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planetamarcia

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Maio 30, 2012

À Procura de Alaska - John Green - Opinião

 

Surpresa. É a palavra que melhor posso aplicar a este livro.

Apesar de me ter sido muito recomendado, confesso que iniciei esta leitura com algum ceticismo que me fosse verdadeiramente agradar. Desde que soube do seu lançamento que me suscitou curiosidade, mas ao mesmo tempo a sensação de se tratar de um livro para um público-alvo adolescente deixou-me de certa forma desinteressada. Mesmo assim, a curiosidade foi mais forte e dei início a esta leitura ontem. Hoje está concluída.

De facto, “À Procura de Alaska” começa como um livro para adolescentes. Não só pelo tema, o início do ano letivo num liceu em regime de internato, mas também pela forma superficial e simples como está escrito. Nesta primeira fase senti-me um pouco desiludida, confesso, mas fui-me apercebendo, com o virar das páginas, que o livro tinha mais para dar. Senti um desenvolvimento, como uma maturidade ou uma espécie de crescimento da própria escrita, à medida que também o tema e os sentimentos das personagens se aprofundavam.

Pode dizer-se que é um livro sobre o primeiro amor, sobre a amizade verdadeira, sobre a lealdade, e tudo isso é verdade. Mas, quanto a mim, é um livro sobre uma busca, sobre a procura do caminho, a descoberta de respostas para as questões mais difíceis como a morte e a dor. É uma dissertação de sentimentos, um aprofundar de pensamentos, ao mesmo tempo que oferece uma meditação sobre a vida e, consequentemente, a morte.

Um livro que se adensa, que cresce em qualidade e que tem em Miles a voz do autor. Miles é uma espécie de patinho feio sem amigos quando chega ao colégio de Culver Creek, rapidamente estabelece uma amizade especial com o seu colega de quarto Chip (a quem chamam Coronel) e apaixona-se por Alaska, uma rapariga forte mas que desde início se sente que está marcada pela dor. Tornam-se companheiros das aventuras habituais da adolescência. Todos têm particularidades que eu achei curiosas: Miles memoriza as últimas frases que várias personagens (normalmente históricas) disseram antes de morrer, Coronel decora capitais de países e quaisquer outros pormenores geográficos para os quais esteja inclinado em determinada altura, Alaska adora livros e está a construir uma biblioteca pessoal. Estes pormenores fazem parte destas personagens e proporcionam diálogos e discussões bastante interessantes. Pode ser difícil entender como é que daqui chegamos a dissertações filosóficas sobre o sentido da vida, mas é aí que reside a beleza deste livro. Como é que de premissas tão simples John Green mergulha numa busca profunda por respostas sobre o sentido de existirmos, as razões da morte ou porquê de ter fé. Expõe a dúvida para depois a dissecar sem necessariamente nada concluir, pois nem sempre o caminho que se percorre tem um fim. E por muitas que sejam as hipóteses possíveis, por vezes é preciso saber viver sem certezas. No entanto, é possível aprender a acreditar.

Quando Alaska desaparece é como se o grupo se desintegrasse. Porque não entende e precisa de compreender. As feridas vão sarando e o compreender deixa de ser tão importante, apesar de a busca de respostas continuar. Por fim (se é que há um fim) ficam as memórias, boas de preferência. Mas esse último passo só é possível depois de, todos juntos, encontrarem forma de ultrapassar a perda.

Um livro cheio de significados escondidos à espera de serem descobertos pelo leitor. A mim marcou-me bastante. Surpreendente é o que tenho a dizer. Verdadeiramente surpreendente!

