Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

planetamarcia

planetamarcia

Abril 26, 2014

A Casa de Papel - Carlos María Domínguez - Opinião

 

Aqueles que não entregam o corpo e a alma aos livros podem parar de ler. Não vale a pena, não vão entender como é possível ser apaixonado(a) por livros.

Quem sente que não pode viver sem a presença constante de livros, sem o seu cheiro, o barulho das folhas, quem gosta de ser muitas pessoas e conhecer locais da forma única que a imaginação permite, não vai ficar a saber nada de novo.

Por isso não vou escrever nem contar nada que quem ama os livros não saiba já. Vou partilhar. Relaxem e inspirem-se. E sonhem com uma casa de papel.

“(…) vivia sozinho na casa da rua Cuareim e devorava quantos livros lhe chegavam às mãos juntamente com inumeráveis pacotes de pastilhas e caramelos que se espalhavam pelo chão dos quartos. O hábito dos caramelos substituía o dos cigarros, que os médicos lhe tinham proibido, e era tão viciante quanto a sua paixão pelos livros, reunidos em compridas estantes que ocupavam os quartos, do chão ao tecto, de ponta a ponta; empilhavam-se na cozinha, na casa de banho, e também no quarto de dormir. Não o original, porque daí fora desalojado, mas no sótão para onde tinha ido dormir, ao lado de uma pequena casa de banho. A parede da escada que até lá conduzia também estava carregada de livros, e a literatura francesa do século XIX velava, digamos, o seu escasso sono.” (Págs.32/33)

“A casa de banho tinha livros em todas as paredes menos na do duche, e se não se estragavam era porque deixara de tomar banho com água quente para evitar o vapor. De Verão ou de Inverno, os duches dele eram de água fria.” (Pág.33)

Sinopse

“Os livros mudam o destino das pessoas: Hemingway incutiu em muitos o seu famoso espírito aventureiro; os intrépidos mosqueteiros de Dumas abalaram as vidas emocionais de um sem-número de leitores; Demian, de Hermann Hesse, apresentou o hinduísmo a milhares de jovens; muitos outros foram arrancados às malhas do suicídio por um vulgar livro de cozinha. Bluma Lennon foi uma das vítimas da Literatura. 
Na Primavera de 1998, Bluma, uma lindíssima professora de Cambridge, acaba de comprar um livro de poemas de Emily Dickinson quando é atropelada. Após a sua morte, um colega e ex-amante recebe um exemplar de A Linha da Sombra, de Joseph Conrad, em que Bluma escrevera uma misteriosa dedicatória. Intrigado, parte numa busca que o leva a Buenos Aires com o objectivo de procurar pistas sobre a identidade e o destino de um obscuro mas dedicado bibliófilo e a sua intrigante ligação com Bluma. 
A Casa de Papel é um romance excepcional sobre o amor desmesurado pelas bibliotecas e pela literatura. Uma envolvente intriga policial e metafísica que envolve o leitor numa viagem de descoberta e deslumbramento perante os estranhos vínculos entre a realidade e a ficção.”

Asa, 2010

Abril 26, 2014

VOGAIS - Pensar como Steve Jobs

 

«O teu tempo é limitado, não o desperdices vivendo a vida de outra pessoa. Não deixes que o ruído das opiniões dos outros abafe a tua voz interior. E, sobretudo, tem a coragem de seguir o teu coração e a tua intuição.» - STEVE JOBS

Steve Jobs, um dos maiores inovadores dos tempos modernos, em poucas décadas transformou por completo as indústrias da informática, da música e dos telemóveis, criando algumas das tecnologias mais utilizadas em todo o mundo.

O fundador e CEO da Apple liderou a empresa desde as suas origens humildes, na garagem dos seus pais, até ao império global que é hoje em dia, revolucionando a forma como vivemos e trabalhamos. Mas como foi que o fez? O que o levou a tomar as decisões incomuns que fizeram da Apple uma empresa de êxito global?

Pensar como Steve Jobs apresenta as mais importantes técnicas de gestão e liderança deste génio da inovação e da gestão. São 27 lições, comentadas por Pedro Aniceto, o reputado especialista em produtos Apple e evangelizador da marca em Portugal, e exemplificadas com os maiores êxitos e fracassos pessoais e profissionais do percurso de Steve Jobs.

