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planetamarcia

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Dezembro 31, 2014

Não se encontra o que se procura - Miguel Sousa Tavares - Opinião

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Neste livro há um pouco de tudo. Desabafos, memórias, relatos de viagens. Envolvi-me muito com os textos sobre o processo de escrita e o grande prazer de escrever. Por me identificar, por gostar muito de ler e escrever.

Gosto do estilo do Miguel, da forma como se “está nas tintas” para o que pensam dele, e do modo como diz o que pensa e lhe apetece. Por um lado acho sempre os seus livros libertadores, mas por outro questiono a atitude de quem acha que tem sempre razão, ou assim o Miguel aparenta. Gosto da ideia do tipo que faz e diz o que quer, invejo-a às vezes, mas ao mesmo tempo deixa-me um bocado de pé atrás. Esta contradição sempre me impeliu para os livros dele. A rebeldia dá estilo, deve ser isso.

Enfim. Apesar deste “Não se encontra o que se procura” (excelente título, completamente verdade e com diversas aplicações) ser um bocadinho para o morno, está lá o Miguel rebelde, curioso e com sede de conhecer, que corre o mundo em viagens e olhares, a bagagem cultural, a entrega aos livros, a vida mundana, os vícios e os prazeres.

O início é promissor mas depois, infelizmente, vai arrefecendo. Alguns textos saboreiam-se com um sorriso, em algumas ocasiões sente-se mesmo o cheiro das comidas e de outras paragens. Irei certamente reler algumas passagens mais marcantes, mas esperava mais.

“(…) eu escrevo para dar um uso às palavras que todos temos de usar, de deitar cá para fora. Porque, por mais importante que o silêncio seja para mim - e é – há alturas em que o silêncio esmaga e eu preciso combate-lo, escrevendo. Mas também escrevo por prazer – nem sempre, mas em alguns dias ou noites mágicas, em que parece que voamos sobre as páginas, numa espécie de levitação absoluta, que suponho seja aquilo a que se chama inspiração.” (Pág. 104)

Sinopse

“A escrita, a viagem, a memória, a vida fora da espuma dos dias, a descoberta, o apelo do desconhecido, o instante em que tudo pode acontecer, tudo isto está no novo livro de Miguel Sousa Tavares.
Nesta viagem fora do seu quarto, o autor transporta-nos ao seu mundo mediterrâneo, ao sul de Portugal, à Croácia, a Roma, à Sicília, ao Brasil e aos lugares da História por onde passaram figuras gigantes. No regresso a casa, explica a razão da sua escrita. A sós, com as palavras, viaja para dentro de si para partilhar aquilo que só os grandes contadores de histórias sabem fazer, seguindo o lema: "Viajar é olhar".”

Clube do Autor, 2014

Dezembro 27, 2014

O Meu Irmão - Afonso Reis Cabral - Opinião

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Não havia nada que me preparasse para o choque e a raiva que senti no fim da leitura de “O Meu Irmão”. Cheguei ao fim sem ter lido nenhuma opinião publicada, nenhum comentário a este livro, apenas assisti a alguns encolher de ombros e expressões de estranheza e mistério de quem o tinha lido.

Não estava na completa ignorância, sabia que o livro escondia algo. E assim o li, sempre à espera de descobrir não sabia eu o quê, como seria, nem quando aconteceria. Uma coisa é certa, o encanto (bom ou mau) deste livro está em não se saber ao que se vai. Quando o chão nos sai dos pés esquecemos até o nosso nome. Por isso aconselho a quem ainda não leu e tenha intenção de o fazer que fique por aqui. Guarde a leitura desta opinião para mais tarde vir cá trocar umas bolas comigo. Assunto não nos vai faltar.

Excepcionalmente, acho que é a segunda vez que faço isto, vou transcrever a sinopse primeiro.

