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planetamarcia

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Dezembro 31, 2012

Olive Kitteridge - Elizabeth Strout - Opinião

“Olive Kitteridge” foi uma excelente escolha para terminar as leituras de 2012. Recebi como presente de Natal e comecei quase imediatamente a ler.

É, quanto a mim, um livro pouco conhecido. Pelo menos eu não me recordo de ouvir falar muito dele. Curiosamente desde que o vi numa livraria me despertou a curiosidade e tive vontade de o ler. Foi um bom palpite. Achei-o excelente. Uma pena não ter a divulgação que merece, apesar de ter ganho o Prémio Pulitzer Ficção 2009 – mesmo prémio conquistado pelo livro “As Horas” de Michael Cunningham em 1999, um bom exemplo do que o cinema pode fazer por um livro.

“Olive Kitteridge” é um livro diferente, com uma estrutura original. Dividido em 13 capítulos que são uma espécie de contos, penso que o ideal seria chamar-lhes “short stories”, a nossa tradução desta expressão para contos não é, a meu ver, muito bem conseguida. Seja como for, estas histórias podem ser lidas isoladas e contam a realidade de várias personagens que habitam na mesma cidade: Crosby, no Maine. É como se entrássemos na casa de cada um deles, de cada família, se traçasse um perfil e soubéssemos os seus segredos, medos e traumas. Quando passamos à história seguinte pode muito bem acontecer que seja mencionado alguém que já teve a sua existência exposta num capítulo/conto anterior. Mas há alguém que está sempre presente: Olive Kitteridge, uma professora primária reformada com um feitio muito particular e com uma forma muito especial de observar tudo o que a rodeia, assim como as obeservações que tece de si própria.

Temida por muitos, respeitada por outros, Olive não deixa ninguém indiferente. Quase todas as personagens que vêm as suas vidas expostas neste livro foram seus alunos. Dos seus dramas familiares pessoais às dificuldades das vidas de quem a rodeia, Olive sobre tudo emite opinião sem recear ser invasiva ou ofensiva. Uma personagem muito particular e difícil, que sofre com a sua maneira de ser mas, obviamente, coloca sempre as culpas nos outros.

Não conhecia o trabalho de Elizaberth Strout, na verdade nunca tinha ouvido falar dela. Achei a sua escrita de uma beleza singular, bastante descritiva, plena de sentimentos e muita sensibilidade. Neste livro a tendência é para um certo pessimismo, o percurso destas personagens é infeliz, são histórias de vida tristes, passados com segredos traumáticos, fez-me pensar na forma como as pessoas trazem sofrimento umas às outras, muitas vezes de forma desnecessária.

Apesar de triste é um livro que revela uma beleza literária que me surpreendeu e que vale muito a pena ser lido.

Sinopse

“A cidade costeira de Crosby, no Maine, um local aparentemente igual a tantos outros, parece conter em si o mundo inteiro, com as vidas dos seus habitantes a transbordarem de grandes dramas humanos: desejo, desespero, ciúme, esperança e amor. Umas vezes implacável, outras vezes paciente, perspicaz ou em negação, Olive Kitteridge, uma professora reformada, lamenta as mudanças da sua pequena cidade e do mundo em geral, mas nem sempre se apercebe das mudanças ocorridas naqueles que a rodeiam: numa pianista de bar assombrada por um antigo romance passado; num antigo aluno que perdeu a vontade de viver; no seu próprio filho adulto, que se sente tiranizado pelo seu temperamento irracional; e no seu marido, Henry, que vê na sua fidelidade ao casamento tanto uma bênção como uma maldição. 
À medida que os habitantes da cidade vão lidando com os seus problemas, de forma calma ou furiosa, Olive é levada a uma profunda compreensão de si mesma e da sua vida, por vezes de maneira dolorosa, mas sempre cruamente honesta. Olive Kitteridge oferece-nos uma perspectiva profunda da condição humana, com os seus conflitos, as suas tragédias e alegrias, e a resistência por ela exigida.”

