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planetamarcia

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Fevereiro 27, 2016

A Vida Inútil de José Homem - Marlene Ferraz - Opinião

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Não é fácil encontrar um livro que encante tanto pela história, como pela qualidade da escrita. Não consigo decidir o que pesou mais para me apaixonar por este romance.

A história comovente de um homem sozinho que prepara diariamente, num exercício de mentalização, a sua própria morte, mas que permite que um menino ocupe, aos poucos, o vazio dos seus dias.

José Homem e Antonino são os amigos improváveis que enchem de beleza as páginas que voam como se não houvesse tempo ou espaço. Se houvesse uma dimensão da leitura este seria daqueles livros que me levaria directamente para lá, para uma espécie de bolha isolada feita de silêncio e solidão.

Não há lugar a lamechices nem desenvolvimentos desnecessários. A escrita é incisiva, limpa e muito poética, de uma elegância e simplicidade muito belas. Marlene Ferraz faz magia com as palavras. Fez-me permanecer em algumas páginas pelo tempo suficiente de desmanchar todas as letras. Tentativa vã (mas deliciosa) de entender como se escreve assim.

Podia contar-vos mais, mas o que seria da vossa descoberta?

Além disso tenho de ir guardar mais umas passagens, que o livro é emprestado (obrigada a quem, literalmente, me obrigou a lê-lo), e terei de me separar dele.

Sinopse

“As idas à grande cidade para se libertar da herança dum pai coronel verticalmente duro e duma mãe extravagante e desligada fazem com que José Homem se sinta no bom caminho para uma morte sem memórias nem saudade.
Descrente no governo de deus e, sim, também das circunstâncias, é por mão do padre, aliado e confidente, que se vê obrigado a relacionar-se com um dos rapazes estrangeiros recebidos no orfanato. A companhia de Antonino vem despertar em José Homem um sopro inesperado
de amor e vontade.”

Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2012

Gradiva, 2013

Fevereiro 21, 2016

Bem-vindos a Esta Noite Branca - Gonçalo Naves - Opinião

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Desde que soube que o Gonçalo Naves tinha publicado um e-book que o quis ler. Mas adiei. Depois veio o livro físico e a vontade aumentou, que eu gosto mesmo é de livros com páginas de papel, que se moldam nas mãos e se podem cheirar. Continuei a adiar. A minha procrastinação era acompanhada pelos excertos do livro partilhados nas redes sociais. O meu interesse aumentava.

Um dia, ainda eu adiava o que a partir desse dia foi inadiável, o Gonçalo convidou-me para apresentar o livro. Fiquei muito surpreendida (em choque, vá) e assustada (aterrorizada, pronto) com a ideia de falar em público. Então decidi aceitar de imediato (não faz sentido, eu sei), porque se pensasse muito acabava por dizer não. E porque, apesar do receio (terror), eu fiquei muito feliz com o convite.

Achei que leria este livro como nunca tinha lido nenhum outro, que absorveria cada página com o propósito de construir um discurso verbal sobre ele. Antes de começar pensei em como o leria sem esse compromisso. Sinceramente acho que não seria uma leitura muito diferente, pois acabei por me deixei embalar pelas palavras e, lendo e relendo passagens favoritas, não pensei muito na apresentação.

Bem-vindos a Esta Noite Branca lê-se de uma penada mas eu recomendo moderação. Recomendo que se demorem nas frases, que as leiam várias vezes antes de mudar de página, sobretudo as preferidas, aquelas que vão querer que a memória não apague, e acreditem que serão bastantes. Possivelmente ficarão tão surpreendidos, como eu, com a maturidade da escrita do Gonçalo. Num estilo desafiante, que não esmorece, a leitura é estimulada pela complexidade da escrita e pelas múltiplas possibilidades de interpretação oferecidas pelo autor. O leitor não descansa, entrega-se.

Muito mais do que o conteúdo, destaca-se a forma. A história de Vasco e da sua família é comum, não há surpresas ou truques para agarrar o leitor, os acontecimentos são reais. Vasco nasce com um problema de saúde raro, para o qual os médicos não têm resposta ou solução. Os pais sofrem durante toda a infância do menino, que não reage, passando anos como um vegetal. Toda esta dinâmica é criada para explorar sentimentos, para ir ao fundo do sofrimento e impotência dos pais. E depois é como um novelo de dor que se alastra aos avós maternos e paternos, e que envolve toda a família em observações e considerações.

