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planetamarcia

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Outubro 03, 2013

Uma Casa em Portugal - Richard Hewitt - Opinião

 

“Uma Casa em Portugal” é, acima de tudo, um livro divertido. Bem escrito mas sem grandes pretensões literárias, é uma sátira ao nosso país, às suas disfunções (que são muitas), e uma análise interessante do nosso povo.

Recua à década de oitenta, quando Richard e Barbara decidem deixar os Estados Unidos e viver em Portugal. Nos seus planos está a aquisição de uma casa degradada para fazerem obras de recuperação e restauro. Um plano interessante até de certa maneira altruísta, que demonstra um certo despojamento pela ostentação e luxo, uma procura por um estilo de vida simples e auto-suficiente.

Estará Portugal preparado para satisfazer os desígnios deste casal? Sim, está. Mas ao seu ritmo e sob as suas regras. Richard e Barbara descobrem um país com leis muito particulares que se adaptam às situações de forma muito própria, ou seja, a república das bananas que todos conhecemos.

É interessante ler descrições acerca do funcionamento dos nossos serviços públicos ou do método de trabalho dos profissionais portugueses. Situações que ocorreram há cerca de 30 anos mas que mantém uma actualidade impressionante, e merecem ser lidas e analisadas tendo em conta que representam o olhar de dois americanos que “caíram” num Portugal de cunhas e baldas, onde as situações se resolvem apenas perante medidas drásticas.

Fica a amizade que acabam por desenvolver com os vizinhos e até com os trabalhadores da construção da casa, apesar dos seus horários de trabalho sui generis. Fica o mais importante, pois a nossa culinária e famosas iguarias não os convencem. Eles nem gostam de bacalhau.

Um livro que vale pelo que diverte e pela forma como aborda o nosso modo de vida; para reflectir sobre as mais banais situações do dia-a-dia. Um interessante exercício de “olhar de fora”.

“- Senhor License?

Era a rapariga da portaria. A forma peculiar de me chamar remontava ao dia em que nos registáramos no hotel. Como o nosso último nome era difícil de ortografar, tinha cometido a asneira de dar ao empregado a minha carta de condução americana para ele poder transcrevê-lo. O homem limitara-se a olhar para a primeira linha, de modo que no registo oficial do hotel ficara exarado Mr. e Mrs. Driver’s License.” (Pág.36)

Sinopse

“Uma história verdadeira que relata as alegrias e as frustrações de um casal de americanos a viver em Portugal.

Para escapar ao inverno rigoroso da Nova Inglaterra, Richard e Barbara Hewitt decidem comprar uma casa com 300 anos situada numa aldeia minúscula nos arredores de Lisboa. Assim começam as aventuras -- e as desventuras -- do casal. Em breve descobrem que a sua pitoresca casa de sonho é não apenas estruturalmente frágil, como não possui nenhuma das condições básicas de conforto. Por outro lado, o contacto com a população local revela-se frequentemente desconcertante. António, o auto-proclamado mestre pedreiro e carpinteiro, mostra-se exímio na arte de arranjar desculpas para faltar ao trabalho, e Alberto, o electricista, desempenha as suas funções de uma forma extremamente sui generis, isto é, por tentativa e erro.

Servido por um humor irresistível e, afinal, por uma ternura muitas vezes tocante pelas coisas portuguesas, Uma casa em Portugal irá certamente deliciar o leitor. As considerações de Richard Hewitt sobre a «lógica singular» do estilo de vida português surgem impregnadas dessa frescura que é apanágio dos observadores estrangeiros, capazes de se espantarem com um sem número de idiossincrasias e peculiaridades que nos passam despercebidas...”

Gradiva, 2001

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