Casa das Letras, 2010

Dezembro 29, 2012

A Civilização do Espetáculo - Mario Vargas Llosa - Opinião

Quase uma semana após a conclusão da leitura de “A Civilização do Espetáculo”, é que me atrevo a tentar escrever algo que possa refletir o que senti ao lê-lo.

Receosa de não conseguir exprimir e partilhar o brilhantismo de Llosa, tentarei explicar o porquê deste ser, provavelmente, o melhor, ou dos melhores livros que li este ano.

Não escondo a minha predileção por este escritor, pelo que parto sempre para um livro dele com a certeza que me vai realizar como leitora. Neste caso, o tema, por me ser particularmente caro, deu-me um entusiasmo tal que as primeiras 100 páginas foram lidas de seguida já altas horas da noite, afastando qualquer hipótese de me deixar adormecer.

A cultura está em crise? Que género de crise? As pessoas não procuram cultura? Ou procuram o que acham que é cultura?

Muitas dúvidas e questões que ficam nas consciências de quem tem noção (como Llosa) de qual é o papel das iniciativas culturais na vida em sociedade. Este livro, direcionado para vários pontos culturais fulcrais, descreve uma verdadeira e total crise de valores e conceitos relacionados com a forma como a cultura se tornou um espetáculo, uma triste civilização de espetáculos fúteis, sensacionalistas e deprimentes.

Será Llosa um fundamentalista? Um exagerado? Estaremos todos, sem exceção, aos pés de uma sociedade de cordeirinhos num rebanho que aceita tudo o que lhes dão sem questionar? Que dizem que gostam porque toda a gente assim o faz?

Os livros ocupam grande parte deste ensaio. A forma como a vida útil de um livro o faz, atualmente, quase um objeto descartável, é alvo de uma crítica feroz mas construtiva por parte do autor. A sucessão de novidades, as edições em massa de lixo editorial promovido de forma enganosa estão a deformar o propósito enriquecedor dos livros. A partilha por empréstimo é quase inexistente, o consumo desenfreado chegou aos livros, que se vendem pela beleza das capas. Falo por mim, que durante bastante tempo me deixei “maravilhar” pela ”injeção” de novidades. Mais recentemente tenho parado um pouco para pensar e observar todos os livros mais antigos que comprei com gosto e prazer e que ainda estão na estante a aguardar a sua leitura. Deixei-me corromper por esta “Civilização do Espetáculo” doente e enganosa, mas acredito estar a tempo de me recuperar e voltar aos anos em que lia devagar e com mais gosto, saboreando livros bem escritos, lendo menos em quantidade mas atingindo mais em realização pessoal.

É feito um enquadramento, questionado o papel do governo na permissão e interessa nesta patética “Civilização do Espetáculo”. Claro que a busca cultural tem de partir do interesse de cada um, mas uma nação culturalmente doente, em que quem está ao leme descura e despreza o real conceito de cultura, não pode fazer surgir do nada o interesse por valores diferentes. À religião é também dedicada uma grande parte deste ensaio, dado que é, ainda hoje, uma influência fulcral na sociedade; confesso que foi a parte que menos me cativou, apesar de considerar as questões bem expostas e fundamentadas.

Llosa, como amante e defensor das artes é arrebatado na defesa dos seus ideais. Por vezes  cruel pois a cultura também não pode ser, a meu ver, obrigação. A distração e divertimento têm de existir, de marcar a diferença, de ser um caminho cativante e colorido nas vidas cinzentonas daqueles para quem, por exemplo, a profissão é um castigo. Deverá ser uma forma de esquecer tristezas e sonhar.

É um facto que cultura é seriedade. Atualmente não é considerada como tal. Mas a indústria do entretenimento não deverá, a meu ver, ser tão seriamente condenada. Numa época em que a humanidade é, na generalidade, triste, não devemos colocar em causa o poder de um filme ou série de televisão só porque não atinge os mais altos padrões culturais. Mas sim dar-lhe uma oportunidade se, por uns momentos, trouxer alguma liberdade a quem se sente preso pelas exigências da vida atual. As pessoas têm a liberdade de escolher, se apenas optam pelo que é fácil e fútil, isso se deve à crise de valores, mas muitas há que procuram, necessitam e vivem de cultura, da original, a que alimenta a alma, faz pensar questionar e crescer.