Atribuí uma enorme importância ao narrador, por ter a particularidade de assumir várias vozes. O narrador cria um forte elo de comunicação com o leitor, apesar de ser móvel. É a voz do pai, da mãe, dos avós e até, a dada altura, do próprio Vasco. É provocador e manipulador, diz o que pensa sem receio do julgamento, e sem diplomacia. É cru e real. É muitos dos nossos pensamentos, aqueles que por vezes preferimos não assumir. É nos comentários e opiniões do narrador (em qualquer das vozes) que começa a reflexão do leitor. É na dureza das palavras que cada um dos leitores constrói, de forma muito própria, o seu percurso por este livro.

Bem-vindos a Esta Noite Branca está escrito de forma corajosa. A complexidade das relações familiares é desenvolvida até ao âmago, dissecando perspectivas e contrapondo opiniões.

O autor escreve com uma liberdade admirável sobre a doença e sobre a morte, sem receio de se perder nesse vazio. E não se perde. Desenvolve a aprofunda. Expõe e oferece reflexões como pontas soltas que o leitor pode puxar e continuar a trabalhar, sempre a pensar.

Senti que não há temas difíceis ou proibidos para o Gonçalo. Quem escreve deste modo denso e intenso não pode parar.

“(que será de mim quando se acabar o dia e a noite me trouxer a incerteza de todas as horas? O tempo esvazia-nos de tudo, só de tormentos nos vai enchendo. Por mais que demore, e que pensemos que não, chega sempre a altura de não esperarmos mais nada, de sermos só nós com nós mesmos.

Há pessoas que se vão embora de nós. Se calhar é-nos isso pior que morrerem, não que se deseje a morte a alguém mas a verdade é que quando alguém se vai embora de nós e continua presente nos outros é como se nos passasse a flutuar por cima da cabeça e nos acompanhasse para tudo o que é sítio. Flutua-nos em cima e carrega pedaços de tempo que nos faltam, há tempos que nos faltam, há tempos que me faltam, tempos que me hão de faltar e que por muito que os disfarce com contentamentos de vária ordem sempre aqui estarão espalhando-me grãos de saudade por todo o corpo e lembrando-me das minhas desatenções

passadas. Penso nisso com pena, ao menos que me previnam de desatenções futuras, nunca é tarde para se ser melhor do que se foi ontem.

Mas o que importa? Continua a chover nos dias em que quero que chova, tenho um guarda-chuva larguíssimo, uma coisa desproporcional, quase maior que um sombreiro de praia. Derivado a essa grandeza nenhuma gota me toca, não pode haver felicidade maior, sou tão feliz. Tenho uns sapatos oferecidos por uma tia afastada providos de uma artimanha qualquer que nunca se me entra água pelos pés, tenho quatro ou cinco amigos e uns senhores idosos que jogam às cartas numa mesinha já meio podre aqui no meu bairro. Entusiasmam-se com o jogo, riem-se como se fossem jovens. Entusiasmo-me com eles, rio-me como se fosse velho.

Que mais pode alguém querer?)”   (Pág. 27)

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Fotografia de Gil Cardoso tirada durante a apresentação do livro na Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em 16 de Fevereiro de 2016. 

Fevereiro 19, 2016

D. Quixote - Judas, de Amos Oz

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O mundo do jovem Samuel Asch está a entrar em colapso: a namorada abandona-o, os pais declaram falência e ele vê-se obrigado a procurar trabalho, abandonando os estudos na universidade e interrompendo a sua tese de doutoramento – um tratado sobre a figura de Jesus aos olhos dos judeus. Nesse momento de desespero, Samuel encontra refúgio e emprego numa antiga casa de pedra situada num extremo de Jerusalém. Durante algumas horas diárias, a sua função é servir de interlocutor a Gershom Wald, um septuagenário com uma vasta cultura. Mas aí mora também Atalia Abravanel, uma mulher enigmática e sensual. Na aparente rotina da sua nova morada, o tímido Samuel sente uma progressiva agitação causada pelo desejo que Atalia desperta nele, mas também pelos mistérios que o rodeiam: Quem é realmente Atalia? O que a liga a Gershom? Quem é o dono da casa onde vivem? Que histórias escondem aquelas paredes?

