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planetamarcia

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Junho 30, 2013

Novidade Casa das Letras - Vida e Sombra, de Nuno de Figueiredo

 

Numa vila do interior, em finais da década de 1950, dois amigos sonham com o futuro enquanto descobrem o amor e os sortilégios da natureza feminina. Sabem que o objectivo de ambos é a cruzada pelo Bem, a Justiça e a Liberdade, e que os caminhos da sua realização, embora divergindo, se complementam: enquanto o narrador quer ser escritor para nomear e descrever o mundo, Carlos Santiago sonha com a acção e o risco para transformá-lo.

Acabados os estudos secundários, a sua existência tornar­-se-á uma sucessão alucinante e desastrosa de fatalidades que levará o leitor a cruzar-se em Lisboa com movimentos revolucionários, partidos de esquerda, membros do regime, denúncias, repressão; a sofrer amores sublimes e ligações piedosas, perdas amarguradas, traições e desenganos; a per­correr a Europa clandestina, Paris de 68, Angola e a guerra colonial; e, finalmente, a viver a Revolução de Abril.

Nas livrarias a 8 de Julho

Prémio Literário Miguel Torga 2012

Junho 30, 2013

Novidade D. Quixote - O Amante Bilingue, de Juan Marsé

 

Juan Marés vê-se enganado e abandonado pela sua mulher, pertencente à alta burguesia catalã, e pela qual está loucamente apaixonado. Mergulhado no desespero e na indigência, converte-se num solitário e num marginal, um desprezível músico de rua que ganha a vida a tocar acordeão, deambulando pelos bairros antigos de Barcelona, e que concebe um estratagema delirante: fazer-se passar por outro homem, um charnego típico e impostor chamado Faneca, e reconquistar a sua ex-mulher com essa personalidade usurpada. Tudo começa com uma brincadeira, um jogo de máscaras, um piscar de olho em frente ao espelho. Mas a falácia adquire uma dinâmica imprevista e, a partir de certo momento, a personagem fictícia começa a ganhar terreno à real, a máscara devora Marés e apodera-se da sua vontade, da sua memória e da sua língua.

Nas livrarias a 8 de Julho

Junho 30, 2013

Porto Editora - Ficção Portuguesa - Como suicidar um país

 

A viver em Berlim, o poeta, ficcionista e investigador Pedro Sena-Lino escreveu uma obra sobre o estado da nação: a história de como Portugal poderia acabar em 2023. Este romance-provocação, intitulado despaís, chega às livrarias, com chancela da Porto Editora, a 12 de julho.

O livro mostra um país dependente da ajuda externa, pobre, emigrado, desempregado, envelhecido. Gerido por políticos corruptos, ou líricos sem ligação à realidade, acaba vendido em partes, como depois de uma insolvência.

O romance inicia-se com uma situação inimaginável hoje: e se houvesse um referendo sobre o fim do país – e este ganhasse? Será impossível? Esta é a história de como virtualmente isso poderia um dia acontecer. Eis o cenário: o país mergulhado no enésimo pacote de apoio externo, as reformas totalmente congeladas, a escola pública paga, o desemprego e a emigração galopantes; os bancos a falir; entre vários outros aspetos igualmente negativos.

O lançamento oficial de despaís, à imagem da obra, será manifestamente um evento-choque, imprevisto. Brevemente, a Porto Editora divulgará outras informações.

SINOPSE

VENDE-SE PAÍS

VISTAS DE MAR, BOAS ÁREAS, BOA LOCALIZAÇÃO, LUZ NATURAL, CLIMATIZADO NATURALMENTE

“O país foi fundado sobre uma loucura e mantido sobre uma série de outras. É um erro histórico particularmente sobrevivente e produtivo, uma doença crónica marítima.”

Um romance-provocação sobre o estado da nação.