Valorizei muito as opiniões pessoais e a partilha de experiências de vida que Mario Vargas Llosa faz neste livro. Fez-me pensar e questionar, por vezes concordar e por vezes achar que ele já estava a ir longe de mais. Acima de tudo fez-me meditar sobre o meu lugar, onde estou e onde quero estar. Um livro que não me deixou indiferente, que me trouxe revolta e alegria, que me fez querer ser melhor.  

Sinopse

“A banalização das artes e da literatura, o triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade da política são sintomas de um mal maior que afeta a sociedade contemporânea: a ideia temerária de converter em bem supremo a nossa natural propensão para nos divertirmos. No passado, a cultura foi uma espécie de consciência que impedia o virar as costas à realidade. Agora, atua como mecanismo de distração e entretenimento. A figura do intelectual, que estruturou todo o século XX, desapareceu do debate público. Ainda que alguns assinem manifestos e participem em polémicas, o certo é que a sua repercussão na sociedade é mínima. Conscientes desta situação, muitos optaram pelo silêncio. Uma duríssima radiografia do nosso tempo e da nossa cultura, pelo olhar inconformista de Mario Vargas Llosa.”

Quetzal, 2012

Dezembro 23, 2012

O Exílio do Último Liberal - Sérgio Luís de Carvalho - Opinião

Um livro que suscitou a minha curiosidade quando foi editado em Junho deste ano. No entanto, como tantos outros, foi vendo a sua vez de ser lido protelada por outros.

Nunca tinha lido nada de Sérgio Luís de Carvalho nem conhecia o seu trabalho. No entanto vi-me perante uma interessante investigação histórica sobre as lutas Liberais em Portugal, ao mesmo tempo que a ação da personagem principal, Salvador, decorre em Londres onde está exilado.

A história de Salvador vai sendo desvendada aos poucos. Com algumas referências à sua infância e juventude no nosso país o puzzle vai sendo montado, habilmente pelo autor diga-se. A sua linha de pensamento, as suas crenças e desejos são coerentes com o seu passado, com o percurso político que iniciou em Coimbra, onde estudou medicina.

O autor apresenta uma pequena resenha histórica dos acontecimentos da época que influenciam a história. Muito útil mas, quanto a mim, mal localizada no final do romance. Eu, curiosa no que toca aos livros, gosto de verificar capas, contracapas, badanas, prólogos, posfácios, etc. antes de iniciar a leitura. Ler a cronologia dos fatos históricos da página 329 antes de iniciar a leitura foi fundamental. Leitores menos atentos a estes detalhes têm a perder, a não ser claro, que perfeitamente familiarizados e conhecedores do enquadramento histórico.

O que achei verdadeiramente interessante neste livro foi a forma como o autor “salta” entre o presente e o passado, entre a vida de Salvador em Portugal e em Inglaterra. Achei excecional a forma simples como o faz, muitas vezes sem qualquer parágrafo ou paragem gramatical. Parece estranho mas resulta, é como se uma espécie de pensamento sobre o passado afluísse à mente de Salvador oferecendo ao leitor mais um pouco da sua história. De resto a escrita não trás nada de novo, apesar de simples, concisa e muito agradável.

Em fuga desde Portugal por estar em luta contra o regime absolutista de D. Miguel, Salvador tenta sobreviver em Londres, numa época conturbada para o avanço da anatomia/medicina. Graças aos seus conhecimentos médicos trabalha como assistente do Dr. White, no que seria o início da medicina legal. A dissecação de cadáveres é malvista, principalmente por motivos religiosos, a profanação do corpo humano é entendida como um mal pior que a morte e um destino a evitar por aqueles que se encontram doentes e/ou perto do final da vida.

No “Teatro Anatómico” O Dr. White ensina ao seu grupo de alunos as técnicas do que, no futuro, serão as autópsias, mas que na época não é mais do que o tentar entender o funcionamento do corpo humano, procurar respostas para doenças, enfim, avançar na medicina.

