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planetamarcia

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Novembro 13, 2016

A Célula Adormecida - Nuno Nepomuceno - Opinião

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A leitura foi rápida. As quase seiscentas páginas são feitas de adrenalina e o ritmo imposto não tem piedade do leitor. Mas isso eu já esperava, pois foi assim com a Trilogia Freelancer (O Espião Português, A Espia do Oriente e A Hora Solene). Desta vez eu queria mais.

Tem-se tornado algo difícil ler os livros de quem estimo. E o Nuno, pela sua dedicação e capacidade de trabalho, é um autor que cada vez mais admiro e que gosto de acompanhar de perto. Curiosamente, em vez de me tornar benevolente e dar palmadinhas nas costas, torno-me mais exigente e severa com as pessoas de quem gosto. Mas só com aquelas que acho que podem chegar mais longe. É uma forma esquisita de demonstrar carinho, eu sei, mas sou dura porque acredito e porque quero (quero mesmo) que quem tem talento e investe tempo e suor na escrita tenha a devida compensação.

Bom, está mais do que visto que esta opinião dificilmente será imparcial, mas, dada a natureza do que explico acima, o meu grande receio era prejudicar o autor. E isso eu não podia conceber.

O livro está lido e os receios postos de parte. O Nuno superou as expectativas e poupa-me os remorsos de ter que escrever que esperava melhor. Bom, na verdade espero mais. Espero sempre. Mas para o próximo livro.

Depois desta longa introdução quero dizer-vos que esta foi uma leitura envolvente, com várias áreas de acção, cheia de mistério e pulso acelerado. O tema é extraordinário, não só por ser actual, mas por permitir tantas possibilidades de intriga que o Nuno soube (muito bem) aproveitar.

Quem nunca pensou na possibilidade de um atentado terrorista em Portugal? Nos tempos que correm é fácil conceber essa hipótese, infelizmente. Um atentado em Lisboa na noite das eleições legislativas é a premissa para esta fantástica viagem que, mais do que um romance policial ou de espionagem, é uma brilhante chamada de atenção para a intolerância religiosa.

É notória a pesquisa e a preparação do autor para este livro, eu diria até notável, e, ao contrário do que verifiquei nos livros anteriores, a forma como a informação passa para o leitor é mais cuidada. Os dados (políticos, sociais ou geográficos) são tema suculento de diálogos, por vezes acesas discussões que aumentam o estado de alerta para assimilar informação. Os locais vão sendo descritos de modo cadenciado, sem precipitações, como um palco que vai sendo montado à medida que se desenrola a trama. Em algumas ocasiões senti que podia estar a ler um livro de viagens, nomeadamente na parte que decorre na Turquia.

Em resumo, neste novo livro, Nuno Nepomuceno toca na ferida de temas polémicos da actualidade com a sua escrita envolvente e elegante. De forma fluída e muito bem conseguida expõe o drama dos refugiados sírios, o conflito do médio oriente (ou talvez conflitos seja mais adequado) e a guerra do petróleo. Mostra uma Lisboa multicultural e (infelizmente) intolerante. Leva o leitor pela mão à Mesquita Central de Lisboa e ensina (ou não tivesse sido ele professor) o que significa ser muçulmano. Faz uma viagem pelo mundo fútil de quem vive da imagem e pela manipulação dos media. Apresenta uma das minhas personagens preferidas de sempre, Afonso Catalão, que, como tem de ser, não é o que aparenta. E é, de resto, o principal símbolo da maturidade deste livro. André Marques-Smith ficou lá atrás. Confesso que gostava de me voltar a encontrar com o Afonso noutros livros.

Se é previsível? Sim, quanto baste, mas se calhar no que menos importa. Descansem que as surpresas são muitas e estarão constantemente a repetir com os olhos arregalados “só mais um capítulo!”.

Leiam-no! É aposta segura.