“O Coronel riu-se. Eu fiquei especado a olhar, por um lado aturdido pela força da voz emanada pela pequenita (mas, oh meu Deus, com belas curvas) rapariga e por outro lado pelas gigantescas pilhas de livros que lhe forravam as paredes. A sua biblioteca enchia-lhe as estantes e depois transbordava para montes de livros por toda a parte que nos davam pela cintura, empilhados ao acaso contra as paredes. Bastava que um se mexesse para que o efeito dominó nos engolisse aos três numa asfixiante massa de literatura.” (pág. 22)

“Foi a primeira vez que a vi, e agora íamos a caminho da última. Mais do que tudo, eu sentia a injustiça da coisa, a incontestável injustiça de amar alguém que também me podia ter amado, mas que não pôde devido à morte, e depois inclinei-me para a frente, com a testa encostada à parte de trás do encosto de cabeça de Tukami, e chorei, soluçando, sentindo mais dor do que tristeza. Doía e não era um eufemismo. Doía como se me tivessem dado uma surra.” (pág. 170)

Sinopse

“À Procura de Alaska conta a história de Miles Halter, um miúdo fascinado com “famosas últimas palavras” e cansado de viver no aconchego caseiro. Quando Miles vai parar a um colégio interno procurar aquilo a que o poeta François Rabelais chamava de o “Grande Talvez”, vai encontrar um outro universo do qual faz parte uma jovem chamada Alaska Young. Lindíssima, esperta, divertida, sensual, transtornada… e completamente fascinante, Alaska atrai Miles para o seu labirinto e catapulta-o para esse “Grande Talvez” tão desejado. Miles Halter não podia estar mais apaixonado por ela. Mas quando a tragédia lhe bate à porta, ele descobre o valor e a dor de viver e amar de modo incondicional. Nunca mais nada será como era.”

Asa, 2012

Maio 30, 2012

Porto Editora - Não Ficção - As mulheres no Afeganistão

 

As leis, os costumes, os conceitos, o vestuário são elementos da cultura afegã com os quais, no Ocidente, temos pouco contacto. Em Mulheres Afegãs – Histórias por detrás da Burka, da jornalista Zarghuna Kargar, livro que chega às livrarias a 5 de junho, chegam-nos testemunhos contados na primeira pessoa sobre a falta de liberdade e de direitos que aflige estas mulheres, sobretudo nas zonas rurais do Afeganistão.

Mulheres Afegãs – Histórias por detrás da Burka reúne um conjunto de histórias que foram transmitidas no programa de rádio da BBC «Afghan Woman’s Hour», coordenado e apresentado pela autora Zarghuna Kargar, que permitia aos ouvintes um acesso único a informação sobre variados assuntos, muitos deles considerados tabu mas de importância vital. Rapidamente, este programa tornou-se num dos mais importantes da BBC a nível mundial e numa ferramenta para alertar o mundo para a realidade desta sociedade.

Para além dos testemunhos, este livro dá-nos a conhecer a Sharia - código de conduta da lei islâmica - e tradições relacionadas com, por exemplo, o casamento, família e sexualidade, que condicionam o quotidiano de todas as muçulmanas.

O LIVRO

Um relato que traz a lume as vidas escondidas das mulheres afegãs que tiveram a coragem de enfrentar a comunidade e contar a sua experiência.

Shereenjan era ainda uma menina quando foi obrigada a casar-se para pôr termo a um conflito entre duas famílias; Samira passa os dias num quarto húmido e escuro a tecer tapetes, por imposição do marido, e tem de drogar a filha bebé com ópio para poder dedicar-se plenamente à sua tarefa; ao perder uma perna num bombardeamento, Wazma é abandonada pelo marido, que amava incondicionalmente, e privada de ver a sua única filha;

Anesa é forçada a casar-se com um homossexual e a tornar-se escrava do amante do marido; Layla é uma das muitas viúvas renegadas pela família e pela sociedade.

Zarghuna Kargar, uma jornalista afegã refugiada em Londres, ouviu estas e outras histórias, que compilou com o objetivo de destapar uma realidade assustadora, tão próxima e ao mesmo tempo tão distante – milhares de mulheres afegãs há muito que são vítimas dos costumes de uma sociedade profundamente religiosa e tradicional.

Embora a sorte das mulheres afegãs tenha melhorado consideravelmente nos últimos anos – há mais de 60 membros do sexo feminino no parlamento −, em várias zonas do país a repressão continua inabalável. Mulheres Afegãs – Histórias por detrás da Burka é disso testemunha.