“Com a morte dos pais, é preciso decidir com quem fica Miguel, o filho de 40 anos que nasceu com síndrome de Down. É então que o irmão – um professor universitário divorciado e misantropo – surpreende (e até certo ponto alivia) a família, chamando a si a grande responsabilidade. Tem apenas mais um ano do que Miguel, e a recordação do afecto e da cumplicidade que ambos partilharam na infância leva-o a acreditar que a nova situação acabará por resgatá-lo da aridez em que se transformou a sua vida e redimi-lo da culpa por tantos anos de afastamento. Porém, a chegada de Miguel traz problemas inesperados – e o maior de todos chama-se Luciana.
Numa casa de família, situada numa aldeia isolada do interior de Portugal, o leitor assistirá à rememoração da vida em comum destes dois irmãos, incluindo o estranho episódio que ameaçou de forma dramática o seu relacionamento.
O Meu Irmão, vencedor do Prémio LeYa 2014 por unanimidade, é um romance notável e de grande maturidade literária que, tratando o tema sensível da deficiência, nunca cede ao sentimentalismo, oferecendo-nos um retrato social objectivo e muitas vezes até impiedoso.”

Perante esta descrição eu esperava um livro sobre o Síndrome de Down. Sobre as limitações e dificuldades do irmão com esta condição, assim como a vida familiar, as adaptações forçadas, o sofrimento, etc, etc.

A verdade é que fui enganada. E fui enganada praticamente o livro todo, que quando a nossa cabeça quer ver as coisas de determinada forma, é mesmo dessa forma que as vê. Então eu estive quase trezentas páginas do livro, que tem 365, convencida que “O Meu Irmão” é o Miguel, o deficiente, o mongolóide, como tantas vezes é tratado pelo narrador. Cruel. Senti sempre, mesmo desde início, uma crueldade nas palavras, uma frieza no tratamento, nas descrições dos momentos em família, como se tivesse a ver as cenas através de um vidro gelado e as personagens fossem vazias de sentimentos.

“O Meu irmão”, para mim, é o narrador, o outro irmão “professor universitário divorciado e misantropo”. Este vai na verdade demonstrando a sua natureza ao longo de todo o livro, e que será apanhado por aqueles leitores atentos e inteligentes que não se deixam levar por sinopses politicamente corretas, e que conservam o espírito crítico. Não foi o meu caso. Fui completamente enrolada, no fim do livro consegui ver mesmo a cara do Afonso Reis Cabral a rir-se de mim. Resta-me a consolação, vá, a felicidade, de ter sido enganada em grande nível, pois que a escrita é irrepreensível. Fiquei pasma com algumas passagens perfeitas, questionei-me constantemente onde terá ido o autor desenvolver a capacidade de articular tanta beleza, por vezes, com tão poucas palavras.

“Por causa das nuvens, não existe lua para meter luz por entre as folhas e fazer desta árvore uma pequena ave-maria iluminada pela fé.” (Pág. 113)

É um Dom.

Então este irmão malvado, que me convenceu sempre de estar a ajudar o Miguel, por cuidar dele depois da morte dos pais, por mudar de casa e de cidade para manter o Miguel no seu ambiente, a frequentar o centro que sempre frequentou, é um tipo que toda a vida se deixou levar e diminuir pela inveja e pelo ciúme, que foi cultivando sentimentos de ódio e raiva em relação ao irmão, pela atenção constante que tinha dos pais e das irmãs. E lá vem ele da sua vidinha vazia, misantropo que soa melhor, para se enfiar com o Miguel numa terriola no meio de nada, depois de se deixar levar pelo descontrolo, pelos instintos mais baixos, por um certo complexo de Deus, e numa espiral de loucura, cometer um acto atroz que defende, como todos os loucos, ser o certo.

O acto em questão não revelo, não vão alguns de vocês que ainda não leram o livro estarem por aí à espreita.

Zangada, talvez mesmo furiosa, tenho a dizer coloco este livro num patamar muito elevado por me fazer sentir tantas coisas, mexer com tantos sentimentos, horrorizar-me e não me deixar indiferente. Nunca reli um livro. Mas este deixa-me uma certa vontade de, daqui a uns tempos, lhe voltar, lhe pegar de outra perspectiva. A certa. Ou a que eu agora acho que é a certa.

Brilhante!