Sinopse

“Em plena noite eleitoral, o novo primeiro-ministro português é encontrado morto. Ao mesmo tempo, em Istambul, na Turquia, uma reputada jornalista vive uma experiência transcendente. E em Lisboa, o pânico instala-se quando um autocarro é feito refém no centro da cidade. O autoproclamado Estado Islâmico reivindica o ataque e mostra toda a sua força com uma mensagem arrepiante.
O país desperta para o terror e o medo cresce na sociedade. Um grande evento de dimensão mundial aproxima-se e há claros indícios de que uma célula terrorista se encontra entre nós. Todas as pistas são importantes para o SIS, sobretudo, quando Afonso Catalão, um conhecido especialista em Ciência Política e Estudos Orientais, é implicado.
De antecedentes obscuros, o professor vê-se subitamente envolvido numa estranha sucessão de acontecimentos. E eis que uma modesta família muçulmana refugiada em Portugal surge em cena.
A luta contra o tempo começa e a Afonso só é dada uma hipótese para se ilibar: confrontar o passado e reviver o amor por uma mulher que já antes o conduziu ao limiar da própria destruição.
Com uma escrita elegante e o seu já tão característico estilo intimista e sofisticado, inspirado em acontecimentos verídicos, Nuno Nepomuceno dá-nos a conhecer A Célula Adormecida. Passado durante os 30 dias do mês do Ramadão, este é um romance contemporâneo, onde ficção e realidade se confundem num estranho mundo novo e aterrador que a todos nos perturba. Um thriller psicológico de leitura compulsiva, inquietante, negro e inquestionavelmente atual.”

Topbooks, 2016

Outubro 15, 2016

Topbooks - A Célula Adormecida, de Nuno Nepomuceno

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Deixo-vos a sinopse e o book trailer do novo livro de Nuno Nepomuceno, A Célula Adormecida, que está mesmo a chegar. Já o podem comprar online e a partir do dia 26 de Outubro nas livrarias.

Por aqui as expectativas são altas. O tema é actual e o Nuno já nos habituou a emoções fortes. Estou muito curiosa com este novo trabalho.

Em plena noite eleitoral, o novo primeiro-ministro português é encontrado morto. Ao mesmo tempo, em Istambul, na Turquia, uma jornalista vive uma experiência transcendente. E em Lisboa, o pânico instala-se quando um autocarro é feito refém no centro da cidade. O autoproclamado Estado Islâmico reivindica o ataque e mostra toda a sua força com uma mensagem arrepiante.

O país desperta para o terror e o medo cresce na sociedade. Um grande evento de dimensão mundial aproxima-se e há claros indícios de que uma célula terrorista se encontra entre nós. Todas as pistas são importantes para o SIS, sobretudo quando Afonso Catalão, um reputado especialista em Ciência Política e Estudos Orientais, é implicado.
De antecedentes obscuros, o professor vê-se subitamente envolvido numa estranha sucessão de acontecimentos. E eis que uma modesta família muçulmana refugiada em Portugal surge em cena.
A luta contra o tempo começa e a Afonso só é dada uma hipótese para se ilibar: confrontar o passado e reviver o amor por uma mulher que já antes o conduziu ao limiar da própria destruição.

Com uma escrita elegante e o seu já tão característico estilo intimista e sofisticado, inspirado em acontecimentos verídicos, Nuno Nepomuceno dá-nos a conhecer A Célula Adormecida. Passado durante os 30 dias do Ramadão, este é um romance contemporâneo, onde ficção e realidade se confundem num estranho mundo novo e aterrador que a todos nós nos perturba. Um thrillerpsicológico de leitura compulsiva, inquietante, negro e inquestionavelmente atual.

