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planetamarcia

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Outubro 08, 2017

Revista Inominável nº10 - Dois anos de Inominável

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Outubro é mês de Inominável e, na primeira sexta-feira, como sempre, ficou disponível a Inominável nº 10, um número redondo, mesmo a calhar para dois anos de aniversário. Leiam-na aqui.

Desta vez, para a minha coluna (Anexo, página 108), decidi-me a seguir o tema. O rapaz da coluna de fotografia saíu-se bem, Preto e Branco está mesmo a pedir uma belas fotos. Mas Preto e Branco como tema para uma coluna de livros? Lá me meti em trabalhos...

Leiam a revista, de fio a pavio, e não percam os queridos Inomináveis no Cá por Casa (a partir da página 6) a opinarem sobre isto que é ser Inominável. 

Ah! É verdade! Há passatempos!

Junho 05, 2017

Revista Inominável #8

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Já chegou e está disponível para leitura aqui, através do dispositivo mais à mão!

Descubram as novas participações e as do costume, leiam, leiam, leiam tudo! Um miminho especial de boas-vindas à Inominável Isaura Pereira, do blogue Jardim de Mil Histórias, companheira das andanças blogo-literárias e uma leitora cujas opiniões muito estimo. Descubram-na na página 82, Ela promete Ler o Mundo!

Partilho aqui o meu texto para o Anexo (pág.70) desta edição:

 

A Terapia dos Livros

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Recentemente têm surgido alguns “consultórios literários” e também livros que difundem a ideia de terapêutica através da leitura. Pessoalmente este conceito não me oferece nada de novo, pois eu já me “automedico” com livros há muitos anos. Sei por experiência o efeito que um livro que me agrada tem no meu bem-estar mas, inevitavelmente, e por ter a leitura como uma actividade tão pessoal, hesito em acreditar sem reservas nos “médicos dos livros”.

Já li sobre consultas online e também sobre consultórios fora do espaço virtual, o que não deixa de me surpreender numa época em que todos nos afastamos fisicamente, tendendo a preferir a comodidade das ligações no ciberespaço. Folheei um livro que é um verdadeiro compêndio de mezinhas, substituindo a camomila, a tília e demais plantas ou substâncias por géneros literários, autores ou mesmo títulos concretos, recomendados para distintas maleitas.

Aprecio todas as formas de promover a leitura e sei que os livros que nos preenchem são inevitavelmente uma forma de bem-estar, mas poderá alguém que não me conhece opinar sobre o livro que me fará recuperar de uma constipação? Não me parece. Até porque, por muito que um livro afaste indisposições, não lhe reconheço capacidade de atenuar febre e pingo do nariz. Ou seja, reconheço o potencial da literatura em processos de atenuação de mal-estar mas, como com qualquer banha da cobra, há que estar de pé atrás e não se deixar levar por milagres. Inevitavelmente, acho piada a esse tipo de compêndios (como não gostar de uma medicina dos livros ou dos médicos que prescrevem literatura?), mas arrisco a manter o meu próprio receituário.

Possivelmente estas “consultas” serão proveitosas para quem se inicia na leitura e terá necessidade de orientação. Mas não poderão as bibliotecas ter esse papel? Não será mais inteligente (e mais barato) procurar essa orientação na biblioteca junto de quem (supostamente) ama os livros e lhes dedica os seus dias? Até porque existe a possibilidade de levar livros para casa e fazer todos os testes terapêuticos que se desejar sem custos. Parece-me uma aposta vencedora. Assim como frequentar livrarias, aquelas lojas que vendem livros (só livros) e têm senhores e senhoras chamados livreiro(a)s, que devem ser dos nossos melhores amigos e inestimáveis conselheiros. Melhor que o sofá do psicólogo será tomar assento na livraria, escolher uma pilha de livros e seleccionar romances, contos, ensaios, poesia com a ajuda desse mestre que o(a) livreiro(a) deve ser na vida de um leitor.

