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planetamarcia

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Setembro 28, 2014

D. Quixote - O Organista, de Lídia Jorge

 

Antes do princípio, ao vazio chegou um órgão. Com esse órgão, o vazio encheu-se de música, e o Criador, atraído pelo som, resolveu tocar ele mesmo o extraor­dinário instrumento. Então a música passou a ser inven­ção e revelação, e a cada sopro do órgão apareceram o cosmos, o tempo, os primeiros seres vivos e, por fim, o homem e a mulher, tal como os conhecemos, criados pelo Organista.

Esta é uma prodigiosa fábula sobre a criação do Universo e a relação dos homens com Deus, pela mão de uma escritora que dispensa apresentações.

Um livro em edição bilingue, português e inglês, que será publicado poucos dias antes de mais uma edição do Escritaria, em Penafiel, que este ano homenageia a autora de O Dia dos Prodígios.

Nas livrarias a 30 de Setembro

Setembro 28, 2014

Casa das Letras - A Peregrinação do Rapaz sem Cor, de Haruki Murakami

 

Nos seus dias de adolescente, Tsukuru Tazaki gostava de ir sentar-se nas estações a ver passar os comboios. Agora, com 36 anos feitos, é engenheiro de profissão e projecta estações, mas nunca perdeu o hábito de ver chegar e partir os comboios. Lá está ele na estação central de Shinjuku, ao que dizem «a mais movimentada do mundo», incapaz de despregar os olhos daquele mar selvagem e turbulento «que nenhum profeta, por mais poderoso, seria capaz de dividir em dois».

Leva uma existência pacífica, que talvez peque por ser demasiado solitária, para não dizer insípida, a condizer com a ausência de cor que caracteriza o seu nome. A entrada em cena de Sara, com o vestido verde-hortelã e os seus olhos brilhantes de curiosidade, vem mudar muita coisa na vida de Tsukuru. Acima de tudo, traz a lume uma história trágica, que a memória teima em não esquecer.

Um romance marcadamente intimista sobre a amizade, o amor e a solidão dos que ainda não encontraram o seu lugar no mundo.

Nas livrarias a 30 de Setembro

Setembro 27, 2014

Teorema - Amarrada à Tua Mão, de José Fialho Gouveia

 

Sara cresceu, deixou de ser criança e arrumou a sua velha boneca dentro de uma caixa. Tornou-se jornalista, mas sente-se desanimada com a vida e a profissão, até porque lhe sobra cada vez menos tempo para dedicar à filha. Um desabafo com Vasco, o marido, leva-os a empreender uma viagem à infância e aos sonhos que acalentavam antes de se tornarem adultos. Será que ainda irão a tempo de os cumprir?
Entretanto, também a Boneca dá a conhecer o que foi a sua vida e a forma como se sente hoje, fechada numa arrecadação, sem sequer uma janela por onde ver o mundo.
Amarrada à Tua Mão é uma peça de teatro intercalada de canções compostas por Manuel Paulo, mas é, além disso, um texto profundamente actual e oportuno, fundamental para compreendermos a vertigem da sociedade contemporânea e o seu impacto nas nossas vidas.
Nas livrarias a 30 de Setembro

Setembro 27, 2014

D. Quixote - Ver: Amor, de David Grossman

 

Na década de 1950, em Israel, Momik, um rapazinho de nove anos, filho de judeus sobreviventes do Holocausto nazi, interpreta à sua maneira os silêncios e os fragmentos de conversas dos adultos sobre o que viveram na terra «de Lá». Convencido de que a «Besta nazi» é, literalmente, um monstro horrendo, resolve atraí-la à cave de sua casa para poder domesticá-la com a ajuda do avô Anshel Wasserman, que aparentemente ficou louco num campo de concentração.

Já adulto, e agora romancista, Momik recria literariamente a história de Bruno Schulz (1892-1942), escritor polaco morto por um soldado nazi no gueto de Drohobycz. Na variante inventada por Momik, porém, Schulz foge para Danzig e atira-se ao mar do Norte, em cujas profundezas vive uma aventura fantástica e alegórica.

Narrado a várias vozes, fundindo géneros e estilos, o romance Ver: Amor percorre de modo não linear praticamente todo o século xx, tendo como núcleo a experiência indizível do Holocausto.

Nas livrarias a 30 de Setembro

Setembro 27, 2014

TOPSELLER: Um mundo macabro, uma história verídica na Barcelona do início do séc. XX

 

«Tem um toque de Poe e de Bram Stoker, mas também de Sherlock Holmes e de Raymond Chandler. Este romance catalão, desenhado sordidamente, é a mistura do terror gótico com o crime realista. É horrífico, assustador e incrivelmente apaixonante.» - The Times

«Um enredo frenético e uma escrita extraordinariamente vívida. Altamente recomendado!» - The Independent

Tão cativante quanto assustador. Uma mistura de CSI com Jack, o Estripador, na Barcelona do início do séc. XX.