Dezembro 08, 2015

A Hora Solene - Nuno Nepomuceno - Opinião

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Chega o dia de começar a viagem para o fim. Abro a primeira página e quero que as quase quinhentas páginas voem a caminho da descoberta. Na dúvida do que é mais importante, se o percurso ou a chegada, não hesito e leio o fim. Fiz o mesmo no livro anterior, A Espia do Oriente, e não me arrependo em nenhum dos dois. Vivo mais o percurso assim, gosto de apreciar a construção e as reviravoltas sabendo quem vai cruzar a linha da meta. Em todo o caso é melhor não o fazerem…digo eu…

Quanto a finais não me vou deter em muitos comentários, mas tenho de dizer que o final de A Espia do Oriente me entusiasmou muito mais do que o do terceiro volume, que, acredito, será muito mais consensual e, se calhar, até solene. Mas que posso fazer? Gosto da sensação de ficar pendurada em penhascos, da pequena maldade de torturar o leitor, castigando-o com aquela pontinha de irritação que o levará ao livro seguinte assim que esteja disponível. Bem jogado.

Não vou esconder que o meu preferido é A Espia do Oriente, talvez por ter revelado uma evolução da escrita do autor e, consequentemente, um maior distanciamento qualitativo em relação ao primeiro volume, o Espião Português. A Hora Solene tem o peso do desfecho, do querer satisfazer ânsias e curiosidades e, ao mesmo tempo, evoluir para áreas mais arrojadas. Há muita acção e violência, os cenários simultâneos estão bem construídos, as pontes entre eles são lançadas no momento certo e o efeito global é muito bom. O início deste livro é fenomenal, tanto que receei um previsível esmorecimento, que se verificou. Contudo, seria necessário acalmar os ânimos e, no geral, não posso dizer que haja tempos mortos. Há talvez excesso de informação relacionada com os livros anteriores, para mim desnecessária por os ter lido quase seguidos, mas que compreendo e julgo ser útil para quem optar não ler os livros anteriores. Coisa que acho uma pena e deixo aqui o apelo de “ou tudo ou nada”, é ler a Trilogia Senhores!

Adorava contar mais coisas mas pode ser perigoso para vocês, leitores que não fazem a batota de ler o final. Por isso vos recomendo este livro, para se surpreenderem. Para se envolverem na história do André, no seu passado diferente e no seu futuro incerto. Para descobrirem, página após página, uma história bem construída, narrada de forma fluida e elegante, sem pontas soltas e questões em aberto.

Leiam os três livros do Nuno Nepomuceno e fiquem, como eu, à espera de mais e melhor. A Trilogia Freelancer está concluída e cumpre os seus objectivos de uma leitura entusiasmante que não se fica pelos meandros da espionagem internacional, mas que pisca constantemente o olho a valores de base como a família, a amizade e o amor. A humanidade que se descobre nestas páginas, e que faz com que os leitores se identifiquem e se apaixonem por este espião é, talvez, o factor diferenciador destes livros. O leitor é inevitavelmente apanhado numa teia de sentimentos que se espalha como o sangue das vidas que ficam pelo caminho. Contraditório? Definitivamente. Mas que tudo é conciliado, isso vos garanto.

Quanto a mim fica o desejo de ver o Nuno alcançar outros patamares. Continuar a subir os degraus de uma escrita que promete amadurecer, ganhar consistência e sofrer as inevitáveis depurações. Aguardo outras personagens e outras histórias. O André cumpriu os seus desígnios.

Leiam e comprem para oferecer, que é Natal. Mais logo, na Fnac Colombo, podem levar os livros para casa com autógrafo.