Leya, 2014

Dezembro 25, 2014

Resultado do Passatempo de Natal Natal “As Estrelas Brilham na Cidade, de Laura Moriarty + 1000 Corações Autocolantes, com Atividades e Jogos”

André de Melo Góis é o vencedor do passatempo de Natal “As Estrelas Brilham na Cidade, de Laura Moriarty + 1000 Corações Autocolantes, com Atividades e Jogos”. Mara, a sua prima, é a felizarda que vai ganhar o livro infantil.

A resposta à pergunta é muito simples, Laura Moriarty é Americana (EUA).

Agradeço a todos os participantes e, claro, à Editorial Presença por apoiar e tornar possíveis estas iniciativas.

O vencedor foi contactado por e-mail. Boas Festas e Boas leituras!

Dezembro 21, 2014

Fernando Pessoa, O Romance - Sónia Louro - Opinião

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“Fernando Pessoa, O Romance” tem uma intensidade para a qual eu não estava preparada. Por isso a leitura foi demorada e algo sinuosa.

Impossível, a meu ver, não admirar Fernando Pessoa, pelo génio e pelas tão humanas falhas. Quando alguém que se admira volta dos mortos para nos falar através de um livro, o medo remete esse livro para outra ocasião. Dá-se-lhe um tempo, deixa-se respirar, eu própria também respirei, confesso, e preparei-me. Preparei-me, já consciente do que me esperava, para uma leitura única, poderosa, absorvente e, obviamente, perturbadora.

Admiro Sónia Louro por esta conquista, pela forma como se ofereceu para receber Pessoa, e como me convenceu tão bem de ser ele próprio a escrever este livro. Os louros a Louro pela coragem de misturar citações de Pessoa com o seu próprio texto, por ter transformado tudo com habilidade, obtendo um resultado estranhamente fantástico. Estranhamente porque, parando para pensar no que acabei de escrever, o resultado seria no mínimo estranho, hediondo ou tenebroso indo mais longe, mas na verdade o resultado é brilhante.

Fernando Pessoa foi, entre tantas coisas, astrólogo e médium. Dei por mim a pensar se, no meio das suas pesquisas, Sónia Louro, não terá descoberto um portal, uma dimensão, um qualquer canal de comunicação através do qual Pessoa lhe foi segredando e ditando este livro.

É que está aqui um trabalho de mestre. A escrita elaborada e por vezes complexa, que aprecio apesar de não ser a minha preferida, adequa-se ao formato e resulta muito bem.

Mas imagino o caminho tortuoso da escrita. A pesquisa exaustiva, as decisões de como e onde colocar as centenas de expressões e citações retiradas da imensa bibliografia. Imagino também a autora a padecer de sintomas “Pessoanos”, noites de insónia, medo de enlouquecer, receio de não chegar ao fim da obra. Mas chegou. E bem. Imagino que com um monte de gente na cabeça, mas com o prazer da conclusão, de assistir ao resultado do esforço, de saber que vai ser lida. Ou melhor dizendo, que Pessoa vai ser lido e admirado por mais leitores, que terão neste livro um acesso privilegiado à vida de um Homem que todos devem conhecer, com pormenores curiosos e cómicos, com relatos sérios e sofridos de um homem que queria deixar a sua Obra a todos nós.

A sua mente perturbada, os traumas da infância, as inseguranças, os excessos toldaram-lhe a visão de si próprio. Amava a arte e a escrita mas nunca sentiu que tivesse capacidade de concluir o tanto que iniciou. Deixou que os seus heterónimos fossem melhores, tivessem mais talento, deixando-se ficar na sombra de um mar de gente que o acompanhava sempre, ofuscando-se a si próprio, receando sempre o contacto social, querendo estar só e nunca conseguindo.

Fernando Pessoa, na primeira pessoa, conta-nos tudo neste livro.

 

“E eu, o que era eu? Havia anos que vaticinara o aparecimento de um supra-Camões, referindo-me a mim sem o mencionar. Vieram outros para me ajudar nesta empresa. Veio o mestre Caeiro, o doutor Ricardo Reis, o Engenheiro Álvaro de Campos – que o Almada Negreiros até já achava melhor do que eu. Até o guarda-livros Bernardo Soares. Vieram mesmo entidades do Além. E o facto não provado, mas que tudo isto parecia provar, era que todos eles eram melhores do que eu.

