Novembro 29, 2010
O Bom Inverno - João Tordo - Opinião
“O Bom Inverno” foi uma aquisição inesperada mas uma leitura ansiada. Desde que foi editado que o “burburinho” em volta deste livro me tem vindo a aguçar a curiosidade; várias opiniões positivas recolhidas, não só deste título, como também de “As 3 Vidas”, fizeram com que tivesse imensa vontade de conhecer este autor.
“O Bom Inverno” não me surpreendeu. Nem podia, pois a fasquia já estava demasiado elevada. Devo dizer que correspondeu às minhas expectativas: uma escrita densa mas rica, inovadora e envolvente que nos prende e consome página a página.
João Tordo tem de facto o dom da escrita, a sabedoria de jogar com as palavras e com as frases. Confesso que o argumento deste livro não é de todo o género que mais aprecio, trata-se de uma história negra de perseguições e mortes, mas escrita de tal forma brilhante que me encantou.
Uma excelente descrição das personagens que vão surgindo á medida que a acção se desenrola, com os detalhes das suas personalidades e por vezes manias. Ficamos a conhecer um grupo de pessoas que se vê isolado numa casa de campo em Itália, à mercê de um justiceiro que decide fazer justiça pelas próprias mãos pelo assassinato do proprietário da dita casa. Todos são suspeitos. Mas o culpado estará neste grupo? Um desenrolar vertiginoso, repleto de surpresas e sobretudo com uma excelente caracterização da natureza humana.
Sinopse
“Quando o narrador, um escritor prematuramente frustrado e hipocondríaco, viaja até Budapeste para um encontro literário, está longe de imaginar até onde a literatura o pode levar. Coxo, portador de uma bengala, e planeando uma viagem rápida e sem contratempos, acaba por conhecer Vincenzo Gentile, um escritor italiano mais jovem, mais enérgico, e muito pouco sensato, que o convence a ir da Hungria até Itália, onde um famoso produtor de cinema tem uma casa de província no meio de um bosque, escondida de olhares curiosos, e onde passa a temporada de Verão à qual chama, enigmaticamente, de O Bom Inverno. O produtor, Don Metzger, tem duas obsessões: cinema e balões de ar quente. Entre personagens inusitadas, estranhos acontecimentos, e um corpo que o atraiçoa constantemente, o narrador apercebe-se que em casa de Metzger as coisas não são bem o que parecem. Depois de uma noite agitada, aquilo que podia parecer uma comédia transforma-se em tragédia: Metzger é encontrado morto no seu próprio lago. Porém, cada um dos doze presentes tem uma versão diferente dos acontecimentos. Andrés Bosco, um catalão enorme e ameaçador, que constrói os balões de ar quente de Metzger, toma nas suas mãos a tarefa de descobrir o culpado e isola os presentes na casa do bosque. Assustadas, frágeis, e egoístas, as personagens começam a desabar, atraiçoando-se e acusando-se mutuamente, sob a influência do carismático e perigoso Bosco, que desaparece para o interior do bosque, dando início a um cerco. E, um a um, os protagonistas vão ser confrontados com os seus piores medos, num pesadelo assassino que parece só poder terminar quando não sobrar ninguém para contar a história.”
Dom Quixote, 2010