Sinopse

“Numa fria noite de tempestade, um homem é esfaqueado e abandonado na rua. A poucos quilómetros de distância, um terrorista pertencente a uma organização criminosa auto-intitulada O Gótico entrega-se aos serviços secretos. Ao mesmo tempo, um avião sofre um violento atentado ao sobrevoar a Irlanda e um vídeo é enviado à redação de uma famosa cadeia televisiva.
A intriga acentua-se quando um milionário começa a ser alvo de extorsão. No centro destes acontecimentos, encontra-se André Marques-Smith. Alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o espião português é obrigado a protegê-lo. Mas não está sozinho. Foragidos, dois colegas dissidentes regressam e revelam ao mundo a verdadeira génese de um antigo projeto de manipulação genética. E há ainda uma mulher. Em parte incerta, esta enigmática espia de feições orientais poderá ser a chave de todo o mistério. Mas que explicação haverá para o seu desaparecimento? Conseguirão os dois agentes ultrapassar o fosso criado entre eles?
Através de uma viagem frenética por entre os deslumbrantes cenários reais de Moscovo, Londres, Hong Kong, Macau, Praga, o Grande Buraco Azul e Lisboa, os perigos multiplicam-se e André dá por si a lutar pela sobrevivência. Questões sobre ética, moral, religião, família e o valor da vida humana são levantadas. E uma teia de falsas verdades, ilusões e complexas relações interpessoais é desvendada no derradeiro capítulo de uma série policial que já marcou a ficção portuguesa.
Inspirado num discurso de guerra de Winston Churchill, depois de ver o talento confirmado com
 A Espia do Oriente, revelado ao público através da vitória no Prémio Literário Note! 2012 com O Espião Português, Nuno Nepomuceno apresenta A Hora Solene, a terceira e última parte da trilogia Freelancer. Um romance de espionagem imprevisível, no já característico estilo sofisticado e intimista do autor, onde os valores tradicionais da cultura nacional se fundem com uma abordagem inovadora e única que o irá surpreender.” 

Topbooks, 2015

Dezembro 06, 2015

A Hora Solene, de Nuno Nepomuceno - Lançamento Nacional a 8 de Dezembro

2015 está a terminar e eu li os livros que consegui. Nunca são os suficientes e é muito maior o número de leituras desejadas do que as concretizadas. É sempre assim. Ano após ano.

Não é comum, para mim, repetir autores no mesmo ano. Tenho autores preferidos que me permitiriam andar quase um ano inteiro a ler os seus livros, pela obra vasta e pelo imenso prazer que é entregar-me aos seus escritos. Contudo, acabo sempre por andar a saltitar, dado o desejo de conhecer sempre mais (e melhor, se possível).

Este ano li três livros do Nuno Nepomuceno. Tenho duas opiniões publicadas (O Espião Português e A Espia do Oriente) e a terceira, sobre “A Hora Solene”, a marinar na minha cabeça. Preciso de dizer mais alguma coisa? Leiam a Trilogia Freelancer e descubram o trabalho do Nuno. Envolvam-se numa narrativa entusiasmante e num argumento pleno de acção.

No dia 8 de Dezembro todos à Fnac Colombo, pelas 18h30, para assistir ao lançamento nacional de “A Hora Solene”!

Parabéns Nuno, editar três livros num ano é obra!

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Novembro 21, 2015

Passatempo - A Hora Solene, de Nuno Nepomuceno

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Depois dos passatempos para os livros “O Espião Português”, e “A Espia do Oriente” de Nuno Nepomuceno, começa hoje o passatempo para o último volume da Trilogia Freelancer.

Mais uma vez com o apoio do autor, que desde já agradeço, podem ganhar 1 exemplar autografado do livro “A Hora Solene”.

Eu já li os dois livros anteriores, podem ler-se separadamente, apesar de, pessoalmente, eu achar que o leitor ganha em ler os dois livros pela ordem. Podem ler as minhas opiniões aqui e aqui. “A Hora Solene” é a minha leitura actual. Convido-vos a participar e a ficarem fãs desta Trilogia.

A acção deste livro decorre em várias cidades. Digam-me uma delas e considerem-se candidatos a ganhar este livro.

O Passatempo decorre até às 23h59 do próximo dia 29 de Novembro.

As respostas deverão ser enviadas para o e-mail marciafb@net.sapo.pt , sempre com informação de nome e morada. O nome do premiado será anunciado aqui no blogue; o vencedor será também informado por e-mail.

Serão apenas aceites participações de residentes em Portugal; podem participar as vezes que quiserem.

O envio do prémio é da responsabilidade do autor.

Boa sorte a todos! Participem!