Este livro é um convite para que veja o seu mundo através dos olhos  e um génio visionário, e consiga inovar, decidir e acertar como Steve Jobs. 

204 pp 

14,99€

Abril 25, 2014

Marcador - No País da Nuvem Branca, de Sarah Lark

 

Londres, 1895. Duas raparigas empreendem uma viagem de barco rumo à Nova Zelândia e tornam-se amigas. Trata-se, para ambas, do início de uma nova vida como futuras esposas de dois homens que não conhecem. Gwyneira, de origem nobre, está prometida ao filho de um magnata da criação de ovelhas, enquanto Helen, uma jovem preceptora, parte para se casar com um fazendeiro. Procuram encontrar a felicidade num país que promete ser o paraíso. No entanto, as ilusões de ambas depressa se esfumam, principalmente quando descobrem que a sua amizade está em perigo porque os maridos são inimigos.
Gwyneira e Helen são mais fortes do que acreditam ser e rompem com os preconceitos e as restrições da sociedade em que vivem, mas serão capazes de alcançar o amor e a felicidade do outro lado do mundo?

SARAH LARK é um pseudónimo de Christiane Gohl. Nascida na Alemanha, vive atualmente em Almería, Espanha. Formou-se em Educação e trabalhou como guia turística, redatora publicitária e jornalista. A inclinação para a escrita marcou todos os empregos por que passou.
Com uma produção literária vastíssima, alcançou o sucesso de vendas e o reconhecimento literário graças à saga maori. No País da Nuvem Branca é o primeiro volume.
Com mais de dois milhões de leitores em todo o mundo, escrever romances não é, para ela, muito mais do que sonhar acordada.

Título: NO PAÍS DA NUVEM BRANCA 

Autor: SARAH LARK 

Tradutora: Ana Mendes Lopes 

Editora: Marcador 

Nº de Páginas: 679

Preço: 19,95€ 

Abril 25, 2014

Porto Editora - Ficção - "A Mulher de Verde", de Arnaldur Indriđason

 

A Porto Editora publica A Mulher de Verde, um livro de Arnaldur Indriđason, autor com obra publicada em já vinte e seis países e atualmente uma das principais vozes da literatura policial escandinava. Com A Mulher de Verde, o autor foi premiado pela Crime Writers’ Association com o Gold Dagger Award, seu principal galardão para romance policial.

Abril 20, 2014

Rosa Candida - Audur Ava Ólafsdóttir - Opinião

 

Rosa candida foi uma experiência de leitura nova para mim. Diferente de todos os livros que já li, assenta numa simplicidade literária quase infantil e se calhar, por isso, muito bela.

Senti estranheza nesta história, como se tudo fosse acontecendo ao sabor de vontades alheias aos personagens; coincidências estranhas que me levaram a um patamar fantasioso e por vezes pouco credível. Uma espécie de conto de fadas que poderia acontecer numa dimensão diferente.

Uma criança concebida de forma casual, nem fruto de amor, paixão ou desejo. Senti sempre uma grande distância nas relações familiares e humanas, e uma grande proximidade com o natureza, como se acima das vontades humanas, estivesse sempre a Mãe Natureza, uma espécie de relógio que nos comanda a cada tique-taque.

Não conheço a Islândia. Mas deve ser assim, uma força natural que tudo domina, um colosso de cores que tudo preenchem, absorvendo a posição superior que o Homem veio a assumir na Terra.

Lobbi (nome simpático para um rapaz de nome impronunciável) foge. Não sei se ele sabe para onde pois eu nunca cheguei a saber a direcção desta viagem de fuga, deixando paisagens agrestes em busca de um jardim. Curioso como procurou a mesma coisa mas com ordem. Um jardim de rosas num mosteiro que se calhar só vai existir na nossa imaginação. Lobbi não encontrou nada de novo, pois que tudo o que lhe faltava ele já tinha mas não sabia que queria. Fugiu da família mas queria a sua família, e até já tinha - a sua filha de uma espécie de acaso na estufa, o seu local preferido.

Saudades da mãe que morreu, uma relação pouco convencional com o pai, e um irmão gémeo muito especial. É a família de Lobbi. Inclui mortos e vivos. Deixa-os para trás mas não pára nunca de sentir a força do que vai para além do que conseguimos explicar. O que nos faz aquilo que somos. A nossa família.