A AUTORA

Zarghuna Kargar nasceu em Cabul em 1982. Quando a guerra civil irrompeu, ela e a família viram-se obrigadas a fugir para o Paquistão, onde Zarghuna se formou em Jornalismo. Em 2001 mudou-se para Londres e em 2004 foi convidada a produzir e apresentar o programa «Afghan Woman’s Hour», da BBC. Este projeto bem-sucedido tinha como objetivo apoiar, consciencializar e educar milhões de mulheres e homens em todo o Afeganistão. Durante os vários anos que o «Afghan Woman’s Hour» esteve no ar, debateram-se assuntos difíceis, muitas vezes tabu, e foi emitido o relato de centenas de mulheres afegãs ansiosas por partilhar a sua história de vida. Mulheres Afegãs – Histórias por detrás da Burka decorre dessa experiência.

Título: Mulheres Afegãs – Histórias por detrás da Burka

Autores: Zarghuna Kargar

Tradução: Isabel Alves

Págs: 272

PVP: 14,40 €

Maio 29, 2012

Inquietude - William Boyd - Opinião

 

Um livro do qual esperava muito e que já estava na minha lista há uns tempos. Este ano a compra proporcionou-se na Feira do Livro de Lisboa. A leitura foi rápida, quase compulsiva e, acima de tudo, muito gratificante.

Quando se espera demasiado de um livro é fácil haver desilusão. “Inquietude” esteve à altura das minhas elevadas expetativas e das recomendações que me fizeram. William Boyd é, sem dúvida, um autor que quero conhecer melhor.

Espionagem e conspiração são os ingredientes fundamentais deste enredo. A história de Eva Delectorskaya, desde os primeiros passos como espia em 1939, até 1976 em que partilha o seu percurso com a filha, Ruth.

Adorei ler sobre uma mulher independente e destemida como Eva, que se junta aos Serviços Secretos de uma forma súbita, após a morte do irmão. Russa, a viver a Paris, Eva passa a ter um treino intensivo, diversas identidades e perigosas missões. Tudo com o intuito de semear a dúvida em diversas operações relacionadas com a iminente II Guerra Mundial. Eva cumpre ordens, supera desafios, alcança a frieza própria de quem vive na sombra e com medo da própria sombra. Não confia em ninguém, percorre o mundo, é perseguida, persegue, forja notícias, alcança resultados, apaixona-se, sofre, é traída e luta pela sua própria fuga.

Adorei esta personagem complexa e o enredo intricado. “Inquietude” é um livro bem escrito, bem estruturado, e muito interessante. A história desta mulher não me deixou indiferente, e cheguei à última página a sentir que o seu percurso lhe deixou marcas irreversíveis que a acompanharão até ao fim da vida. Mesmo depois de, supostamente, as dificuldades terem sido ultrapassadas e parte da sua vida ter sido perfeitamente banal, nunca deixou de olhar por cima do ombro, nunca olhou para as pessoas na rua como qualquer um de nós.

Estruturalmente há uma constante viagem entre o presente, em que conhecemos Ruth, a filha de Eva, e o passado. O presente chega até nós na primeira pessoa, pela narração de Ruth. O percurso de Eva é narrado na terceira pessoa, como uma história que é contada a Ruth. Esta fica a saber qual a verdadeira história da mãe e vai ter um papel fundamental no desfecho, se é que é permitido a uma espia encerrar seja o que for e viver tranquila.

Surpresas, reviravoltas e situações inesperadas são uma constante; sem dúvida fundamentais num livro de suspense. Entretenimento garantido para os apreciadores e muita qualidade narrativa, o que nem sempre acontece neste género. Um livro muito completo que me proporcionou excelentes momentos de leitura. Muito recomendado!

