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planetamarcia

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Julho 23, 2017

Eu Confesso - Jaume Cabré - Opinião

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Eu Confesso foi, sem dúvida, a minha melhor compra da Feira do Livro de Lisboa deste ano. Numa noite de passeio, sem expectativas de compras, passei pelo stand da Tinta-da-China durante a Hora H (sim, sempre a viver no limite).

Ora, o Eu Confesso com 50% de desconto? Quem é que o deixava lá? Eu não. Ainda não tinha lido Cabré, as referências eram (e são) fenomenais, e estava na minha lista há tempo suficiente para pegar nele sem hesitar. Mas ainda hesitei um pouco, fiz-me difícil com o livro, lamentei-me de estar a ficar sem espaço, dei mais uma voltinha, e voltei, fraca, para consumar o inevitável.

Despois desta introdução e depois da leitura, escrever sobre este livro é uma tarefa muito complicada. É tão complexo e sensacional que nem sei por onde começar. E mesmo que soubesse não saberia como o fazer. Cabré abusa de uma liberdade que eu não conhecia. Eu nem sequer sabia que era possível escrever assim, sem medo, sem regras (pelo menos as regras que eu sabia), desrespeitando espaço e tempo num jogo constante com o leitor em que este ganha. Ganha a leitura da sua vida se se souber (ou se deixar) entregar a Eu Confesso como se mais nada houvesse na vida.

Disseram-me que não é para todos os leitores. E não é. É preciso merecer ler esta história, fazer por merecer, deixar que se entranhe um pouco mais a cada página para ficar lá, no lugar dos livros da nossa vida.

Adriá lá ficará para sempre. Assim como esta história sobre conhecimento, sabedoria, amor, dor, guerra, morte. Espanha e o mundo. Presente e passado, muitos passados. E um violino.

Gostava de vos contar mais, de o descrever melhor (enfim, de o descrever simplesmente), mas não sei como. Por isso fica o desafio, não o deixem escapar.

Preparem-se e leiam-no. Merece todo o vosso empenho.

Sinopse

“Na Barcelona franquista, o pequeno Adrià cresce num amplo e sombrio apartamento; o pai está determinado a transformá-lo num humanista poliglota, a mãe, num violinista virtuoso. Brilhante, solitário e tímido, o rapaz procura satisfazer as ambições desmesuradas que depositam nele, até ao dia em a morte violenta e misteriosa do pai o leva a questionar a origem da fortuna familiar. Meio século depois, Adrià recorda a sua vida, indissociável do turbulento percurso de um violino excepcional. Da Inquisição ao nazismo, de Barcelona ao Vaticano, vai-se desvelando a cruel história europeia: uma cadeia de eventos iniciada na Idade Média, com repercussões trágicas até à actualidade.”

Tinta-da-China, 2016

Tradução de Maria João Teixeira Moreno

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