Uma escrita crua e sem artifícios, mas que de alguma forma que não justifico, me fez levitar e sonhar. Um livro bonito que não me permitiu compreender tudo, mas que me encantou de uma forma pouco racional que só posso explicar como magia.

Impossível deixar de referir a capa. Lindíssima.

“Sempre que queria estar sozinho com a minha mãe, ia ter com ela à estufa ou ao jardim. Era aí que podíamos falar. Por vezes ela parecia distraída e eu perguntava-lhe em que estava a pensar, ela dizia: Sim, sim, gosto do que dizes. E depois oferecia-me um sorriso encorajante de aprovação.” (Pág. 20)

“É tão diferente quando podemos tocar em plantas vivas. As plantas de laboratório não produzem qualquer cheiro depois de uma chuvada. É difícil explicar ao meu pai, com palavras, o meu mundo e o da minha mãe. Interessam-me as coisas que nascem de solos férteis” (Pág.21)

“Acho que é importante, para uma pessoa que cresceu no meio de uma floresta, compreender que uma flor pode crescer em isolamento, sozinha, brotando da areia negra e, por vezes, num desfiladeiro. Quando falo da flor selvagem do Alasca fico um pouco sensibilizado.” (Pág.104)

Sinopse

“Um jovem decide deixar a casa da sua infância, o irmão autista, o pai octogenário e as paisagens familiares de campos de lava cobertos de musgo, em busca de um futuro desconhecido. Pouco antes da sua partida recebe um terrível telefonema: a mãe falecera num acidente de carro. As suas últimas palavras tinham sido de doce conselho ao filho, incitando-o a continuar o trabalho que partilhavam na estufa, mais especificamente o cultivo de uma variedade de rosa rara, a Rosa Candida.
Antes da morte da mãe, naquela mesma estufa, vivera um breve encontro de amor. Foi quando já preparava a sua partida que soube que, nessa noite, concebera inocentemente uma criança. Atordoado com todos estes súbitos acontecimentos, procura refúgio, recolhendo-se num majestoso jardim abandonado de um antigo mosteiro. É aí que se vai dedicar a fazer florescer aquela rosa rara de oito pétalas. Ao concentrar a sua energia no seu cultivo, aprende também, sem dar por isso, a cultivar o amor.
Rosa Candida é a história de um jovem que assume o papel de pai ao mesmo tempo que se torna homem. Uma história de amadurecimento, sobre a beleza da vida e a forma como pequenas e simples experiências podem muitas vezes transformar a realidade numa extraordinária e incomum vida. Um livro impressionante que nos faz perceber que mudar, por vezes, é tudo o que precisamos...”

Marcador, 2014

Abril 19, 2014

Marcador - Prometo Falhar, de Pedro Chagas Freitas

 

Prometo Falhar é um livro de amor.
O amor dos amantes, o amor dos amigos, o amor da mãe pelo filho, do filho pela mãe, pelo pai, o amor que abala, que toca, que arrebata, que emociona, que descobre e encobre, que fere e cura, que prende e liberta. O amor.
No seu estilo intimista, quase que sussurrado ao ouvido, Pedro Chagas Freitas leva o leitor aos estratos mais profundos do que sente. E promete não deixar pedra sobre pedra.
Mergulhe de cabeça numa obra que mostra sem margem para equívocos porque é que é possível sair ileso de tudo. Menos do amor.

PEDRO CHAGAS FREITAS escreve. Publicou 22 das mais de 150 obras que já criou. Foi, ou ainda é, jornalista, redactor publicitário, guionista, operário fabril, barman, nadador salvador, jogador de futebol, e muitas outras coisas igualmente desinteressantes. Orienta desorientadas sessões de escrita criativa por todo o país e arredores. Gosta de gatos, de cães e de pessoas. Não gosta de eufemismos e de bacalhau assado.

Título: PROMETO FALHAR 

Autor: PEDRO CHAGAS FREITAS 

Editora: Marcador
Nº de Páginas: 384 

PVP 17,50€

Abril 15, 2014

Os Demónios de Álvaro Cobra - Carlos Campaniço - Opinião

 

Por muito que me tivessem prevenido, nada me tinha preparado para “Os Demónios de Álvaro Cobra”. Senti-me tão surpreendida durante a leitura deste livro que constantemente me perguntava “como é que pude esperar tanto tempo para o ler?”.

