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planetamarcia

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Janeiro 26, 2008

O Sétimo Selo

O Sétimo Selo de José Rodrigues dos Santos parte de um tema que me interessa muito, o aquecimento global e o futuro do abastecimento energético. Foi bem promovido, lançado na época de Natal e tem vendido bastante.

 

Mas tenho de admitir que ficou aquém das minhas expectativas. Penso que o autor se repete demasiado e torna a leitura maçuda e aborrecida; acho que o tema e a história não justificam as quase 500 páginas.

Confesso que tinha a ideia que o local de acção da trama seria na Antártida, pela própria capa do livro, pela sinopse e também pela divulgação que o livro teve no suplemento da Revista Volta ao Mundo de Novembro de 2007. Não culpo ninguém pois provavelmente fui eu que me deixar levar por essa ideia, mas a Antártida fascina-me muito e fiquem um pouco desiludida por apenas haver uma curta referência inicial.

 

Já tinha ficado com uma opinião semelhante quando li o "Codex 632". O herói de ambas as histórias é o mesmo, Tomás Noronha, um historiador que acaba por se envolver em várias aventuras, mantendo em paralelo os seus problemas da vida pessoal, o que sinceramente me parece desnecesario.

Ou seja, acho ambos os livros com uma estrutura muito semelhante.

 

Considero que o José Rodrigues dos Santos desenvolveu um excelente trabalho ao escrever  " A Filha do Capitão". Não sei se o género literário que explorado no Sétimo Selo será o mais adequado às suas capacidades, a verdade é que não me cativou muito.

 

 

"Um cientista é assassinado na Antártida e a Interpol contacta Tomás Noronha para decifrar um enigma com mais de mil anos, um segredo bíblico que o criminoso rabiscou numa follha e deixou ao lado do cadáver.

O mistério em torno do número da Besta lança Tomás numa aventura de tirar o fôlego, uma busca que o levará a confrontar-se com o momento mais temido por toda a humanidade. O apocalipse.

De Portugal à Sibéria, da Antártida à Austrália, o Sétimo Selo transporta-nos numa empolgante viagem às maiores ameaças que se erguem à sobrevivência da humanidade.

Baseando-se em informação cientifíca actualizada, José Rodrigues dos Santos volta com este emocionante romance aos grandes temas contemporâneos, numa descoberta que poderá abalar a forma como cada um de nós encara o futuro da humanidade e do nosso planeta."

 

Gradiva, 2007

 

Janeiro 20, 2008

O Bailarino

Li este livro em 2004 e considerei excelente; comprei-o na Feira do Livro de Lisboa onde gosto sempre de ir e descobrir algumas coisas pouco conhecidas...penso que este livro não foi muito divulgado, ou então o público pura e simplesmente não o apreciou.

 

A mim agradou-me muito, li-o rapidamente.

Confesso o meu estado de ignorância em relação à vida de Rudolf Nureyev, antes de ler "O Bailarino"; por um lado até foi bom não saber praticamente nada pois dessa forma o livro foi uma total surpresa, revelou-me os pormenores da vida pessoal e profissional deste mito do bailado.

Faz um bom contexto histórico, sempre acompanhando o passar dos anos na vida de Nureyev com os desenvolvimentos políticos vividos na Russia bem como a sua influência a nível internacional.

 

"Um camponês russo que se tornou uma lenda internacional, um exilado da guerra fria que inspirou a adoração de milhões, um artista cujo nome era sinónimo de génio, sexo e escesso. A magnificência da vida e do trabalho de Rudolf Nureyev é conhecida, mas agora Colum McCann, no seu mais ambicioso e ousado romance até à data, reinventa esta figura fortemente erótica através da luz que ele espalhou nas vidas daqueles que o conheceram."

 

"McCann escreve como se disso dependensse o destino do mundo. Não nos preocupemos, o mundo está salvo: O Bailarino é uma obra-prima." Aleksander Hemon

 

"O Bailarino tem a respiração de um grande romance russo, único modo de contar a vida de Nureyev." Frank McCourt

 

Bizâncio,  2003

Janeiro 20, 2008

Memórias de uma Gueixa

Desde a sua primeira edição em 1998 que "Memórias e uma Gueixa" me deixou curiosa e interessada.

