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planetamarcia

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Setembro 10, 2017

O Ladrão que Estudava Espinosa - Lawrence Block

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Os policiais são, quanto a mim, livros de eleição para descomprimir. Como intervalos de leituras mais exigentes (não que estes não o sejam), ou simplesmente porque sim. Adaptam-se sempre a qualquer circunstância. Não leio tantos como gostava, e alguns deles nem chego a trazer aqui para o blogue, mas é um género que me interessa pois, mesmo a relaxar, mantém a cabeça em ebulição.

O que ainda não me tinha acontecido era ler um policial tão bem escrito como este. Literariamente falando. Tenho este tipo de livros como lineares ao nível da escrita, que permitem uma leitura rápida, e trato-os como entretenimento que tanta falta faz.

Percebi que Lawrence Block escreveu um rol de livros de meter inveja e que é muito apreciado pelos fãs (que são muitos). Uma das suas séries mais famosas é a do detective Bernie Rhodenbarr, um ex-ladrão em recuperação, dono de uma loja de livros usados (como não gostar de Bernie?), com um talento nato para abrir toda a espécie de fechaduras. Tive o prazer de conhecer Bernie nesta leitura.

Este livro foi escrito em 1980, e foi engraçado regressar a uma época em que as pessoas contactavam por telefone fixo, não enviavam e-mails nem sms, e marcavam encontros sem dezenas de chamadas de confirmação.

Bernie e a amiga Carolyn vão assaltar uma casa (sim, eu disse que Bernie estava a tentar deixar o vício de roubar) e, a partir daí (como sempre acontece) tudo corre ao contrário do previsto.

Bernie é ardiloso e inteligente, apesar de não parecer está sempre uns passos à frente da polícia (a quem tem de convencer que não matou a dona da casa assaltada que regressou mais cedo do que o previsto) e dos supostos verdadeiros homicidas.

Uma viagem que vai para além do mundo do crime, que apresenta ao leitor um certo glamour em ser ladrão e que o presenteia com detalhes interessantes sobre o (sub)mundo dos receptadores dos valiosos objectos roubados. Tudo isto com uma pitada de sentido de humor muito particular.

A edição é da Cotovia num lindíssimo azul que se estende à parte de fora das páginas. Foram editados mais dois livros do autor, suponho que a colecção não tenha vingado por cá. Garanto-vos que é uma pena.

Sinopse

“Bernard Rhodenbarr é um detective com uma particularidade única: é obrigado a investigar crimes para provar à polícia que não foi ele que os cometeu. Livreiro em Nova Iorque, Bernie cultiva outras paixões, mais lucrativas — como abrir fechaduras sem usar chaves e pilhar a propriedade alheia. Desta vez, o que faz é apropriar-se de uma moeda de cinco centavos — mas um V-Nickel, raridade estimada em meio milhão de dólares. Depois do roubo ocorrem dois assassinatos relacionados com o desaparecimento da peça. De quem desconfia a polícia? Enquanto administra os conflitos entre Carolyn, sua cúmplice, e Denise, sua amante, Rhodenbarr põe em prática um plano para se salvar. Terá de usar todo o seu talento com fechaduras e de procurar nos escritos do filósofo Espinosa as chaves para desvendar o caso, isto é: para continuar apenas com fama de ladrão.”

Cotovia, 2011

Tradução de Maria Helena Rodrigues de Souza