A Mulher de Má (Topseller I 256 pp + 8 ilustradas I 15,98€), de Marc Pastor, CSI de manhã e escritor à noite,revela um mundo macabro, uma história verídica que nos faz duvidar de um dia ter realmente existido uma mulher tão pérfida, capaz de crimes tão monstruosos. Um livro assombroso que agarrará o leitor da primeira à última página.

Barcelona, 1912. Há crianças a desaparecer. Quando um cadáver é encontrado numa viela estreita, dilacerado e sem um pingo de sangue, surgem rumores bizarros sobre um «vampiro» que se move pelas sombras da cidade e que anda a roubar as almas dos inocentes.

Para a polícia trata-se apenas de mais um cadáver, num lugar onde a morte e o crime são tão frequentes que se tornaram banais. E quanto às crianças desaparecidas, ninguém quer saber dos filhos das prostitutas que povoam Barcelona. Mas para o inspetor Moisès Corvo — um polícia rude e dissoluto, com um sexto sentido peculiar — este é um mistério que tem de ser resolvido, com um criminoso que afinal é uma mulher.

Marc Pastor nasceu em Barcelona, em 1977. Estudou criminologia e política criminal, e trabalha atualmente como investigador criminal na sua cidade natal. Autor de vários romances, o livro A Mulher Má valeu-lhe, em 2008, o prémio Crims de Tinta, atribuído ao melhor policial «negro» escrito em língua catalã.

Baseado na história verídica de Enriqueta Martí, uma mulher misteriosa que aterrorizou a cidade de Barcelona no início do século XX, este livro intrigante proporcionou a Marc Pastor projeção internacional ao ser traduzido e publicado em variadíssimas línguas por todo o mundo. As recentes viagens por diversas cidades de Inglaterra e Estados Unidos granjearam-lhe enormes elogios por parte da crítica. 

Setembro 21, 2014

A Mulher Comestível - Margaret Atwood - Opinião

 

Este livro, escrito em 1965, quando Margaret Atwood tinha 26 anos, surpreendeu-me por já conter tanto do que encontro nos seus livros mais recentes. Descobri Margaret Atwood há pouco tempo, o que é francamente tarde. Tarde, porque o tipo de livros que nos abrem os olhos, devem começar a fazer o seu trabalho o mais cedo possível.

“A Mulher Comestível” surpreendeu-me por vários motivos e deixou em mim uma opinião positiva e negativa. Vou começar pela parte negativa para arrumar o assunto. A tradução é deplorável. Pronto já está. É uma pena que grandes romances continuem a ser arrasados desta forma implacável, com erros crassos de construção de frases. Verdadeiramente assustador.

Fazendo um exercício de me desligar dos problemas da tradução (francamente difícil), posso dizer que me fui surpreendendo a cada página com a forma como uma mulher na casa dos vinte, nos anos sessenta, já olhava para uma sociedade doentiamente machista de uma forma tão analítica, sem cair no extremo oposto da superioridade feminista.

Marian tem uma vida banal, trabalha numa empresa de estudos de mercado e divide casa com uma amiga. A partir do momento que decide casar com Peter, o namorado, tudo no seu dia-a-dia se começa a alterar. Desde o emprego à família, passando pela própria relação com Peter e com os amigos, tudo parece conspirar à sua volta para Marian se tornar uma digna senhora casada. De forma quase imediata é dispensada do emprego, Peter comporta-se como seu dono e os amigos estão felizes por finalmente a verem assentar. E então assistimos à divisão de Marian entre o socialmente aceite e o que deseja para si. Sendo que não sabe exactamente o que deseja e passa a sofrer diariamente de sintomas físicos provocados pela angustia. Ao longo do livro os sintomas agudizam-se e privam-na de relacionamentos sociais ditos normais. Desde ataques de pânico que a fazem fugir a correr, até deixar de comer por não tolerar os alimentos, muitos são os avisos simbólicos inconscientes.

“Mulher Comestível” é uma espécie de sátira subtil ao casamento, à família, e ao lugar da mulher servil numa sociedade de machos pouco inteligentes. Marian vive rodeada de sinais de alerta, sente que o seu caminho é outro, e mesmo assim vai-se deixando esmagar pelos rituais sociais.

Um livro que está aquém da mais recente obra da autora, mas que impressiona por tudo aquilo que Atwood, tão nova, já trazia dentro de si. Uma mulher que desde cedo questiona, denuncia e procura o seu caminho. Fascinante.

