

Porto Editora - Ficção Estrangeira - 'Homer & Langley', de E. L. Doctorow

 

Um dos principais romancistas americanos contemporâneos, E. L. Doctorow, estreia-se no catálogo da Porto Editora com Homer & Langley. Segundo a Publishers Weekly, trata-se de uma «obra-prima arrebatadora sobre os eremitas nova-iorquinos, os irmãos Collyer», protagonistas deste romance, inspirados em personagens reais. Este livro chega às livrarias no dia 25 de março.

Homer & Langley retrata a História da América do século XX através dos episódios que vão marcando a vida de dois personagens peculiares, dois irmãos socialmente desajustados que vivem numa mansão na Quinta Avenida. O livro é narrado por Homer, cego mas perspicaz e atento, que, juntamente com Langley, o irmão mais excêntrico, fazem o retrato de uma época.  

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