Novembro 15, 2015

Chegou a hora das respostas - A Hora Solene, Trilogia Freelancer

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A Trilogia Freelancer está completa cá em casa. A curiosidade é muita e A Hora Solene passou à frente das outras leituras. Já estou embalada porque o início é muito bom. Nuno, espero que partas a loiça toda e que te aguentes à bomboca por mais 400 páginas (as que me faltam, coisa pouca), porque isto começou mesmo muito bem.

Como o Nuno, esse santo milagreiro, conseguiu pôr o Gil a ler (dois livros este ano senhores, é de aplaudir), e como ele acabou ontem A Espia do Oriente, prevejo que vamos ter leitura a quatro mãos, a coisa é capaz de assumir contornos de perseguição e espionagem. Neste momento levo 89 páginas de avanço. Se eu ficar muito tempo sem postar contactem as autoridades por favor. Hum… o melhor é ir ler mais umas páginas para o ir provocando…hihihi!

E para vocês, que querem saber como a Trilogia termina, estejam atentos que vamos ter passatempo para um exemplar de A Hora Solene em breve.

Maio 27, 2015

Passatempo - A Espia do Oriente, de Nuno Nepomuceno

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Depois do passatempo para o livro “O Espião Português”, de Nuno Nepomuceno, começa hoje o passatempo para o segundo volume da Trilogia Freelancer.

Mais uma vez com o apoio do autor, que desde já agradeço, podem ganhar 1 exemplar autografado do livro “A Espia do Oriente”.

Eu já li os dois livros, podem ler-se separadamente, apesar de, pessoalmente, eu achar que o leitor ganha em ler os dois livros pela ordem. Podem ler as minhas opiniões aqui e aqui. Eu estou convencida e aguardo o terceiro volume. Convido-vos a participar e a ficarem fãs desta Trilogia.

A acção deste livro decorre em várias cidades. Digam-me uma delas e considerem-se candidatos a ganhar este livro.

O Passatempo decorre até às 23h59 do próximo dia 6 de Junho.

As respostas deverão ser enviadas para o e-mail marciafb@net.sapo.pt , sempre com informação de nome e morada. O nome do premiado será anunciado aqui no blogue; o vencedor será também informado por e-mail.

Serão apenas aceites participações de residentes em Portugal, e uma por participante e residência.

O envio do prémio é da responsabilidade do autor.

Deixo-vos o booktrailer. Grande som dos Les Crazy Coconuts e pistas para responderem.

Boa sorte a todos! Participem!

Maio 16, 2015

A Espia do Oriente - Nuno Nepomuceno - Opinião

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Isto das sequelas tem que se lhe diga. A minha opinião sobre “O Espião Português” é muito positiva, quando terminei a leitura fiquei bastante ansiosa pelo próximo livro, o já anunciado “A Espia do Oriente”. Contudo, admito, tive sempre um receio em relação a este segundo livro, temi que a Espia e o Espião se envolvessem de forma romântica e que a componente de acção e espionagem ficasse em segundo plano, dando lugar a desenvolvimentos, para mim, aborrecidos e lamechas. Seria um caminho. Lógico e desejável (possivelmente) para alguns leitores, mas não para mim.

E foi um grande alívio verificar que isso não aconteceu. Não estou a dizer que eles não se envolvem, como também não digo o contrário, que é para não estragar leituras, apenas posso dizer que não há cenas que poderiam fazer descambar isto tudo em algo banal. Prova superada e ainda bem, que eu ía odiar não adorar este livro.

Mais uma vez a leitura é compulsiva, mesmo tendo este volume quase quinhentas páginas, nunca se perde o ritmo, e a vontade de saber o que vai acontecer fez-me ler as primeiras trezentas páginas praticamente seguidas. Terminado o fim-de-semana é mais difícil manter a cadência, mas os quatro dias que levei a lê-lo significam, para mim, que o autor, não só conseguiu manter o nível do primeiro livro mas também superá-lo. De facto as melhorias são notórias, tanto ao nível da escrita, que me mostrou um Nuno Nepomuceno mais palavroso, avançando em alguns casos para parágrafos mais longos, com uma riqueza de vocabulário acrescida, como ao nível das descrições das situações e cenários. Cenas de acção algo complexas, com intervenção de várias personagens, cada uma com o seu papel, a que assisti de forma quase cinematográfica, sem me perder.

