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planetamarcia

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Janeiro 17, 2010

Raparigas de Xangai - Lisa See - Opinião

 

Foi com imenso prazer e vontade que iniciei esta leitura. De facto, já há muito tempo que tinha curiosidade em relação à autora, dadas as excelentes opiniões que vim recolhendo. Não me desiludiu, adorei ler “Raparigas de Xangai”.
Agrada-me muito o Oriente, e particularmente a cultura chinesa, que acho riquíssima. Este livro cruza cerca de duas décadas na vida de Pearl e May, duas irmãs nascidas em Xangai e habituadas a uma vida desafogada na cidade conhecida como a “Paris da Ásia”. Mas de uma vida faustosa e feliz vêm-se obrigadas a encarar um duro drama familiar, e são vendidas em casamento a homens que nunca viram.
É este o ponto de partida para alguns anos de sofrimento e terror, de viagens, prisão, segredos e dor. Mas sempre pautados pela grande proximidade e união destas duas irmãs. Aliás, presente ao longo de toda a história está a forte união familiar chinesa, o conceito de clã unido que, mesmo nascido de casamentos arranjados e famílias que se formam por interesses, se mantém juntas até ao fim.
Acima de tudo é um livro sobre pessoas que mudam de país e sobre as dificuldades de adaptação e aceitação encontradas no novo destino, tanto à chegada, a cumprir os processos burocráticos, como depois… explora bem a forma como um imigrante nunca se sente totalmente “em casa”.
Considero ser, acima de tudo, um livro sobre a imigração, sobre a forma como o povo chinês se adapta a novas realidades e também sobre as alterações políticas na China que obrigaram tantos a fugir. A narrativa inicia-se em 1937 e vai até à década de 50. Apreciei a forma como Lisa See constrói e desenvolve as personagens, como elas vão crescendo, amadurecendo, se adaptam e moldam às mudanças causadas pela Guerra e pela ascensão política de Mao; excelente a descrição das perseguições aos chineses que, mesmo vivendo nos Estados Unidos, são interrogados tendo em conta o regime que se vive na China. Emocionei-me, envolvi-me e, acima de tudo, aprendi.
O que gostei mesmo foi de viver as aventuras destas duas irmãs tão diferentes mas, cada uma à sua maneira, com vontade de vencer e de se tornarem cidadãs americanas com plenos direitos. Desde os tempos em que fogem da China, ao período que passam na prisão à chegada aos Estados Unidos, passando pelo choque de irem viver com os maridos que nem conhecem, bem como a família destes em tudo tão diferente da sua, as vidas de Pearl e May são marcadas por uma constante luta pela igualdade e pelos direitos humanos.
E claro, há o segredo… que só Pearl e May conhecem, que guardam e que faz com que permaneçam sempre juntas…
Para saber… há que ler!
Sinopse
“Em 1937, Xangai era a Paris da Ásia, uma cidade de grande riqueza e glamour. Duas jovens irmãs, Pearl e May Chin, gozam a época dourada das suas vidas, graças à fortuna do pai. São ambas bonitas, modernas, despreocupadas e cosmopolitas. Um dia, porém, o pai anuncia que perdeu toda a fortuna na mesa de jogo, e que, para pagar as dívidas, as vendeu como esposas a compatriotas endinheirados que vieram da Califórnia à procura de noivas chinesas. Já com as bombas japonesas a caírem sobre a sua amada cidade, Pearl e May embarcam na viagem das suas vidas rumo à América. Recomeçam a vida em Los Angeles, tentando encontrar o amor junto dos estranhos com quem se casaram. Divididas entre o fascínio de Hollywood e os antigos modos de vida e as regras de Chinatown, esforçam-se por aceitar a vida americana, combatendo a discriminação e o Maccartismo. Pearl e May são amigas inseparáveis; porém, como todas as irmãs, nutrem, também, uma pela outra, invejas e rivalidades mesquinhas. Enfrentam sacrifícios terríveis, fazem escolhas impossíveis e partilham um segredo devastador, capaz de mudar as suas vidas.”
 
Editorial Bizâncio, 2009