Prémio Internacional de Literatura Casa das Culturas do Mundo 2015

Nas livrarias a 23 de Fevereiro

Fevereiro 15, 2016

Teorema - Os Dez Livros de Santiago Boccanegra, de Pedro Marta Santos

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Santiago Boccanegra, neto de marinheiros, sobreviveu à poliomielite lendo Moby Dick e vingou-se dos duros que o perseguiam na escola fazendo-se boxeur. Trabalha agora como segurança de um hotel de Lisboa, onde Laura Rutledge, única sobrevivente de um desastre aéreo, se perde como prostituta de luxo. Depois da tragédia que lhe é infligida nas Montanhas Malditas, o misterioso albanês Aamon Daro cultiva papoilas na Birmânia e, com o lucro do ópio, colecciona obras de arte, que gosta de encenar ao vivo. Jin, uma tímida adolescente norte-coreana, apaixona-se graças a uma canção dos Beatles e é obrigada a fugir para o Ocidente. Num caderno enterrado com a musa do poeta Dante Gabriel Rossetti aparece um soneto posterior ao óbito – e talvez seja de Pessoa.

Saint-Exupéry, desaparecido no deserto líbio após a queda do seu avião, encontra, além da raposa que o ignora, uma criança de uma tribo que se julgava extinta. Estas e muitas outras personagens reais e ficcionais vão formar uma enigmática teia em que os fios soltos acabam por unir-se num final surpreendente.

Romance finalista do Prémio Leya

Nas livrarias a 23 de Fevereiro

Fevereiro 08, 2016

O Paraíso Segundo Lars D. - João Tordo - Opinião

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A O Luto de Elias Gro segue-se O Paraíso Segundo Lars D.

Tinha consciência da dificuldade que seria igualar o prazer que senti ao ler o primeiro e, portanto, preferi manter as expectativas baixas. Enfim, não propriamente baixas, pois na verdade as expectativas eram altíssimas, ou não fosse um livro do João Tordo, mas tentei não me deixar levar pelo entusiasmo e pelo desejo de me envolver da mesma forma.

E fiz bem. Gostei mais de O Luto de Elias Gro. Mas a continuidade ou, talvez, a sensação de regresso fizeram com que me envolvesse de igual forma. Talvez até tenha sido embalada, sim, julgo que a palavra é essa, embalada pela beleza do ambiente sombrio, melancólico e soturno para onde Tordo me leva. Ao invés de medo, sobressalto, angústia, insónias, como alguns leitores que partilharam opiniões comigo viveram, eu senti-me alerta, viva, feliz. Não porque goste que as personagens sofram ou lamentem a sua sorte, mas porque é muito raro ler um livro que apaga tudo, um livro que, quando se abre se torna tudo o que existe. Sim, posso ter gostado mais das personagens do primeiro livro, ou até do rumo da narrativa, mas quando me apaixono assim pelas palavras, todas as histórias são belas.

E gosto dos diálogos. Muito. São uma espécie de transferências imperceptíveis sem início anunciado mas intuitivos e fáceis de identificar.

Tenho de falar da voz. Sim, a voz deste livro é a mulher de Lars, o escritor do Luto de Elias Gro. É uma voz que cresce, que parece estar na sombra do marido até ao dia em que ele vai embora com uma rapariga que acaba de conhecer. É uma voz que ganha identidade na solidão, que se encontra, avança e recua. Que desaparece para a segunda parte em que o narrador revela o que pode ter acontecido (ou aconteceu mesmo?), e que regressa para, até ao fim do livro tentar descobrir se o que encontrou era o que procurava.