Sinopse

“Por quanto tempo se consegue viver com a angústia de um grande segredo? Há-de sempre chegar a hora de acertar contas com o passado. Um electrizante thriller de espionagem e suspense ambientado na II Guerra Mundial. 1939. Eva Delectorskaya é uma jovem e bela russa a viver em Paris. Quando a guerra estala é recrutada para os Serviços Secretos Britânicos por Lucas Romer, um inglês misterioso, e, sob a sua tutela, aprende a transformar-se na espia perfeita, a camuflar as suas emoções e a não confiar em ninguém, incluindo as pessoas que mais ama. Após a guerra, Eva muda de identidade e reconstrói cuidadosamente a sua vida na Inglaterra. Mas uma espia será sempre uma espia. Hoje, Eva tem de completar uma última missão e, desta vez, não poderá executá-la sozinha: vai precisar da ajuda da filha. A riqueza de cenários e dados históricos, os diálogos ágeis, verosímeis e a narração tão elegante quanto irónica conferem a este romance premiado uma completa entrega do leitor que, se faminto por um bom livro, o lerá de uma assentada.

Casa das Letras, 2007

Maio 29, 2012

Antonio Tabucchi, Gabriel García Márquez, John le Carré e Rosa Lobato de Faria nas novidades da BIS

  

 

   

 

«AFIRMA PEREIRA» - ANTONIO TABUCCHI

Tendo por pano de fundo o salazarismo português, o fascismo italiano e a guerra civil espanhola, Afirma Pereira é a história atormentada da tomada de consciência de um velho jornalista solitário e infeliz.

Num fatídico Agosto de 1938, o mês crucial da sua vida, Pereira narra o que vai acontecendo e em que circunstâncias de um período trágico da sua existência e da Europa.

Sobre o autor: Antonio Tabucchi (Pisa, 1943-2012) é considerado um dos maiores escritores contemporâneos. É autor de romances, contos, ensaios, reportagens e peças de teatro. A sua obra está traduzida nas mais diversas línguas, entre as quais o japonês, finlandês, chinês e curdo.        

Ficha Técnica

Género: Romance

Páginas: 224

Formato: 12,5 x 19 cm

PVP: 5,95€

 

«O AMOR NOS TEMPOS DE CÓLERA» - GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

O Amor Nos Tempos de Cólera constitui na obra de Gabriel García Marquez um marco equiparável ao do célebre Cem Anos de Solidão, considerado, até hoje, a sua obra-prima.

Ao longo de quatrocentas páginas vertiginosas, compostas numa espécie de pauta estilística e musical, onde se fundem o fulgor imagístico, o difícil triunfo do amor, as aventuras e desventuras da própria felicidade humana, O Amor Nos Tempos de Cólera é um romance que o leva o leitor numa aventura encantatória, de uma escrita que não tem imitadores à altura.

Sobre o autor: Gabriel García Marquez nasceu em Aracataca, Colômbia, a 6 de Março de 1927. Considerado o pai do realismo mágico latino-americano, foi essencial para o reconhecimento da literatura americana em língua castelhana no resto do mundo, principalmente depois da atribuição do Prémio Nobel de Literatura, em 1982. O carácter universal da sua obra coloca-o entre os maiores nomes da literatura.

Ficha Técnica

Género: Romance

Páginas: 416

Formato: 12,5 x 19 cm

PVP: 9,95€

 

«O ESPIÃO QUE SAIU DO FRIO» - JOHN LE CARRÉ

O Espião Que Saiu do Frio é a história da perigosíssima missão de um agente que quer desesperadamente pôr termo à sua carreira de espião: sair do frio. Neste reconhecido clássico, Le Carré mudou as regras do jogo e viu-se catapultado para a fama mundial. Este livro foi adoptado ao cinema, num filme muito premiado de Martin Ritt, com Richard Burton e Claire Blomm nos papéis principais.   

Sobre o autor: John Le Carré nasceu em 1931. Começou a sua carreira literária em 1961, tendo-se tornado um escritor mundialmente reconhecido com o seu terceiro livro, precisamente este O Espião Que Saiu do Frio. A consagração chegou depois de ser publicada a célebre trilogia de Smiley: A Toupeira; The Honourable Schoolboy; A Gente de Smiley.