Quando me perco por estas reflexões acabo por me entristecer com as tentativas de fazer negócio de algo tão pessoal e fundamental ao crescimento interior de cada um. Mais do que uma posologia diária, um livro é uma arma de enriquecimento individual com um poder único. Pensará por si um leitor que lê o que lhe impingem com a desculpa da cura? Ou será mais forte e imune aquele que procura o seu caminho numa perspectiva de tentativa e erro? Aquele que tanto adora como odeia um livro, que tanto o lê de modo compulsivo como tem ganas de o atirar janela fora. Aquele que pensa e defende convicções. Aquele que segue o seu caminho, mesmo quando o desvio do rebanho é inevitável.

Todos ganhamos em ser, pelo menos uma vez, a ovelha negra de um grupo. Significa que temos a capacidade de fazer escolhas, de dizer não, neste caso específico temos a liberdade de escolher o que nos alimenta a alma. Dessa forma acredito na cura pelos livros. De outro modo será apenas comprar um bilhete para a viagem que toda a gente faz. Eu por mim gosto de descobrir novos destinos.

Maio 30, 2017

A Minha Feira do Livro de Lisboa, outra vez!

Há cerca de um ano escrevi o meu primeiro artigo para a Revista Inominável. Chamei-lhe A Minha Feira do Livro de Lisboa, porque fiz (ou tentei fazer) desse espaço o meu quarto de coisas pessoais. Há mais uma Feira do Livro de Lisboa prestes a começar e uma nova Inominável quase a sair. Ando por lá a escrever sobre livros e decidi publicar pontualmente os meus artigos aqui. Boas leituras, boa Feira e boas compras a todos!

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A minha Feira do Livro é só minha. Não façam essa cara que eu sei que chega para todos. Mas a Feira que eu guardo, a Feira que eu espero sempre com ansiedade, aquela em que passeio, sozinha ou com amigos, a que trago para casa nos sacos de livros comprados e no coração, é minha. Só minha.

A Feira nunca está realmente pronta a começar no primeiro dia. Ou porque ainda não chegaram os livros a algumas barraquinhas (agora diz-se stands mas eu não quero saber), ou porque não há multibanco, ou porque não há luz. Sim, lembro-me de um ano em que não havia luz, para compensar chovia copiosamente. Que fui para lá fazer, perguntam-me?  A sério? Ainda acham necessário fazer essa pergunta? Como não ir, se a Feira começou?

A Feira deixa-me saudades desde o dia em que termina. Padeço de sentimentos nostálgicos até ao primeiro dia da Feira seguinte. A melancolia da festa dos livros assalta-me muitas vezes, e, mesmo no dia mais frio do Inverno, sou levada pelo desejo de voltar ao Parque. Imagino o caminhar acima e abaixo, a animação nos rostos, os sorrisos conhecidos com quem me cruzo sempre, todos os anos.

O cheiro das farturas surpreende-me a memória, que a Feira tem prazeres além dos livros, e eu gosto de partilhar um doce com um amigo, no meio da partilha das pechinchas do dia. Com canela e muito açúcar, peço eu, com os olhos brilhantes da gulodice contida no resto do ano. Os cristais de açúcar colados aos lábios lembram-me que nenhuma fartura me sabe tão bem como aquela, que a Feira não pode acabar sem que ceda mais uma vez (e outra) ao pecado da gula, que só é amargo o sabor da fartura que ficou por comer, prometida, mas não cumprida. Esquecida por quem a havia de ter comido comigo.

Gosto de ir logo no primeiro dia. Mas vendo bem, não é uma questão de gosto, é por não aguentar não ir. Como faltar, se a Feira já começou? No primeiro dia janta-se no meio dos livros, num ritual de amigos especiais, bebe-se a primeira ginja e fica-se até ao fim, a ver, lá do topo, a noite a cair no Parque. 