Título: despaís

Autor: Pedro Sena-Lino

Págs.: 336

Capa: mole com badanas

PVP: 15,50 €

Junho 30, 2013

Porto Editora - Ficção - "O Peso da Fama", de Tara Hyland

 

Depois de publicar Filhas da Fortuna, em 2011, a Porto Editora dá a conhecer o novo romance da inglesa Tara Hyland, O Peso da Fama, que chega às livrarias no dia 5 de julho.

O Peso da Fama é uma saga que percorre os difíceis e conservadores tempos da pobre Inglaterra e Irlanda do pós-guerra, até aos anos glamorosos de Hollywood, onde todos os sonhos são passíveis de serem realizados. Por entre personagens fortes e marcadamente femininas, Tara Hyland constrói um drama maravilhoso e arrebatador que nos faz refletir sobre os laços inquebrantáveis entre mãe e filha. 

Junho 27, 2013

Novidade Planeta - A Chama de Sevenwaters, de Juliet Marillier

 

Vencedora de catorze prémios literários, Juliet Marillier foi finalista com este livro do Aurealis Awards for Best Fantasy Novel e do Tin Ducks for Speculative Fiction by Western Australian Writers.

Mais uma vez, ao entrar nesta aventura fantástica pelo reino dos seres encantados, o leitor vai ficar irremediavelmente enfeitiçado até à última página.

Dez anos depois do terrível incendio que quase lhe custou a vida, Maeve, filha de Lorde Sean de Sevenwaters, regressa a casa.

Traz nas mãos disformes as marcas desse acidente e dentro de si a coragem férrea de Liadan e Bran, os pais adotivos, e um dom muito especial para lidar com os animais mais difíceis.

Embora as cicatrizes se tenham fechado, Maeve ainda teme as sombras do passado — e o regresso a casa não se faz sem dificuldades.

Ate porque Sevenwaters esta a beira do caos.

Juliet Marillier nasceu na Nova Zelândia, em Dunedin, uma cidade com fortes raízes na tradição escocesa.

Licenciou-se com distinção em Linguística e Musica, na Universidade de Otago, e tem tido uma carreira variada que inclui o ensino, a interpretação musical e o trabalho em agências governamentais.

Atualmente, Juliet vive numa casa de campo centenária, perto do rio, em Perth, na Austrália, onde escreve a tempo inteiro.

E membro da ordem druídica OBOD. Partilha a sua casa com dois cães e um gato.

Juliet Marillier e uma autora internacionalmente reconhecida e os seus romances ja conquistaram vários prémios.

424 Paginas

PVP: 20,95 €

Disponível a partir de 27 de Junho

Junho 27, 2013

Novidade Oficina do Livro - UM POUCO MAIS DE FÉ, de Patrícia Costa Dias

 

“É no mais escuro de nós mesmo, no sítio onde reside o medo, a culpa, a vergonha, a agressividade, que podemos encontrar a vontade de aceitar, perdoar e seguir em frente. Um acreditar que vai ficar tudo bem, mesmo depois de me revelar”.

Sobre o livro

Verídica e contada na primeira pessoa, Um Pouco Mais de Fé é uma história de sofrimento (distúrbios alimentares), fé e amor.

Quando uma jovem se vê imersa num comportamento compulsivo totalmente fora de controlo, os pensamentos de suicídio instalam-se, misturados com uma veia cínica perante a sociedade. Ao ser apanhada em flagrante pela família, a opção da morte torna-se verdadeiramente clara.

Afinal, como viver sem a máscara de «linda menina», de «boazinha», que todos pensavam que era? Como revelar não ser uma força da natureza, mas tão-só humana, com erros cometidos e segredos terríveis por revelar? Nos reveses de fugazes encontros, duas conversas inusitadas e repletas de mistério, cinco desejos lançados a Deus numa igreja que nem conhecia e uma viagem longa e confusa marcam o início de uma lenta mudança que tem lugar entre amores, desamores e personagens caricatas. E no meio de todos eles estará aquele chuvoso dia de Novembro, aquela sala suada e abafada que ela jamais esquecerá.