Os seus romances mais recentes, Single & Single; O Fiel Jardineiro; Amigos Até ao Fim; O Canto da Missão; Um Homem Muito Procurado; Um Traidor dos Nossos, todos publicados pela D. Quixote, foram êxitos assinaláveis de vendas e de crítica.    

Ficha Técnica

Género: Romance

Páginas: 272

Formato: 12,5 x 19 cm

PVP: 7,50€

 

«OS LINHOS DA AVÓ» - ROSA LOBATO DE FARIA

Tal como a avó da história, que arrecadava os linhos em armários esquecidos e os perfumava com maçãs, também Rosa Lobato de Faria pegou nos textos guardados na gaveta, sacudiu-lhes algum perfume de nostalgia e decidiu juntá-los neste livro, para gáudio dos seus numerosos e fiéis leitores. São 21 histórias que nos falam quase sempre de mulheres: dos seus amores, das traições, da sua perseverança, do seu combate por uma dignidade negada e reprimida. Mas que nos falam também dos homens que estão ao seu lado, da vida dos casais, da sexualidade, da paixão e do ciúme.

Sobre a autora: Rosa Lobato de Faria (1932-2010) nasceu em Lisboa em 1932. Morreu a 2 de Fevereiro de 2010, aos 77 anos. Poeta e romancista, publicou o seu primeiro romance, O Pranto de Lucifer, em 1995. Seguiram-se-lhe: Os Pássaros de Seda, 1996; Os Três Casamentos de Camilla S., 1997; Romance de Cordélia, 1998; O Prenúncio das Águas, 1999, Prémio Máxima de Literatura; A Trança de Inês, 2001; O Sétimo Véu, 2003; Os Linhos da Avó, 2004; A Flor do Sal, 2005; A Alma Trocada, 2007; A Estrela de Gonçalo Enes, 2007; e As Esquinas do Tempo, 2008.

Ficha Técnica

Género: Romance

Páginas: 224

Formato: 12,5 x 19 cm

PVP: 5,95€

Maio 29, 2012

Nuno Camarneiro no Festival do Primeiro Romance de Chambéry

 

O escritor Nuno Camarneiro, de quem a Dom Quixote publicou, em Junho de 2011, o romance No Meu Peito Não Cabem Pássaros, estará presente na 25.ª Edição do Festival do Primeiro Romance de Chambéry, França, naquela que será a primeira participação de um autor português no prestigiado certame, que decorre entre os dias 31 de Maio e 3 de Junho.

O Festival do Primeiro Romance de Chambéry, que, entre outros, deu a conhecer o escritor francês Michel Houellebecq, é a única manifestação literária, em França, que trabalha em nome da descoberta e promoção de primeiros romances francófonos e europeus através da leitura. 3000 leitores exigentes e apaixonados seleccionam, após um ano de leituras e debates, os autores de primeiros romances de que mais gostaram e que, posteriormente, serão convidados para o Festival. Assim, este ano, 15 autores de primeiros romances francófonos e 8 autores de primeiro romance italiano, espanhol, alemão, romeno, inglês e português participam no evento, ao lado de escritores já consagrados.  É precisamente o caso de Nuno Camarneiro, que já tem marcada uma sessão de autógrafos, domingo, dia 3 de Junho, onde também estará Alexis Jenni, vencedor da última edição do Prémio Goncourt. De referir, também, que o nome de Nuno Camarneiro foi sugerido pela Biblioteca Municipal de Oeiras, o parceiro português do Festival.

Nuno Camarneiro nasceu em 1977. Natural da Figueira da Foz, licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, onde se dedicou à investigação durante alguns anos. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. Em 2010 regressou a Portugal, onde exerce a actividade de investigação na Universidade de Aveiro e é professor na Licenciatura em Conservação e Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em colectâneas e revistas. No Meu Peito Não Cabem Pássaros é a sua estreia no romance.