- “Nada fui, nada ousei e nada fiz” – atirou Bernardo Soares.

As palavras do guarda-livros definiam-me melhor do que as minhas, embora as palavras dele e as minhas fossem as mesmas, uma vez que ele, ao contrário dos outros, era uma simples mutilação da minha personalidade.

Eu ouvia vozes dentro e fora da minha cabeça e por vezes via os corpos a quem elas pertenciam. (…). Todos eles eram eus.” (Págs. 164 e 165).

“Na Brasileira, no Martinho, era eu quem mais ouvia e menos falava, talvez porque o meu desejo mais profundo fosse falar largamente para o mundo todo através do que escrevia.” (Pág. 267)

“Conseguia principiar muito do que tinha na cabeça, mas não havia nada que conseguisse acabar. (…) Não havia homem com vontade mais férrea do que a minha para não fazer nada. Tinha a arca cheia de papéis, mas a cabeça ainda mais cheia de projectos e isso fazia-me sentir deslumbrado sobre a capacidade do cérebro humano, como podia guardar num espaço tão exíguo o dobro ou o triplo dos projectos literários que em papel a minha arca continha? (…) Uma vida não foi tempo suficiente para acabar nada! (…) Escrevia isto e escrevia aquilo, porque por pouco que fosse capaz de agir, era ainda menos capaz de não escrever. Precisava fazê-lo porque era preciso a alma para poder suportar a realidade de ter de viver e de agir, por pouco que fosse, e de ter de me conformar que havia no mundo outra gente. A minha sensibilidade repudiava a acção, contudo, simplesmente respirar, obrigava-me a agir.” (Págs. 376 e 377).

Sinopse

“Este é o romance biográfico de Fernando Pessoa, o poeta que foi muitos poetas. Órfão de pai aos cinco anos de idade, cedo perde a atenção da mãe quando esta volta a casar. Forçado a partir para a distante África do Sul, onde o nascimento de irmãos o isolam ainda mais, refugia-se em si mesmo e aí cria novos mundos. 
No fim da adolescência regressa a Lisboa, na vã tentativa de resgatar os poucos momentos da vida em que fora feliz. Aí conhece personalidades do mundo das artes e da literatura, como Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro ou Adolfo Casais Monteiro. É um dos fundadores da Orpheu, uma revista artística que foi recebida com escândalo pela crítica.
Correspondente comercial, inventor, tradutor, editor, publicitário e astrólogo, Fernando Pessoa procurou várias formas de ganhar a vida. E até o amor lhe bateu à porta quando conheceu Ophélia Queiroz. 
Fernando Pessoa, O Romance é uma obra magnífica, fruto de uma pesquisa meticulosa, e uma verdadeira homenagem ao maior poeta da língua portuguesa. Um poeta que Sónia Louro consegue dissecar, desvendando os seus segredos, medos, sonhos e, mais importante, a sua humanidade.”

Saída de Emergência, 2014

Dezembro 20, 2014

Quatro Amigos - David Trueba - Opinião

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Gosto muito de David Trueba mas “Quatro Amigos” ficou aquém das minhas expectativas. Depois do grande favorito “Aberto Toda a Noite”, sobre a família, depois de “Saber Perder”, sobre a perda, segui para “Quatro Amigos”, sobre a amizade. Amizade entre quatro tipos imaturos e parvos que vão de férias juntos, sem destino definido, numa carrinha a cheirar a queijo, com propósito de se envolverem sexualmente com o número máximo de mulheres que conseguirem.

A habilidade humorística do Trueba de “Aberto toda a Noite” não teve uma concretização positiva neste livro. Ou então a minha veia humorística estava morta durante esta leitura. Esta quadrilha de parolos Madrilenos foge das suas vidas desgraçadas para uma viagem em que o poder da amizade os envolve em bebedeiras e figuras tristes. Humor fácil e pouco refinado, muito distante, volto a referir, do humor inteligente a cair para o negro de “Aberto toda a Noite”, o meu livro favorito do autor que, depois disto ascendeu a super-favorito.