O leitor não ficará indiferente a este convite para partilhar uma vida que poderia ser a sua, a de um filho, familiar ou amigo. Porque nunca conhecemos realmente as pessoas, mas apenas aquilo que elas nos permitem conhecer…

Sobre a autora

Lisboa, 1980. Licenciada em Comunicação Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, exerceu jornalismo no semanário O Emigrante/Mundo Português e na revista Negócios & Franchising. Colaborou entre 2005 e 2008 com a Editora Ésquilo, primeiro na área da Coordenação Editorial e depois como escritora. Casada e mãe de um filho, é defensora da amamentação, tendo sido segunda premiada no Concurso Montepio Desafia 2011, com o ensaio A Solidariedade entre Gerações, como promotora de uma cultura de aleitamento materno em Portugal. Desde 2007 que aprende e ensina Comunicação Não-Violenta (CNV). Fundou em Portugal a Academia Acalentar Emoções para o ensino da CNV, com especial enfoque em crianças e jovens, mas, como actualmente reside no Gana, em África, faz apenas formações presenciais quando visita Portugal, sendo mais regular o seu trabalho online, quer de CNV quer de apoio a pessoas que sofrem de distúrbios do comportamento alimentar, nomeadamente de bulimia.

PVP: € 14,90

e-book: € 10,98

368 páginas

Junho 23, 2013

O Sentido do Fim - Julian Barnes - Opinião

 

Um livro de que esperava bastante e que não me desiludiu. A escrita de Julian Barnes é quase perfeita, são alinhamentos de palavras cheios de sentido e significado, frases contundentes que quero reler muitas vezes.

Um estilo muito próprio, que já me tinha convencido em “Nada a Temer”, e se mantém neste “Sentido do Fim”. Escrito na primeira pessoa, esta é uma dissertação sobre a vida e sobre o passado, quando se chega ao ponto em que se sabe que já se viveu mais do que o que se tem para viver.

Tony medita sobre o passado, tem tempo pois está reformado. Recorda situações da juventude e as suas implicações nos amores e na amizade. Sabe que não pode voltar atrás mas quer voltar, redimir-se dos erros, encontrar paz e verdade. Questiona o seu percurso, coloca em causa o seu casamento falhado e pondera se não terá deixado a vida passar calmamente por ele enquanto assistia, acomodado, aos seus dias todos iguais.

Um estranho testamento vem acordar estas dúvidas e a procura de respostas levam-no de encontro a um Tony que ele já não tinha presente. Um Tony que foi maldoso, fez sofrer, mas que também se deixou esmagar sob a força das outras pessoas.

Não tanto sobre a temática da morte como “Nada a Temer”, mas sem dúvida sobre o fim que nos espera a todos, que neste livro Barnes não chama de morte. Sobre a certeza de que tudo termina e a consciência que o tempo nos faz ganhar desse destino que podemos ter como certo.

Um livro que recomendo sem reservas pelo seu conteúdo pleno de sentido, e também pela admirável forma que está escrito.

“Nessa altura eu já tinha saído de casa e começado a trabalhar como estagiário em administração. Depois conheci Margaret; casámos e três anos depois nasceu Susie. Comprámos uma casa pequena com uma hipoteca grande; eu ia e voltava de Londres todos os dias. O meu estágio transformou-se numa carreira longa. A vida foi passando: Um Inglês qualquer disse uma vez que o casamento é uma refeição longa e sem sabor com o pudim servido como entrada. Acho que é excessivamente cáustico. Gostei do meu casamento, mas era talvez demasiado parado – demasiado pacífico – para me ser benéfico.” (Pág.60)

“E é assim a vida, não é? Alguns êxitos e algumas deceções. Para mim foi interessante, mas não lamento nem me espanto por outros acharem menos do que isso. Talvez, de certa maneira, Adrian soubesse o que fazia. Mas por nada eu deixaria fugir a minha vida, creiam.