“É possível que todos os livros sejam inúteis, se lemos para nos esquecermos de nós, para debelarmos a ferida de existir. Se formos previdentes, os livros também nunca nos magoam. Salvem-se de ler Kafka de madrugada, ou Virgínia Wolf se estiverem internados com uma pancreatite. As pessoas, sim, essas magoam-nos: são uma dádiva mas também agravam a nossa ferida, escarafuncham nela e fazem-na sangrar.” (Pág. 15);

“Dizemos que a solidão é estarmos sozinhos, mas a solidão é uma presença fortíssima de nós próprios nas coisas que nos rodeiam. Olha aqueles vasos na varanda despidos de plantas, olha as almofadas desarrumadas em cima do sofá, olha a fotografia de família na cómoda junto da cama e o espaço sem ninguém, os lençóis franzidos, tudo isto somos nós, tudo isto respira a nossa respiração e é dotado dos nossos sentimentos, por isso nunca estamos sozinhos, quando muito estamos cheios de nós, e é isso que a solidão faz, enche tudo com a nossa presença e, se acaso nos apanha melancólicos ou derrotados, então tudo é melancolia e derrota, sem mais ninguém para dotar as coisas de uma outra cor.” (Págs. 36 e 37);

Sinopse

“Numa manhã de Inverno, Lars sai de casa e encontra uma jovem a dormir no seu carro. Ele é um escritor sexagenário e, poucas horas mais tarde, parte em viagem com a jovem deixando para trás um casamento de uma vida inteira e um romance inédito: O luto de Elias Gro.”

Companhia das Letras, 2015

Uma leitura Roda dos Livros – Livros em Movimento

Fevereiro 02, 2016

Os Interessantes - Meg Wolitzer - Opinião

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Fico sempre intimidada quando penso em escrever sobre livros longos. Os Interessantes tem quase seiscentas páginas, mas na verdade tem tanto conteúdo dentro dessas páginas que, olhando para trás e recordando a leitura, até parecem poucas.

Quem é que pensava, quando era criança, que crescer seria o máximo e que o futuro estava cheio de coisas fabulosas à sua espera? Muita gente, suponho, mas para o caso importa o grupo de adolescentes que cresce pelas páginas deste livro. Jules, Cathy, Jonah, Goodman, Ethan e Ash conhecem-se num campo de férias e decidem, um pouco por acaso, entre charros e divagações, que serão Os Interessantes, um grupo único e especial, que estará sempre ligado às artes. Todos eles terão carreiras de sucesso, e não aceitarão nada menos do que isso. Serão sempre amigos. Permanecerão sempre juntos.

O livro, que é, acima de tudo, extraordinariamente real, leva-nos exactamente para onde imaginamos. Os anos passam, a vida segue, e Os Interessantes vão perdendo o interesse, ou pelo menos alguns deles, pois que a vida reserva sempre lugares especiais para uma escolhida minoria. A amizade poderá sobreviver aos planos falhados? A frustração e a cobiça poderão adulterar esse sentimento nobre? E se este grupo se tivesse conhecido mais tarde, na idade adulta, haveria alguma coisa que o ligasse?

E quem nunca pensou onde poderia estar agora se, em determinada altura do passado, se tivesse desviado ligeiramente da rota? Jules pensa nisso quando olha para a sua casa modesta, para a sua carreira de terapeuta, tão distante dos sonhos de viver para pisar o palco. E quando, inevitavelmente, olha para a vida grandiosa da melhor amiga Ash que, ao casar com Ethan, assinou o contrato que lhe trouxe uma vida financeira folgada e plena de realização profissional (sim, sabemos que o dinheiro não é tudo, mas que abre muitas portas lá isso abre), Jules deve recordar com alguma amargura o dia em que rejeitou namorar com Ethan. E Ethan saiu-se bem, foi o único que verdadeiramente levou a cabo o projecto dos interessantes e se tornou um deles. Os outros, à excepção de Ash, que como já disse casou com Ethan, ficaram no patamar dos normais.

Mas como a vida é feita de pessoas normais, com alguns interessantes para fazer sonhar e abrilhantar a coisa, aqui temos um livro que, sem se tornar chato e mantendo sempre vivo o interesse (é pecaminosa a quantidade de vezes que se pensa na palavra “interessante” e suas derivadas durante a leitura ou conversas sobre este livro), descreve os altos e baixos das vidas de pessoas ditas normais. Pois até quando descreve as rotinas dos mais privilegiados, o faz, muitas vezes pelos olhos de quem não chegou lá, de quem acreditava nos sonhos da juventude e queria mais, muito mais da vida.