Não é fácil conseguir cadáveres, na verdade os corpos vão parar à mesa de dissecação de forma ilegal, profanadas as suas campas e roubados dos cemitérios. O ressurrecionismo foi algo completamente novo para mim; este paralelismo que os livros, ou pelo menos alguns livros conseguem proporcionar entre entretenimento e aprendizagem é algo que me motiva e que foi, sem dúvida o grande impulsionador desta leitura.

Ao mesmo tempo o autor explora os sentimentos e a humanidade das personagens criando um romance cheio de percalços entre Salvador e Rose. Este ponto, algo previsível, não tirou contudo interesse à leitura e veio mesmo, no final proporcionar um desfecho interessante do bem sobre o mal, da morte sobre a vida, do crime como algo que agrada, quando praticado pelos considerados “os bons”.

Um livro que acrescenta saber e me proporcionou uma leitura agradável, mesmo estando sempre relacionado com a morte. Interessante e com uma escrita direta, lê-se muito rapidamente sem cansar. Recomendo a sua leitura.

Sinopse

“O livro
A história de O Exílio do Último Liberal decorre entre Londres (1832) e Lisboa (1833) e assenta num labirinto de mistérios, de segredos, de ameaças e de paixões, enquadrado pelo fog de Londres e pelas brumas de uma nação envolta em progresso e em miséria. É aí, um ambiente marcado pela Revolução Industrial, que se move um jovem exilado português às voltas com um terrível segredo: foi membro da Irmandade dos Divodignos, um grupo liberal radical que os partidários absolutistas de Dom Miguel perseguem com encarniçado ódio. Mas este é apenas o primeiro segredo dado a conhecer ao leitor… Outro há e é ainda mais obscuro e clandestino.
Por entre as sombras e os nevoeiros, movem-se vultos suspeitos. São os odiados ressurrecionistas à cata de corpos acabados de sepultar numa atividade que provoca medo e revolta.
Factos Reais
Os divodignos foram uma sociedade secreta, composta maioritariamente por estudantes, que via na ação armada a forma de resistir contra o absolutismo, ou o poder soberano (iluminados pela revolução francesa).
Os ladrões de túmulos, popularmente chamados ressurrecionistas, também existiram. De noite, invadiam os cemitérios, retiravam os corpos recém-sepultados das urnas e iam entrega-los nas faculdades de medicina onde eram usados nas aulas de anatomia.”

Clube do Autor, 2012

Dezembro 20, 2012

Do Grande e do Pequeno Amor - Inês Pedrosa e Jorge Colombo - Opinião

Ler este livro foi para mim uma experiência completamente diferente. Trata-se de uma espécie de álbum de fotos, cada uma com um texto.

Foi, acima de tudo, uma leitura contemplativa de observação e confirmação. Senti-me sem espaço para criação de imagens na mente, na medida em que os rostos e corpos das personagens estão expostos, assim como os locais em que se movimentam. Mas nem por isso achei menos interessante. Gostei de, a cada página, descobrir pormenores nas fotografias, e dei por mim muitas vezes a pensar no que terá dado origem a quê: o texto a partir das fotos? Ou as fotos depois do texto? Ou um misto dos dois como um trabalho de construção?

Seja como for o resultado agradou-me muito. O trabalho fotográfico é de muita qualidade e o facto de as fotografias terem todas um tom vermelho, cor que aliás acompanha todo o livro, resulta muito bem.

Talvez o vermelho tenha surgido da paixão que envolve todo o relato. Um casal em constante conflito e rutura, afastamentos e aproximações, um nunca estar bem juntos nem separados. Um percurso sinuoso de quem não consegue estar afastado mas que vive em guerra quando se (re)aproxima. Ciúme, traição, loucura e arrebatamento. Condimentos de uma história intensa de um amor único. Como todos os amores.

Sinopse

“Romance fotográfico metade texto e metade fotografia.

“Do Grande e do Pequeno Amor” é um romance fotográfico de Inês Pedrosa e Jorge Colombo. Metade texto e metade fotografia, com uma imagem a negro e vermelho em cada página, o livro analisa as emoções dum casal que se separa de vez, sem apelo... e volta a reunir-se, e separar-se, e reunir-se. É uma reflexão sobre a inevitabilidade da vida em estado de guerra, e sobre o amor nas entrelinhas das batalhas.”