Fui avançando na leitura apenas devido à excelente qualidade da escrita do autor, sem me interessar particularmente pelo enredo, que achei maçador, e nem mesmo as ocasionais reflexões sérias e mais profundas me trouxeram à superfície, nesta leitura assim-assim, que me fez sentir sempre debaixo de água.

Trueba escreve bem e sabe fazer melhor.

Sinopse

“Quatro amigos, decididos a queimar os últimos cartuchos de uma juventude que terminou, deixam para trás os seus trabalhos, famílias e problemas e improvisam uma viagem de férias por Espanha, sem destino. Quatro Amigos é o relato agridoce do final de uma era, de uma idade. David Trueba recupera, neste segundo romance, os temas e o tom que o caracterizam: as frustrações de uma geração e as amarguras do crescimento num tom contrastante entre a comédia e o romantismo, a ternura e o rancor. Um talento narrativo sem rival na nova literatura espanhola.”

Alfaguara, 2014

Tradução de Maria do Carmo Abreu

Dezembro 10, 2014

Caminho - Novo livro de Kalaf Epalanga - O Angolano Que Comprou Lisboa (por Metade do Preço)

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Novo livro de Kalaf Epalanga já chegou às livrarias

Pior do que não ter dinheiro é não ter esquema para remediar a situação.

O novo livro agora publicado é uma seleção de textos do autor publicados no jornal Público e portal Rede Angola e será apresentado no dia 13 de dezembro, pelas 18h30, no Palácio do Correio Velho, em Lisboa.

José Eduardo Agualusa e Ferreira Fernandes apresentarão a obra e no decorrer do lançamento haverá um leilão de obras de Yonamine, Vhils, Miguel Januário e Nástio Mosquito.

sinopse

Reparem, a seguir a Luanda, o lugar onde todas as idiossincrasias deste povo ganham maior visibilidade é Lisboa. Daí, mesmo que eu quisesse, é impossível ficar imune a essa banga, basta alguém identificar-me o sotaque (ou a ausência dele). A verdade é que a vaidade angolana já se tornou monumento de fama internacional. Uma atração turística ambulante, que onde quer que estejam angolanos, uma multidão de curiosos aparece para tirar fotografias, entregar currículos ou propor negócio, como me aconteceu recentemente. Quando terminava o meu almoço, sai da cozinha o proprietário e propõe-me que lhe compre o restaurante, com todo o recheio, licenças, cozinheiros e empregados de mesa incluídos. E eu, do alto da minha vaidade, tão afetado pela crise financeira em Portugal quanto o pobre senhor, lanço-lhe a pergunta:

Quanto é que custa?

Kalaf Epalanga

Benguelense, criado no seio de uma família de funcionários públicos, com ligações à vila da Catumbela, lugar que visita com regularidade. A música e os palcos do mundo lhe permitiram traçar um mapa afetivo das pessoas que habitam a sua memória, assim como os locais que o marcaram – da fábrica de açúcar do Cassequel ao Caminho de Ferro de Benguela, da Restinga do Lobito à rua Jacob de Paiva, onde aprendeu a equilibrar-se numa bicicleta. A aventura poética teve início em finais dos anos 90, em Lisboa, numa altura em que a cidade ensaiava novas linguagens rítmicas, buscando novos caminhos para a música urbana feita em português. Neste percurso cruzou-se com os pioneiros do movimento de música eletrónica, contou estórias e gravou dois «disco-falados» que lhe valeram o título de Poeta-Cantor, A Fuga... e Strategies And Survival. Com o produtor João «Branko» Barbosa, crente de que era possível exportar Lisboa para mundo, fundou a Enchufada, núcleo de produção musical, editora independente e incubadora de ideias como Buraka Som Sistema. Em 2011 é editado, pela Caminho, o seu primeiro livro de crónicas, Estórias de Amor para Meninos de Cor.

200 páginas

PVP C/ IVA 14,90€

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