Não é um livro deprimente que apele ao sentimento de pena ou comiseração. É um livro escrito com uma inteligência que merece reconhecimento, com o realismo cruel da vida de todos os dias, que aborda temas com que o leitor se identifica, que atravessa décadas com uma coerência extraordinária, podendo mesmo ser encarado como uma homenagem ao final do século XX e início do século XXI, pela contextualização dos acontecimentos, modas, estilos de vida, aspirações e sonhos (os que se mantêm atravessando décadas e os que, inevitavelmente, ficam pelo caminho).

Mais do que dizer-vos quem é quem, quem faz o quê, quem casa, separa, tem filhos, vive ou morre, quero dizer-vos que este é um livro a ler porque nos faz acreditar que é tudo verdade, que assim aconteceu, porque é tão verosímil como o dia-a-dia de cada um de nós, do mais ao menos interessante.

“Gostaria só de apreciar mais o que faço para ganhar a vida. Ficar realmente desejoso de ir trabalhar todos os dias. Estou sempre à espera de que isso aconteça, mas não acontece.“ Pág. 328

Sinopse

“Numa noite de verão de 1974, seis adolescentes planeiam uma amizade para toda a vida. Jules, Cathy, Jonah, Goodman, Ethan e Ash ensaiam a atitude cool que (esperam) os defina como adultos. Fumam erva, bebem vodka, partilham os seus sonhos.
E, juram, serão sempre Os Interessantes.
Ao longo da adolescência, o talento artístico destes seis amigos foi sempre satisfeito e encorajado. Mas o tipo de criatividade que é celebrada aos 15 anos nem sempre é suficiente para impulsionar a vida aos 30 - para não falar dos 50. Nem todos vão conseguir manter viva a chama que os distingue na juventude.
Décadas mais tarde, a amizade mantém-se embora tudo o resto tenha mudado. Jules, que planeava ser atriz, resignou-se a ser terapeuta. Cathy abandonou a dança. Jonah pôs de lado a guitarra para se dedicar à engenharia mecânica. Goodman desapareceu. Apenas Ethan e Ash se mantiveram fiéis aos seus planos de adolescência. Ethan criou uma série de televisão de sucesso e Ash é uma encenadora aclamada. Não são apenas famosos e bem-sucedidos, têm também dinheiro e influência suficientes para concretizar todos os seus sonhos. Mas qual é o futuro de uma amizade tão profundamente desigual? O que acontece quando uns atingem um extraordinário patamar de sucesso e riqueza, e outros são obrigados a conformar-se com a normalidade?”

Teorema, 2014

Tradução de Raquel Dutra Lopes

Fevereiro 01, 2016

D. Quixote - O Rio do Esquecimento, de Isabel Rio Novo

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Inverno de 1864. Sentindo a morte a aproximar-se, Miguel Augusto regressa do Brasil, onde enriqueceu, e instala-se no velho burgo nortenho, no palacete conhecido como Casa das Camélias, com a intenção de perfilhar Teresa Baldaia e torná-la sua herdeira. No mesmo ano, Nicolau Sommersen pensa em fazer um bom casamento, não só para recuperar o património familiar que foi esfarelando, mas sobretudo para fugir à paixão que sente por Maria Adelaide Clarange, senhora casada e mãe de três filhos. Maria Ema Antunes, prima de Nicolau e governanta da Casa das Camélias, hábil e amargurada com a vida, urdirá entre todos uma teia de crimes, segredos e vinganças.

Subvertendo as estratégias da narrativa histórica, com saltos cronológicos que deixam o leitor em suspenso mesmo até ao final, Rio do Esquecimento descreve com saboroso detalhe a sociedade portuense de Oitocentos e assinala o regresso à ficção portuguesa de uma escrita elegante que consegue tornar transparente a sua insuspeitada espessura.

Romance finalista do Prémio Leya

Nas livrarias a 16 de Fevereiro