Agora, que a ansiedade desacelera a contagem decrescente, os dias que faltam são os que custam mais a passar, por serem cada vez menos. Preparo as listas de desejos, faço as contas aos meses de publicação e um cálculo aos possíveis descontos, e invento espaço para os livros que hão-de habitar as estantes.
Em 2016 teremos dezanove dias de Feira. Teremos três fins-de-semana de dias longos para assistir com mais tempo a lançamentos e todo o tipo de eventos. Em relação aos eventos, tenho que admitir que, se calhar, a diversidade começa a ser demais. Desde que vi, no ano passado, uma sessão de penteados em plena Feira, pergunto-me qual o interesse deste tipo de apresentações. Acho que não é preciso arranjar o cabelo em público para promover livros de penteados (nada contra livros de cabelos, até li um excelente este ano), ou levar a cozinha para o recinto em espetáculos de show cooking (lá vem o estrangeirismo, como se não tivéssemos nós vocabulário suficiente) para divulgar livros de receitas. E as sessões de autógrafos, claro, a par com os lançamentos dos livros são quase a nova Modalidade Olímpica. Nada contra, vou a todos os que posso, na Feira e fora dela, mas confesso, a título de segredo, e muito baixinho para que ninguém me ouça, que tenho saudades de desassociar o livro de quem o escreveu.

Hoje é impossível ler um livro sem conhecer o rosto do autor ou autora. São uma espécie de pop stars das redes sociais e demais meios de comunicação, participam em eventos (literários e não só) e sessões fotográficas, aparecem constantemente para que os seus livros não sejam esquecidos no meio da avalanche literária. E eu pergunto-me, quando passeio na minha Feira, e os observo, sentados nas mesas, de caneta na mão, se o escritor, criatura que se isola, como um bicho no seu buraco, para fazer nascer palavras de ideias, gosta de estar naquela espécie de montra, competindo por leitores no meio da confusão de gente que compra livros pelos tops e pelas capas (nada contra mais uma vez, há capas que são belas obras de arte), com música (demasiado) alta, sem esquecer a voz roufenha da senhora (sempre a mesma) que anuncia a localização exacta (nem sempre) de tudo o que está a acontecer e do que ainda espera os visitantes.

Sim, eu visito a Feira ao fim-de-semana, ou de que forma saberia isto tudo senão por observar e participar da confusão? E continuarei a fazê-lo. Mas confesso que a minha Feira é melhor durante a semana. E sabem porquê? Porque consigo ver os livros em paz, sem empurrões e sofreguidões. Sim, o objectivo é ver os livros, às vezes até nos esquecemos disso, com tanta festa, tanto balão, tanta criança a correr e a gritar, que o que interessa são os livros!

Gosto de passear com calma nas tardes de semana, investigar escrupulosamente os caixotes dos descontos e ficar feliz quando aparece aquele livro fantástico por três euros. Não me importo se a edição é mais antiga ou se a capa está marcada pelo tempo, há descobertas que são as relíquias das minhas Feiras do Livro. Vejo com calma os livros do dia, dizendo olá a quem os vende, sorrindo a quem se cruza comigo, tomando notas das possibilidades desse dia, para mais tarde lapidar os excessos (ou o que tenho que considerar como tal por limitações orçamentais), e levar para casa os felizes seleccionados.

Por vezes a estadia prolonga-se. Nos últimos anos a Hora H anima as noites de semana das dez às onze, e grupos de leitores sedentos de descontos começam a chegar pelas nove e meia da noite. Marcam-se encontros, dividem-se famílias por causa das filas, há quem transporte os novos tesouros em malas de rodinhas, dado o peso das páginas resgatadas.

A minha família de dois não fica em casa e parte para essa odisseia literária de lista no bolso. Prioridades estabelecidas, um guarda lugar na fila (coisa feia e tão portuguesa), enquanto o outro, habitualmente eu, procura os tesouros desejados. Torna-se mais divertido juntando famílias, as de sangue e as de coração, unidas pelo gosto da leitura e a paixão pelos livros. É uma hora que passa depressa, em que se corre e ri, que chega ao fim sem ter sido suficiente e que pede que se volte. E volta-se, claro, que as listas não têm fim, e nunca se regressa a casa de mãos a abanar.