A componente humana do André continua a ser, tal como no primeiro livro, fundamental. A Espia não lhe tira protagonismo, acompanha-o. Nota-se claramente a preocupação por parte do autor em que os livros possam ser lidos de forma independente, mas eu garanto que qualquer leitor retirará maior proveito lendo em sequência. Os livros completam-se, tal como esta dupla se completa na trama. Senti que se fecharam algumas pontas do primeiro livro, analisando as mesmas situações pelo ponto de vista da Espia. Aliás, é concedido várias vezes ao leitor o privilégio de saber o que cada um pensa acerca das mesmas coisas, há uma entrada directa para a as dúvidas, medos e inseguranças nas mentes das personagens, e não só das principais. Um trabalho bem conseguido, um bom exercício de escrita.

Dúvida. Confiança. Traição. Três palavras sempre presentes. Palavras difíceis de digerir. A traição é um murro no estômago, a dúvida desorienta, a confiança é frágil na presença das outras duas. Identifico-me muito com o André, confesso, acho que assim será com a maioria das pessoas, ele enfrenta dificuldades e medos comuns a todos nós, desde problemas no emprego a desilusões amorosas, passando por zangas familiares, tudo por acreditar e por se entregar. Claro que a um nível diferente, afinal o André é Espião, o que lhe confere um charme que poucos de nós terá (mas nós também não somos personagens de livros), só que ao mesmo tempo, é esse poder do terra-a-terra que faz com que se goste muito dele.

Não é que a Espia não mereça mas não vou escrever sobre ela. Apenas revelar que é uma personagem já presente no “Espião Português”, que sai do elenco secundário e toma agora o palco principal. Muito misteriosa, com uma sensualidade poderosa e um passado surpreendente, esta mulher eleva a “Dúvida. Confiança. Traição.” a um outro nível. Eu cá acho que devem conhecê-la. E depois é esperar pelo terceiro livro. Esperar de forma ansiosa e intranquila. Como convém.

“Vendo bem, acreditar nos outros sempre foi a sua maior fraqueza. (…) Gostava de ter tido a coragem de ser mau.” (Pág. 323)

Sinopse

“Dubai, Emirados Árabes Unidos.
De férias na região, um investigador norte-americano é raptado do hotel onde se encontrava instalado. Uma nova pista sobre um antigo projecto de manipulação genética é descoberta e a Dark Star, uma organização terrorista internacional, está decidida a utilizar os conhecimentos deste cientista para ganhar vantagem.
Contudo, de regresso à Europa, uma das suas operacionais resolve trair o sindicato do crime e oferece-se para trabalhar como agente dupla ao serviço da inteligência britânica. O mistério adensa-se quando esta mulher, de nome de código China Girl, impõe como única condição colaborar com André Marques-Smith, o director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português e espião ocasional.
Obrigados a trabalhar juntos para evitarem um atentado a uma importante líder europeia, uma atmosfera tensa, de suspeição e desconfiança, instala-se de imediato entre os dois. Mas que segredos esconderá esta mulher, cujo próprio nome é uma incógnita? Serão as suas intenções autênticas? Será o espião português capaz de resistir à sua invulgar e exótica beleza?
Vencedor do Prémio Literário Note! 2012, Nuno Nepomuceno regressa com A Espia do Oriente, o segundo livro da série Freelancer. Por entre os cenários reais de Budapeste, Berlim, Londres, Courchevel, Dubai e Lisboa, o autor transporta-nos para um mundo de mentiras, complexas relações interpessoais, e reviravoltas imprevisíveis. Uma reflexão profunda sobre os valores tradicionais portugueses, contraposta com a sua já habitual narrativa intimista e sofisticada, e que vai muito além do tradicional romance de espionagem.”

Topbooks, 2015