Mas confesso que só o adquiri em 2006, já na 10ª edição. Não vi o filme. considero o livro muito bom.

 

A história de Sayuri, desde criança até se tornar uma das mais célebres gueixas o Japão.

A infância de pobreza, a forma fria como o pai se "libertou"de Sayuri e da irmã após a morte da mãe, o percurso desta até à idade adulta e a forma como se entrega a uma vida que não escolheu; fabulosas descrições de costumes e rituais do Japão de época de que se destacam as muitas sobre a cerimónia do chá.

 

"Embora estivesse ansiosa para ter a sua biografia por escrito, Sayuri insistiu em pôr várias condições. Queria que o manuscrito fosse publicado só depois da sua morte e da morte de vários homens que tinham figurado de modo proeminente na sua vida. O que aconteceu foi que todos a precederam. Um dos grandes cuidados de Sayuri era que ninguém viesse a ficar embaraçado pelas suas revelações." Jakob Haarhuis, Professor de História Japonesa na Arnold Rusoff, universidade de Nova Iorque

 

Uma viagem a ambientes de luxo, uma aprendizagem socio-cultural de um país historicamente muito rico. 

A vida de uma mulher que, apesar de não ter escolhido o seu futuro, se adaptou, cresceu, amou, sofreu e deixou este testemunho inspirador.

 

Editorial Presença, 2006

Janeiro 15, 2008

Pensamentos Secretos

David Lodge é um autor peculiar. Penso que não é suficientemente divulgado em Portugal, trata-se de uma voz relevante da moderna literatura inglesa.

 

Pensamentos Secretos é uma sátira social, uma comédia de costumes.

 

Descreve um casamento que vive de uma "normalidade" aparente, um caso extra-conjugal entre pessoas com principios morais bastante diferentes e muitas outras situações, acontecimentos e descobertas que nos entretêm numa leitura que podia ser sobre a vida do nosso vizinho do lado.

Acho que é por ter este aspecto de "isto podia muito bem acontecer" que este livro agarra e entretem; já para não falar do subtil humor inglês com que nos vamos deparando nas entrelinhas.

 

"A sua obra de ficção mais habilmente conseguida." Joyce Carol Oates

 

Apesar da sua simplicidade, comigo atingiu os objectivos principais de um livro: agarra até ao fim, faz-nos entrar na história e provoca horas de entretenimento.

 

Edições Asa, 2002

Janeiro 13, 2008

Noites de Chuva e Estrelas

Comprei e li este livro num impulso. Este tipo de histórias agrada-me muito.

 

Passado na Grécia, com descrições de ambientes que só dão vontade de fazer as malas e partir de imediato para o mar Egeu, entramos nas vidas de 6 desconhecidos que se encontram e começam juntos uma história de estrelas e sonhos.

 

É um livro de relações humanas, de sentimentos, de conversas e confidências. Vamos entrando no universo de cada uma das personagens, ficamos a conhecer o passado e assistimos a construção do futuro a partir desse encontro casual.

 

"Tão apetecível como uma lareira no meio de um nevão" The Denver Post;

 

"Nenhuma vida é vulgar. Somos todos heróis e heroínas, em luta contra o destino e o falhanço" Maeve Binchy;

 

Sinopse:

 

"Seis desconhecidos, sem nada em comum a não ser a necessidade de fugir de casa, conhecem-se numa taberna na aldeia grega de Aghia Anna. Fiona é uma jovem enfermeira irlandesa cuja família se recusa a deixá-la vivera sua vida. O académico americano Thomas sente a falta do filho e receia que a ex-mulher o afaste dele. Elsa é alemã e abandonou a carreira de apresentadora de televisão, mas alguém do seu passado não quer deixá-la partir. O tímido inglês David está determinado a enfrentar o pai dominador. aos quatro junta-se Andreas, o dono da taberna, cheio de saudade do filho que partiu para a América nove anos antes, e Vonni, uma irlandesa há muito radicada na região.