Maio 28, 2012

Novidade para Junho D. Quixote - Flores Caídas no Jardim do Mal (Primavera), de Mons Kallentoft

 

O sol primaveril brilha em Linköping, no centro da Suécia, e aquece os poucos habitantes, ainda pálidos da escuridão de um inverno prolongado, que ousaram sair para tomar café nas esplanadas da cidade. Uma mulher passeia com as duas filhas pela Praça Grande da cidade e dirige-se à caixa automática de um banco para levantar dinheiro. E, subitamente, há um som aterrador que atravessa a cidade e faz estremecer as construções mais sólidas e os corações mais endurecidos. Momentos depois, Malin chega à praça e a visão que a atinge dificilmente poderá ser apagada…

Nas Livrarias a 11 de Junho

Maio 28, 2012

Novidades para Junho D. Quixote - Ficção Universal

    

 

Uma Manhã Perdida - Gabriela Adamesteanu

Numa manhã fria de inverno, Vica Delcă, uma mulher de setenta anos a quem o regime comunista fechou a loja e que vive com dificuldades, caminha sozinha pelas ruas de Bucareste. A sua intenção é visitar a irmã e, de seguida, dirigir-se à mansão da sua antiga patroa em busca de um donativo mensal, mas também para conversar um pouco e lembrar os velhos tempos.

Uma Manhã Perdida é um magistral romance polifónico que, alternando entre o solene e o cómico, a ternura e o hu­mor, nos relata a saga de uma família romena durante cem anos e, a partir desta, de todo um povo. Publicado em 1983, este é o romance que catapultou Gabriela Adameşteanu para a primeira linha dos escritores romenos.

Gabriela Adamesteanu estará em Lisboa, de 1 a 5 de Julho, para promover este romance.

Nas Livrarias a 25 de Junho

 

O Som e a Fúria - William Faulkner

O Som e a Fúria é a história da tragédia da família Compson, apresentando algumas das personagens mais memoráveis da literatura: a bela e rebelde Caddy; Benjy, o filho varão; o assombrado e neurótico Quentin; Jason, o cínico brutal; e Dilsey, o criado negro. Com as suas vidas fragmentadas e atormentadas pela história e pela herança, as suas vozes e ações enredam-se para criar o que é, sem dúvida, a obra-prima de Faulkner, e um dos maiores romances do século XX.

Esta edição, que assinala os 50 anos desde a morte do autor, conta com um prefácio de António Lobo Antunes.

Nas Livrarias a 30 de Junho

Maio 28, 2012

Novidades para Junho D. Quixote - Autores de Língua Portuguesa

     

 

Escutando o Rumor da Vida seguido de Solidões em Brasa - Urbano Tavares Rodrigues

Escutando o Rumor da Vida, como o próprio título o diz, é uma tentativa de visão global do mundo em que vivemos, mas inteiramente diferente das obras convencionais realistas e naturalistas. Bem pelo contrário, aqui reinam a excentricidade, a loucura, o humor e até o absurdo tornado real, desde a conversão do belo tenebroso Olímpio no herói da generosidade e do amor, à excentricidade erótica de Teresa Cordovil…

Já na novela Solidões em Brasa pode parecer mais natural a inquietação de Vítor Córdova, que procura no amor e no sexo, na viagem e nos seus pequenos delírios um sentido para a vida, que afinal não encontra, bem como Maria Lucília Rodrigues, pintora que acaba por se suicidar, desesperando de achar a harmonia, a verdade que perseguiu.

Nas Livrarias a 18 de Junho

 

Gabriela, Cravo e Canela - Jorge Amado

No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Jorge Amado, a Dom Quixote reedita aquele que é, porventura, o seu livro mais emblemático. Gabriela, Cravo e Canela é mais do que a história de amor do árabe Nacib e da sertaneja Gabriela. É a crónica de uma pequena cidade baiana, Ilhéus, quando passava por bruscas transformações, por volta do ano de 1925. A riqueza trazida pelo cacau possibilitara o desenvolvimento urbanístico e o progresso económico, transformando profundamente a fisionomia da cidade.

Publicado em 1958, Gabriela, Cravo e Canela recebeu no ano seguinte os prémios Machado de Assis e Jabuti. Pouco depois, em 1961, Jorge Amado seria eleito para a Academia Brasileira de Letras, em grande parte graças ao estrondoso sucesso do livro.