Gosto da Feira solitária, em que sou dona do tempo e dos espaços que visito. Gosto de caminhar imaginando como será ler os livros que levo no saco, e de me sentar algures quando a curiosidade é tanta que começo a ler logo ali. E fico lendo, por vezes sentada na relva, mastigando palavras e levantando os olhos em observações pontuais. Tiro fotografias de memória e guardo no álbum da minha Feira traços de outros leitores. Há um velhinho desgrenhado com quem me cruzo todos os anos, normalmente à noite. É muito magro e corcunda, os cabelos não usam tesoura e evitam o pente, os dedos, tortos e retorcidos pela artrite, procuram livros que enchem um carrinho de compras que sobe (e desce) o Parque aos solavancos. Imagino-o a viver numa casa velha como ele, feita de livros. Estantes a abarrotar, livros no chão, nas escadas, livros a sair pelas janelas. Sigo-o e à chiadeira das rodas gastas, e continuo a procura infinita, a busca por novas descobertas, o prazer de olhar, tocar e escolher livros. Por vezes meto-me nas conversas de leitores indecisos, opino e sugiro, aconselho e ouço pareceres. Partilho o sorriso cúmplice da compra recente com rostos desconhecidos, contudo solidários no prazer imenso da aquisição de um livro novo.

Os meus passos atravessam as quatro estações do ano. Primavera, Verão, Outono e Inverno estão sempre presentes na Feira do Livro. Não há ano que não chova nem ano que não se sufoque nas tardes de sol. Não é estranho levar no saco um panamá e um leque, já cheguei a usar galochas e sandálias no mesmo ano. O vento também vai e no ano passado até houve um mini-tornado. Os livros não foram pelo ar (e ainda bem) mas já me aconteceu levar com um chapéu de sol na cabeça. Não é susto que se deseje, garanto.

Por todas estas razões e mais umas quantas que agora não lembro, espero ansiosa por mais uma Feira do Livro. Os planos são os mesmos, uma monótona rotina repetida ano após ano, que adoro. Quero voltar aos piqueniques com amigos, tertúlias de livros com o lanche que cada um leva e partilha. Estendemos a manta habitual e deixamos a tarde passar, veloz, pela conversa descontraída sobre as últimas leituras. Fazemos a pilha dos livros preferidos e aumentamos a pilha dos desejos em anotações nos cadernos. As listas imensas doem no tempo sempre escasso para ler, mas o prazer das linhas lidas, mesmo que poucas, enriquece-nos os dias, os meses, os anos.

Texto publicado na Revista Inominável nº3

Abril 09, 2017

Revista Inominável #7

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 A Inominável #7 já está online e desta vez (pela primeira vez) não tem tema, ou melhor, tem muitos temas, todos aqueles que os Inomináveis quiserem.

Divirtam-se a descobri-la, eu tenho para mim que está cada vez melhor. Como é da praxe, vou fazer especial publicidade aos colunistas cá de casa: eu, na página 66, com a habitual coluna sobre livros, deste feita sobre os livros que nos escolhem; o Gil, com mais uma lição de fotografia, na página 58.

É muito bom fazer parte deste projecto. Obrigada a todos os Inomináveis que melhoram a revista a cada número!

Toca a ler!

Janeiro 08, 2017

Revista Inominável #5 já disponível

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A Inominável #5 chegou com o Inverno e está cheia de temas interessantes. Descubram-na aqui.

Podem encontrar-me no Anexo (página 10), a escrever sobre livros e leituras. Desta vez A ler com as redes sociais.

Cá em casa já somos dois Inomináveis, o Gil estreia-se neste número com dicas e tutoriais sobre fotografia (página 42), e eu acho que depois de o lerem não vão resistir a pegar na máquina e testar os conselhos.

Aconchegem-se nesta leitura. Agora também a podem ler no telemovel ou no tablet. Os Inomináveis estão à vossa espera!

Partilhem com os vossos amigos!