Apesar de a história ser única e os personagens de uma singularidade genial, foi a narrativa de Carlos Campaniço que realmente me encantou. E encantamento não é uma palavra demasiado forte para tudo o que senti, pois que o tal “realismo mágico”, onde parece que se encaixa este livro, está escrito de forma tão verosímil que as fantasias, magias ou o que lhes queiram chamar, foram para mim pura realidade.

Além de escrever bem tem uma imaginação levada dos diabos. Desculpem a expressão mas acho que se aplica. Diabos, Demónios, Grifos, uma aniversariante que comemora 150 anos de idade, a pobre que tem febre desde que nasceu, e claro, o grande Álvaro, que já morreu duas vezes e mantém longos diálogos com o falecido pai. Depois, para alimentar (ainda mais) um argumento único há que referir o cenário alentejano do século XIX, onde a religião explica e resolve tudo. Judeus e Cristãos, com uma pitadinha Árabe, umas nuances Hindus, e o inevitável cigano, oferecem uma quantidade de situações insólitas e hilariantes, mas que não deixam de nos fazer pensar em algumas ironias da vida (e da História).

Outra pergunta recorrente que fiz a mim mesma foi “este escritor é português?”. Sem qualquer desprestígio para a belíssima língua portuguesa, nem para os excelentes escritores que por cá moram, mas senti sempre uma espécie de influência Sul-Americana. Adoro Vargas Llosa e o Campaniço aqui tão perto lembrou-me tanto mas tanto as suas maravilhosas personagens com percursos e aventuras inacreditáveis.

Pois estou pasma. Como fico cada vez menos. Mas quando um livro me pasma fico dias a fio em estado de graça, aproveitando a lembrança de uma ou outra passagem, rindo com os delírios e espantando-me com a capacidade de se escrever um livro assim.

“Desta vez, Benalma trouxe uma piada nova, afiada ao peito do prelado. Inventou, na sua cabeça feita para as invenções, que o padre se chamava Jesuíno porque tina herdado Je do pai e suíno da mãe. Foi uma anedota contada e recontada na aldeia, que passou as fronteiras desta e se eternizou na memória de muitas gerações. “Jesuíno: Je do pai e suíno da mãe!”. Simplesmente, esta frase era o princípio de muitas boas disposições. O pândego do Maruane contou-a, na sua taberna, até ter cabelos brancos. Mas que não tocassem nesse assunto a Sinfrónio, pois que do padrinho ninguém zombava dentro da sua barbearia. O próprio Dom Mascarenhas condenou publicamente o gozo em redor do emissário do Vaticano e os irmãos Maldonado deixaram expresso que, se soubessem que algum dos seus ganhões havia feito graças suínas, seria posto na rua. Não valeu de nada, porque o povo continuou a divertir-se com a piada de Benalma.” (Pág. 47)

Sinopse

“A aldeia de Medinas seria um lugar bem mais aprazível não fosse contar-se entre os seus habitantes Álvaro Cobra, um lavrador que atrai fenómenos sobrenaturais e tão depressa é tido por bruxo como por santo: não chorou ao nascer, com um mês já tinha dois dentes, consegue ouvir a Terra girar sobre si própria, tem uma cadela que adivinha o tempo e, além disso, já morreu duas vezes - mas ressuscitou, e desde então um bando de grifos faz ninho no seu telhado. A sua estranheza impediu-o, porém, de arranjar mulher, mas o encontro com a filha de um nómada que vende torrão doce na Feira de Setembro promete mudar esse estado de coisas, ainda que a união traga surpresas (nem sempre agradáveis) quer ao próprio lavrador, quer às mulheres da sua família: a bisavó Lourença, que conta cento e cinquenta anos mas guarda invejável lucidez; a mãe, que consegue trabalhar a terra com uma mão e cozinhar com a outra; ou mesmo Branca Mariana, a irmã excessivamente febril que vive prostrada numa cama onde os lençóis chegam a pegar fogo. Do casamento atribulado, nascerá Vicente, o filho de quem se espera uma existência completamente distinta da do pai. Porém, tratando-se de um Cobra, nunca fiando…
Ao ficcionar uma aldeia alentejana em finais do século XIX - na qual judeus, árabes e cristãos andam às turras e os mitos ganham terreno à realidade -, Carlos Campaniço oferece-nos uma galeria de personagens inesquecíveis, que vão de um anarquista à dona de um bordel ambulante, e recicla de forma original o realismo mágico para revisitar as virtudes e os defeitos das pequenas comunidades rurais do nosso Portugal.”