Eis a história de um Verão que vê nascer amizades e amores entre seis pessoas que a vida juntou sob a chuva e as estrelas das noites gregas..."

 

Bertrand Editora, 2007

Janeiro 08, 2008

A Sombra do Vento

A Sombra do Vento é um livro único.

Li-o rapidamente.

Muitas vezes nem sabia se estava a gostar, mas não conseguia parar. É um livro que fala da paixão pelos livros e se torna apaixonante. Agarra-nos e não nos solta mais. Mesmo depois de o terminar fica connosco.

 

Vou transcrever um trecho já bastante divulgado mas que eu considero marcante e, acima de tudo, verdadeiro:

 

"Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, o eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trás, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palácio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo - não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descubramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos-, vamos regressar. Para mim aquelas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos livros esquecidos."

 

Cheio de personagens tão fantásticas como surpreendentes, com traços de personalidade descritos de forma hábil, este livro estende-se por uma Barcelona de recantos compostos por palavras simples.

Um livro que é dos meus favoritos, uma cidade que considero fantástica.

 

Recomendo a todos os que adoram ler. A todos os que se deixam levar por esses objectos tão cheios de tudo que são os livros.

 

Dom Quixote, 2006

 

http://www.lasombradelviento.net/

 

Janeiro 06, 2008

Meia-noite ou O Princípio do Mundo

Este é um dos meus livros favoritos de sempre.

Acho muito bem escrito, bem como os outros livros do Richard Zimler...quem tem o dom da escrita tem e mais nada!

 

Neste livro conta-nos a história de mais um "ramo" da família Zarco, desta vez no início do século XIX no Porto.

Como já disse a nível literário é para mim um livro de topo. Bem estruturado, envolvente e intenso, e com um óptimo enquadramento histórico.

 

John Zarco Stewart é ainda um menino quando se lhe é revelada a sua herança judia e os perigos que ela pode representar.

Richard aborda mais uma vez a descriminação para com os judeus no nosso país; leva esta história também até ao outro lado do atlântico e explora a questão da escravatura de uma forma brilhante.

 

Gótica, 2004

Janeiro 05, 2008

Rio das Flores

Está concluído o primeiro livro que li este ano! Sinto que será dificil superá-lo!

 

Apesar das mais de 600 páginas lê-se muito rápido, a vontade de virar cada página e avançar na história é enorme.

Este livro é composto de várias coisas que me agradam: conta a história de uma familia durante 30 anos, com personagens vivas que crescem evoluem ao longo da narrativa, e que parece que ficam connosco a cada vez que se fecha o livro; faz um enquadramento histórico-social excelente tanto a nível nacional como mundial.

 

Aprofundei alguns conhecimentos que tinha e fiquei a saber coisas que nem imaginava da nossa história recente. Destaco uma das que considerei uma descrição interessante de Salazar, entre muitas outras imperdíveis:

 

"E assim, todas as noites ao serão, no Palácio de S. Bento - onde criava galinhas e patos como se ainda vivesse na aldeia e sempre assistido em tudo pela sua governanta dos tempos da Universidade de Coimbra -, aquele desconfiado beirão sentava-se na sua poltrona de sempre, descalçava as botas de polaina do século passado que insistia em usar ainda, substituía-as por umas pantufas de lã e ficava a ler e a responder a correspondência diplomática que lhe chegava dos seus embaixadores espalhados pelo mundo. Aos 47 anos de idade, fizera de si próprio o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros que nunca tinha posto um pé no estrangeiro." in Rio das Flores pág. 571

 

Diogo é o personagem que me diz mais, calculo que se passe o mesmo com a maioria das pessoas que se identifique com esta história.

A sua vontade de sair do país, de conhecer o mundo e de encontrar locais e pessoas com que se identifique prendeu-me desde o inicio do livro, ou não fosse eu também uma criatura sedenta de saber e de novas vivências.

 

Recomendo este livro a toda a gente.

 

Nem tudo o que vende muito é mau, até porque nós leitores não somos parvos!

Pensem lá os críticos o que quiserem dos tops, há mais livros maus que não vendem do que bons, ou não?

 

Oficina do Livro, 2007

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