Nas Livrarias a 11 de Junho

Maio 27, 2012

o apocalipse dos trabalhadores - valter hugo mãe - opinião

 

Segundo livro que leio de Valter Hugo Mãe. O primeiro foi o último, “O Filho de Mil Homens. Posso dizer que comecei ao contrário, isto é, li primeiro o livro mais recente que, curiosamente, é o primeiro em que o autor “abandona” a escrita em minúsculas.

Achei “o apocalipse dos trabalhadores” simplesmente genial. Mas tenho de confessar que a escrita do autor me fez, algumas vezes, uma certa confusão. Não é apenas a questão das minúsculas, é toda uma forma de escrever muito particular e diferente; a maneira como são apresentados os diálogos por exemplo, sem os habituais parágrafos ou travessões, para tudo é praticamente e só utilizada a vírgula. Esta assume um papel crucial nas pontuações do texto, e cabe ao leitor entrar no jogo e dar a entoação à leitura consoante o decorrer na ação. A atenção terá de ser constante, o que é fácil dado o interesse que o livro suscita.

Não me é muito fácil descrever este livro, mas agora, uns dias depois de o ter concluído, encaro-o como uma espécie de sátira, uma descrição por vezes cómica, outras vezes trágica e dramática, recheada de alguma ironia, da situação de uma “fatia” da classe trabalhadora no nosso país.

A ação desenrola-se em redor de três personagens, três trabalhadores que personificam, não só as suas profissões, como também as condições e o estado do nosso país. Duas mulheres-a-dias e um trabalhador da construção civil vindo do Leste que vêm as suas vidas envolvidas pelas casualidades dos encontros e desencontros da vida. Maria da Graça e Quitéria fazem limpezas e também “uma perninha” como carpideiras em velórios, que a vida está difícil e um dinheirinho extra a acompanhar mortos solitários que não têm quem os chore, é até um ato de caridade. Fiquei curiosa de saber se realmente ainda se contratam mulheres para carpir nos dias de hoje ou se foi o autor que se deixou levar por esta ideia para acentuar a ironia das tarefas destes “trabalhadores”.

Maria da Graça fica sem o seu trabalho certo na casa do Sr. Ferreira, onde não só lhe mantinha a casa limpa mas também a cama quente, o que de início parece ser um abuso por parte do patrão, depressa se percebe tratar-se de um ato aceite e desejado por Maria da Graça, cujo marido anda embarcado e por quem não nutre particular afeição. Quando o Sr. Ferreira morre Maria da Graça perde o seu emprego e vai fazendo o que aparece, como é o caso de carpideira através dos contatos de Quitéria. Esta última envolve-se com o jovem ucraniano, recém-chegado a Portugal que, sem saber uma palavra da nossa língua, procura emprego e personifica a massa de emigrantes que procuram por cá uma vida melhor.

Exploração, mentiras, enganos, interesses, saudades e outras sensações sobejamente conhecidas, desfilam pelas páginas deste livro fazendo o leitor recordar situações semelhantes que aconteceram a alguém conhecido ou da qual ouviu falar.

Um livro sério mas que faz rir, de tão tristes histórias as suas personagens lá vão encontrando forma de viver com alguma alegria, ou não fôssemos nós o povo do “desenrasca”. A cereja no topo do bolo é, para mim, um cão desobediente e cheio de pulgas chamado Portugal.

Só lido! Vale mesmo a pena!

Sinopse

“A resistência de Maria da Graça e de Quitéria, duas mulheres-a-dias e carpideiras profissionais que, a braços com desilusões e desconfianças várias acerca dos homens, acabam por cair de amores quando menos esperam. Com isso, mudam radicalmente o que pensam e querem da vida.
Este é um romance sobre a força do amor e como ela se impõe igual a uma inteligência para salvar as personagens das suas condições de desfavor social e laboral.
Passado na recôndita cidade de Bragança, este livro é um elogio à força dos que sobrevivem, dos que trabalham no limiar da dignidade e, ainda assim, descobrem caminhos menos óbvios para a mais pura felicidade.”

Alfaguara

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