Dom Quixote, 2006

Dezembro 20, 2012

Romance “Debaixo de Algum Céu”, de Nuno Camarneiro, vencedor do Prémio LeYa 2012

O Júri do Prémio Leya reuniu nos dias 13 e 14 de Dezembro, em Alfragide, para deliberar sobre a atribuição do Prémio, a que concorreram este ano mais de 270 originais, apresentados por autores residentes em Angola, Brasil, Canadá, França, Inglaterra, Moçambique e Portugal.

O Júri decidiu, por maioria, atribuir o Prémio Leya 2012 ao romance Debaixo de Algum Céu, da autoria de Nuno Camarneiro.

O Júri apreciou no romance Debaixo de Algum Céu a qualidade literária com que, delimitando intensivamente a figura fulcral do "romance de espaço" e do "romance urbano", faz de um prédio de apartamentos à beira-mar o tecido conjuntivo da vida quotidiana de várias personagens - saídas da gente comum da nossa actualidade, mas também por isso carregadas de potencial significativo.

Retrato de uma microsociedade unida pelo espaço em que vivem os personagens, o romance organiza-se a partir de um conjunto de vozes que dão conta de vidas e destinos que o acaso cruzou num período de tempo delimitado entre um Natal e um Fim do Ano. Ouvimos vozes, poemas, ladainhas, canções, que transportam memórias e sentimentos e pontuam os encontros, desencontros e tragédias de que os moradores só se apercebem quando saem à luz do dia. A escrita é precisa e flui sem ceder à facilidade, mas reflectindo a consciência de um jogo entre o desejo de chegar ao seu destinatário, o leitor, e um recurso mínimo a artifícios retóricos em que só uma sensibilidade poética eleva e salva a banalidade e os limites do quotidiano.

O júri destacou nesta obra o domínio e a segurança da escrita, a coerência com que é seguido o projecto, a força no desenho dos personagens e destaca a humanidade subjacente ao que poderá ser lido como uma alegoria do mundo contemporâneo.

O júri do Prémio LeYa 2012

Manuel Alegre (Presidente)

José Carlos Seabra Pereira

José Castello

Lourenço do Rosário

Nuno Júdice

Pepetela

Rita Chaves

Sobre Nuno Camarneiro

Nuno Camarneiro nasceu em 1977. Natural da Figueira da Foz, licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, onde se dedicou à investigação durante alguns anos. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. Em 2010 regressou a Portugal, onde exerce actividade de investigação na Universidade de Aveiro e é professor na Licenciatura em Conservação e Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em colectâneas e revistas. Editou o seu primeiro romance, No Meu Peito não Cabem Pássaros, na Dom Quixote, em Junho de 2011.

Sobre o Prémio Leya

Com características únicas pela sua especificidade e valor - 100 mil Euros -, o Prémio Leya foi criado em 2008 no sentido de distinguir um romance inédito escrito em português. Até hoje foram distinguidas com o Prémio LeYa as obras O Rastro do Jaguar,  do jornalista brasileiro Murilo Carvalho, em 2008, O Olho de Hertzog, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, em 2009, e, em 2011, O teu rosto será o último, de João Ricardo Pedro, o primeiro autor português a vencer o prémio. Na edição de 2010 o júri decidiu, por unanimidade, não atribuir o Prémio LeYa.

Dezembro 19, 2012

Lançamento exclusivo 20 anos de Moonspell - Saída de Emergência

Venha assistir ao lançamento do livro comemorativo dos 20 anos dos Moonspell.

Dia 21 de Dezembro às 19 horas na sala TMN ao Vivo, com a presença da banda e apresentação de José Luís Peixoto.

Limitado a apenas 50 fãs!

Para participar tem de:

Ter bilhete para o concerto do Fim do Mundo.

Ser um dos primeiros 50 fãs a enviar email para geral@saidadeemergencia.com com nome completo, número de BI e reserva do livro (edição normal ou especial) que pretende comprar no lançamento.

