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planetamarcia

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Abril 14, 2017

Rapariga em Guerra - Sara Novic - Opinião

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Impressionou-me. Sim, é o que me fazem alguns livros, normalmente aqueles que não consigo largar desde que abro a primeira página. Foi o que aconteceu com Rapariga em Guerra, que li rapidamente, envolvida pela história de uma menina de dez anos que, na Croácia, perdeu a infância para a guerra. Na verdade Ana perdeu muito mais do que a infância, mas não são esses anos mágicos uma perda já demasiado cruel?

Uma escrita simples e envolvente como a meninice, em que embrenhei com prazer e me apresentou uma mudança brusca na realidade de Ana, dos pais, da irmã bebé e dos amigos mais próximos. Há um encanto cruel nos acontecimentos sob o olhar perspicaz de uma criança, na forma como os raids aéreos se tornam mais uma peça da rotina, e de como as brincadeiras se adaptam às circunstâncias. A escassez de alimentos e a proliferação do ódio são realidades que Ana não compreende e, quando sente o verdadeiro poder do ódio, aquele que sustenta esta guerra, deixa de ser menina.

Rapariga em Guerra é, para mim, um livro sobre o poder das memórias. É sobre a forma como o que Ana viveu a acompanha sempre, e lhe condiciona as emoções. Porque há acontecimentos que marcam e a partir dos quais nada fica igual, e nasce uma dor que os anos vão esbatendo, mas que renasce como se se voltasse a premir um gatilho.

Há passados que estarão sempre na sombra de quem os viveu, mas conseguirá Ana vencer os fantasmas?

Muito bom. Recomendo sem reservas. E convido-vos para participar na tertúlia sobre este livro e A Serpente do Essex, na próxima quinta-feira, dia 20 de Abril.

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 Sinopse

“Uma saga de guerra, um relato da passagem à idade adulta, uma história de amor e de memória, Rapariga em Guerra percorre todas estas facetas e revela-se um romance de estreia ao mesmo tempo perturbador e cheio de esperança, escrito com a força da verdade.
Zagreb, 1991. Ana Juric é uma menina de dez anos com um espírito descontraído, que vive com a sua família na capital da Croácia. Mas, nesse ano, a Jugoslávia é abalada pela guerra civil, destruindo a infância idílica de Ana. A paz do dia a dia é manchada pelo racionamento, pelos constantes raids aéreos e os jogos de futebol são substituídos pelo fogo das armas. Os vizinhos começam a desconfiar uns dos outros e a sensação de segurança começa a desvanecer-se. Quando a guerra lhe bate à porta, Ana tem de encontrar um novo caminho num mundo perigoso.
Nova Iorque, 2001. Ana é agora uma estudante universitária em Manhattan. Apesar de todas as tentativas para deixar o passado para trás, não consegue escapar às recordações de guerra e aos segredos que guarda até dos que lhe são mais próximos. Perseguida pelos acontecimentos que lhe roubaram a família para sempre, regressa à Croácia depois
de uma década de ausência, na esperança de fazer as pazes com o lugar a que um dia chamou casa. Enquanto enfrenta o passado, procura reconciliar-se com a história difícil do seu país e com os acontecimentos que lhe interromperam a infância, há tantos anos.
Avançando e recuando no tempo, este livro é um retrato franco e generoso de um país devastado pela guerra, mostrando-nos, com uma escrita brilhante, a impossibilidade de separar a história de um país e a história do indivíduo. 
Sara Novic revela destemidamente o impacto da guerra numa menina e o seu legado em todos nós. É a estreia de uma escritora que olhou para o passado recente e encontrou uma história que ressoa ainda hoje.”

Minotauro, 2017

Tradução de Rita Carvalho e Guerra

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