“Um tipo não pode andar indefinidamente aos caídos. E, a longo prazo, também será muito melhor na minha profissão, visto que os clientes gostam de saber que temos uma esposa; (…) Começava a sentir as ferroadas do instinto de propriedade. Portanto aquele objecto pertencia-me.” (Pág. 112 e 113)

“- Então ela também andou na Universidade. Eu devia ter percebido. É então essa a nossa paga – disse, de forma desagradável – por darmos uma educação às mulheres. Ficam com toda a espécie de ideias ridículas.” (Pág. 193);

“Quanto tempo demoraria a adquirir aquele ar de dona de casa com rendimento médio/baixo, aquele ar desgastado e miserável, e a ter as roupas puídas nos punhos e em volta dos botões pelas bolsas de pele falsa? Quanto tempo seria necessário para ter a quele trejeito de boca e aquele olhar que media tudo e todos? E, acima de tudo, aquela cor invisível semelhante a um odor de tapeçarias bolorentas e linóleo gasto que, ao contrário de si, as tornava legítimas naquele leilão de cave?” (Pág. 259)

“Penso que as coisas são mais difíceis para ela do que para a maioria das mulheres; penso que são mais difíceis para qualquer mulher que tenha andado na universidade. Ficam com a ideia de que possuem uma mente, os professores prestam atenção ao que têm para dizer e tratam-nas como seres humanos; esse núcleo é invadido quando se casam…” (Pág. 287)

Sinopse

“Marian é uma mulher deliberadamente vulgar, que espera casar-se mais dia menos dia. Gosta do seu trabalho, da amiga quase ninfómana com quem partilha o apartamento, do seu noivo excessivamente fleumático. Ao princípio tudo parece correr bem. Mas Marian não contou consigo mesma, com aquilo que é na realidade: uma mulher que deseja um pouco mais do que aquilo que tem, que inconscientemente vai sabotando os seus próprios planos, a sua rotina, a sua digestão. E Marian descobre, por fim, que há coisas que não suporta...”

Livros do Brasil, 2002

Setembro 19, 2014

Casa das Letras - Amor entre Guerras, de Sofia Ferros

 

Quando a Alemanha declara guerra a Portugal em 1916, Miguel Vieira, um jovem médico do Porto, voluntaria-se para integrar o Corpo Expedicionário Português e parte para a frente de combate, na Flandres. Encontra-se nas trincheiras aquando do ataque devastador dos alemães às tropas portuguesas, naquela que ficará conhecida como a Batalha de La Lys. Como responsável pelo Posto de Socorro Avançado, é chamado a tomar decisões dramáticas, uma das quais envolve o seu melhor amigo. Será, de resto, por causa dele que, num castelo transformado em hospital de guerra, conhece e se apaixona por Alexandrine Roussel, uma francesa de espírito indomável que tem a ambição de se tornar médica e trava uma luta sem tréguas pela emancipação das mulheres e pela liberdade.

Amor Entre Guerras, que se baseia na história dos bisavós maternos da autora, é um romance fascinante sobre uma família entre 1916 e as vésperas da Segunda Guerra Mundial, oferecendo-se ainda como relato das convulsões que o mundo atravessou na época e como testemunho da vida quotidiana em Moçambique.

Nas livrarias a 23 de Setembro

Setembro 18, 2014

D. Quixote - Stoner, de John Williams

 

O Stoner do título é o protagonista deste romance – um obscuro professor de literatura, que até ao dia da sua morte dá aulas numa obscura universidade do interior americano. A sua vida, brevemente descrita nos dois primeiros parágrafos, oferece um triste obituário. O que se segue, numa prosa precisa, despojada, quase cruel, é a sucessão dos falhanços de uma personagem que perde quase tudo menos a entrega à literatura. O romance foi publicado em 1965, e caiu no esquecimento. Tal como o seu autor, John Williams. Passados quase 50 anos, porém, o mesmo cego amor à literatura que movia a personagem principal levou a que uma escritora francesa, Anna Gavalda, traduzisse o livro perdido. Outras edições se seguiram, em vários países da Europa. E em 2013, quando os leitores da livraria britânica Waterstones foram chamados a eleger o melhor livro do ano, escolheram uma relíquia – e não as novidades publicadas nesse ano. Julian Barnes, Ian McEwan, Bret Easton Ellis, entre muitos outros escritores, juntaram-se ao coro e resgataram a obra, repetindo por outras palavras a síntese do jornalista Bryan Appleyard: “É o melhor romance que ninguém leu”.

Nas livrarias a 23 de Setembro

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