Será divulgada uma lista no Facebook da editora com os nomes dos vencedores até dia 20 de Dezembro.

Dezembro 16, 2012

O Filho de Ninguém - Olivia Darko - Opinião

 

“O Filho de Ninguém” chegou até mim de forma peculiar. Confesso o meu desconhecimento total em relação ao livro, bem como do trabalho de Olivia Darko. O Facebook, essa fantástica ferramenta que prova o poder do boca-a-boca, trouxe até mim, de certa forma, este livro.

Agradeço desde já a Olivia, pseudónimo de Débora Afonso, a cortesia de me oferecer um exemplar. O livro não é extenso e li-o em pouco mais de uma hora. Confesso que a trama despertou o meu interesse, o que acelerou a leitura e a vontade de chegar ao fim.

Tenho particular prazer em apoiar os autores nacionais, divulgando o seu trabalho, principalmente os que estão em início de carreira e nem sempre (infelizmente) obtêm o reconhecimento merecido.

Fiquei agradavelmente surpreendida com esta leitura, cujo mistério é construído principalmente pelo perfil psicológico de Justino. Uma análise das suas ações diárias vai dando pistas ao leitor acerca do seu passado e da sua estranha relação com a mãe. Penso que neste ponto, o que eu possa avançar a explicar a história se pode tornar demasiado revelador. Pelo que prefiro recomendar que leiam este livro e tirem as vossas próprias conclusões. Contudo, não resisto a deixar aqui uma amostra do que está para vir; quanto a mim este início desperta o interesse de qualquer um:

“Mais cinco minutos e estaria acabado.
“No fundo, é uma pena…” – pensou, serpenteando as mãos pelos longos cabelos dourados da mulher deitada a seu lado. E enquanto ela sufocava lentamente, os seus dedos iam fazendo pequenos desenhos na poça de sangue que se tinha formado no chão. Aquilo seria complicado de limpar, mas desta vez não teria de se preocupar com isso. Por enquanto, ainda tinha alguns minutos com ela. Já quase não lhe ouvia a respiração, mas os olhos ainda tinham aquele brilho que o enervava!
Apertou mais o arame, o corpo dela arqueou-se momentaneamente e soltou um som gutural. Levantou-se, devagar, e olhou uma última vez para aquela massa inerte. De repente já não a achava tão bonita.”

Olivia tem talento, acho que não temos por cá muita gente a escrever policiais, o que espicaçou o meu interesse. A história, apesar de simples, está bem pensada e o facto de o livro ser pequeno ajuda a que não haja lugar a erros ou contradições; com o tempo e a experiência espero ler policiais de Olivia Darko mais longos, com mistérios mais densos e doentios, com polícia e ciência forense, mais pesquisa, mais sangue, mortes inexplicáveis e muito suspense. A imaginação e talento estão comprovados. O resto é trabalho.  

Cá fico à espera do próximo livro, expectante por acompanhar um percurso literário que prevejo de sucesso.

Sinopse

“Justino viveu isolado do mundo os primeiros 26 anos da sua vida, tendo apenas a mãe por companhia.
Quando faz a transição para a vida em sociedade, os lapsos de memória que sempre o tinham acompanhado recomeçam, mais fortes e menos espaçados, e assaltam-no memórias de vivências que não tem a certeza de serem reais, mas que se tornam cada vez mais vívidas e perturbadoras.
A aproximação de uma mulher, Sofia, provoca um turbilhão de emoções contraditórias que o conduzem a um caminho sem retorno, e o único fim possível acaba por ser a descoberta da terrível verdade que estava enterrada no seu subconsciente.”

Chiado Editora, Março 2012

Dezembro 13, 2012

Porto de Encontro - "60 Canções" e muitas histórias com Sérgio Godinho

Depois da extraordinária homenagem a José Saramago realizada em novembro e que encheu a Sala Suggia da Casa da Música, o “Porto de Encontro” regressa à acolhedora Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Palácio de Cristal, para receber como convidado Sérgio Godinho. Esta 13.ª edição está marcada para o próximo domingo, 16 de dezembro, pelas 17:00 (entrada livre).

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