Teorema, 2013

Abril 13, 2014

Os Memoráveis - Lídia Jorge - Opinião

 

Muitas vezes digo que há livros que me deixam sem palavras. Mas depois, mal ou bem, escrevo sempre alguma coisa sobre o que li.

Desta vez há o receio de não estar mesmo nada à altura (ainda mais do que das outras vezes), e a reverência perante uma escritora brilhante, que me boqueia a mão e tolda o pensamento.

Quarenta anos depois dessa grande aventura que aconteceu antes da minha chegada, mas da qual ouvi tanto nas palavras do meu pai ao longo de toda a minha vida, tive o prazer imenso de ler um livro sobre aqueles que deram tudo de si pelo colectivo, para devolver a Liberdade ao nosso país.

Talvez temendo o fracasso mas mesmo assim avançando, apesar dos riscos, que seja devolvida a glória aos Capitães que, num dia pacífico e colorido com flores, nos abriram uma porta para podermos pensar, falar e agir sem medo.

Discutível é se temos feito, como povo, por merecer essa honra, mas que seja atribuída a todos o distinto lugar nas nossas memórias.

Eles são “Os Memoráveis”. Os portugueses de Abril.

“Eu próprio não lucrei nada. Eu sou um transformador, e o verdadeiro transformador nunca lucra, luta para dar lucro aos outros, se possível para dar lucro a todos. Só nessa medida eu lucrei. Olhai. Lucrei porque sou um entre milhares, dez milhões e tal, que melhoraram as suas vidas passando a viver em liberdade.” (Pág. 103)

Sinopse

“Em 2004, Ana Maria Machado, repórter portuguesa em Washington, é convidada a fazer um documentário sobre a Revolução de 1974, considerada pelo embaixador americano à época em Lisboa como um raro momento da História. Aceitado o trabalho, regressa, contrata dois antigos colegas, e os três jovens visitam e entrevistam vários intervenientes e testemunhas do golpe de Estado, revisitando os mitos da Revolução. Um percurso que permite surpreender o efeito da passagem do tempo não só sobre esses "heróis", como também sobre a sociedade portuguesa, na sua grandeza e nas suas misérias.
Transfiguradas, como se fossem figuras sobreviventes de um tempo já inalcançável, as personagens de Os Memoráveis tentam recriar o que foi a ilusão revolucionária, a desilusão de muitos dos participantes e o árduo caminho para uma Democracia.
Paralela a esta acção decorre uma outra, pessoal e íntima: a história do pai da protagonista, António Machado, que retrata em privado o destino que se abate sobre todos os outros. Todos vivem na Democracia, uma espécie de lugar de exílio. Mas um dia, todas as misérias serão esquecidas, quando se relatar o tempo dos memoráveis.”

D. Quixote, 2014

Abril 13, 2014

Casa das Letras - Mal Nascer, de Carlos Campaniço

 

Santiago Barcelos – nascido Bento – regressa como médi­co à vila que deixou ainda menino. Não vem, porém, ao aconchego dos velhos rostos conhecidos. Na verdade, foge dos miguelistas que o perseguiam em Lisboa, escapa-se à teimosia da mulher do padrinho que o queria como amante e conta vingar-se de Albano Chagas, o homem que lhe arruinou a infância tomando-o como cúmplice na morte do seu primogénito. Os planos acabam, contudo, por gorar-se quando se apercebe de que não há vivalma que o reconheça e de que toda a vila subitamente o venera e se quer chegada ao seu convívio. Até a mulher de Albano Chagas acaba por pôr uma afilhada a ajudá-lo no consultório e a mão da própria filha à disposição.

Alternando as memórias da infância com o presente agitado do protagonista, Mal Nascer é um romance magistral que combina uma história aliciante com um esmero de linguagem invulgar. Guardando surpresas até à última linha, a obra foi finalista do Prémio LeYa em 2013.

Nas livrarias a 30 de Abril

Pág. 1/3