Agosto 31, 2012
A Culpa é das Estrelas - John Green - Opinião
“ A Culpa é das Estrelas” correspondeu às minhas expetativas. E isto não é pouco! Depois de a surpresa de “À Procura de Alaska”, esperava um “A Culpa é das Estrelas” bastante profundo e emocional. Não me enganei.
Deixei-me encantar mais uma vez pelo “género John Green”, uma forma de escrever “estilo adolescente”, tipo “não te rales” mas com uma profundidade surpreendente. Ler este livro é como entrar numa conversa de adolescentes pela forma e pelos termos utilizados, mas é ao mesmo tempo uma constante citação de verdades supremas e de coisas que nos fazem pensar, a mim pelo menos fez-me pensar bastante.
Claro que as personagens deste livro têm uma história de vida que as torna diferentes, docemente irónicas, talvez até brincalhonas com a sua má sorte. Não acho que seja um livro mal escrito pelos diálogos simplistas mas sim um livro muito bem conseguido que nos leva de corpo e alma para uma faixa etária que já deixámos há alguns anos. Pelo menos no meu caso.
Como já disse estes adolescentes têm algo nas suas vidas que os torna diferentes, que se calhar os fez crescer mais depressa, e estarem preparados para situações limite. Pois, é que Hazel é uma menina de 16 que tem sido doente terminal a maior parte da sua vida. O facto de estar constantemente à espera da morte faz de cada dia uma vitória da vida, cada hora é algo especial que deve ser aproveitado ao segundo.
Tudo isto faz mais sentido depois de conhecer Augustus. Um rapaz de 17 anos muito especial, que, apesar de se encontrar livre de cancro, acompanha um amigo a uma reunião do grupo de apoio de Hazel. Conhecem-se e a ligação entre os dois acontece logo. Completam-se e começam a passar todo o tempo que podem juntos. Hazel gosta muito de ler, e é a partir do seu livro favorito que este casal vai procurar respostas para algumas das questões mais difíceis da vida.
Adorei a forma como se envolvem na história do livro “Uma Aflição Imperiosa” e como procuram respostas para o final abrupto. Desde especular finais, contactar o autor e, principalmente nunca desistir de procurar respostas. Pode parecer uma fixação um pouco pateta mas a verdade é que é uma forma de não desistir, esta busca é uma metáfora de quem balança anos a fio entre a vida e a morte, quem não desiste. Não por ser mais ou menos forte, mas sim porque não há nada a fazer, não somos realmente donos da nossa vontade ou do nosso corpo quando a doença toma conta de tudo de forma avassaladora. Não há uma luta pela vida, é mais um “aguentar” das investidas e estar sempre à espera do combate final.
Um livro de adolescentes, não só para adolescentes, que descreve miúdos que só queriam ter uma vida normal, sem quimioterapia ou radioterapia, sem cateteres ou agulhas, sem cirurgias, sem amputações. A forma como a família sofre e se envolve, de como os pais deixam de ter vida e horários, de como se desiste dos empregos para acompanhar, ajudar, amar, para principalmente estar sempre presente, em todos os dias, pois não se sabe qual poderá ser o último.
Hazel e Augustus viajam para Amesterdão para encontrarem o autor de “Uma Aflição Imperiosa” e descobrirem os motivos que o fizeram terminar o livro sem explicações, para saberem o que acontece afinal às personagens. Uma viagem de alto risco para quem vive no limite e que exige todas as forças para ser realizada. Porque quando se acredita se consegue, e quando se procuram respostas elas aparecem. Esta viagem trará várias respostas, mas a verdade é que não são para as perguntas que eles tinham.
Uma travessia de dor. Uma procura e busca constantes. Uma luta contra o tempo.
Aprender a aproveitar todos os momentos e viver com dedicação constante aos que amamos. Um ensinamento tão vital para quem tem saúde ou para quem sabe que está na iminência de partir. Pois que quem não tem essa consciência tende a desperdiçar momentos preciosos da vida.
“O sofrimento não nos muda, Hazel. Revela-nos.” (pág. 231).
Leiam!
Sinopse
Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente rescrita.
PERSPICAZ, ARROJADO, IRREVERENTE E CRU, A Culpa é das Estrelas é a obra mais ambiciosa e comovente que o premiado autor John Green nos apresentou até hoje, explorando de maneira brilhante a aventura divertida, empolgante e trágica que é estar-se vivo e apaixonado.
Agosto, 2012