Sobrevivi, “Ele sobreviveu para contar a história” – é o que as pessoas dizem não é? A história não são as mentiras dos vencedores, como uma vez, sem hesitar, garanti ao velho Joe Hunt; agora sei-o. São mais as memórias dos sobreviventes, dos quais a maioria não é vitoriosa nem vencida.” (Pág.62)

“Parece-me que pode ser esta uma das diferenças entre a juventude e a idade: quando somos jovens, inventamos futuros diferentes para nós; quando somos velhos inventamos passados diferentes para os outros.” (Pág.86)

“Do ponto de vista de Adrian, eu desistia da vida, desistia de a examinar, tomava-a como a vida. E assim, pela primeira vez, comecei a sentir um remorso mais geral – um sentimento algures entre autopiedade e aversão a mim próprio – em relação à minha vida toda. Toda. Tinha perdido os amigos da minha juventude. Tinha perdido o amor da minha vida. Tinha desistido das ambições que acalentara. Tinha querido que a vida não me incomodasse demasiado, e tinha conseguido – e como isso dava pena!” (Pág.104)

“Os que negam o tempo dizem: quarenta é nada, aos cinquenta estamos na flor da idade, sessenta são os novos quarenta, e por aí fora. Uma coisa eu sei: que existe o tempo objetivo, mas também o tempo subjetivo, aquele que se traz no interior do pulso, junto ao lugar da pulsação. E este tempo pessoal, que é o tempo verdadeiro, é medido na nossa relação com a memória. Por isso, quando aconteceu esta coisa estranha – quando estas novas memórias de repente me caíram em cima – foi como se, durante esse momento, o sentido do tempo se invertesse. Como se, durante esse momento, o rio corresse para a nascente.” (Pág.125)

Sinopse

“Tony Webster e a sua clique só conheceram Adrian Finn no fim do liceu. Famintos de livros e de sexo, e sem namoradas, viviam esses dias em conjunto, trocando afetações, piadas privativas, rumores, e mordacidades de todo o género. Talvez Adrian fosse mais sério do que os outros, e seria certamente mais inteligente. Mesmo assim juraram que ficariam amigos para o resto da vida. Tony está agora reformado. Teve uma carreira, um casamento e um divórcio amigável. E nunca fez nada para magoar ninguém - ou pelo menos acredita nisso. Mas a chegada da carta de uma advogada desencadeia uma série de surpresas e acontecimentos inesperados que lhe vão mostrar que a memória é afinal uma coisa altamente imperfeita O Sentido do Fim, o mais recente romance de Julian Barnes e livro recém-galardoado com o Man Booker Prize 2011 - é a história de um homem que se confronta com o seu passado mutável. Com marcas da literatura inglesa clássica - na apreciação do júri que o distinguiu - O Sentido do Fim constrói, com grande delicadeza e precisão, uma trama tensa, forte, e revela a mestria de um dos maiores escritores dos nossos tempos.”

Quetzal, 2012

Junho 21, 2013

Novidade Editorial Presença - A Última Fugitiva, de Tracy Chevalier

 

DA AUTORA DE A RAPARIGA DO BRINCO DE PÉROLA

Na América de 1850, dividida entre escravatura e abolicionismo, a história de uma paixão inconfessada e de um amor impossível

A Última Fugitiva é um romance vibrante sobre os tempos que antecederam a guerra civil norte-americana e a abolição da escravatura. Passa-se no Ohio rural, na década de 1850. Honor Bright é uma jovem quaker de Dorset que parte para a América em busca de uma nova vida. Cedo toma contacto com o Underground Railroad, um movimento de pessoas que ajudam os escravos negros a fugir para norte em busca da liberdade, uma causa a que os quakers eram muito sensíveis. Tracy Chevalier entretece com entusiasmo e beleza a história dos quakers pioneiros e a dos escravos fugitivos, revelando o espírito e a coragem de homens e mulheres comuns que tentaram fazer a diferença, desafiando até as suas próprias convicções mais profundas.      

Tracy Chevalier nasceu em Washington D.C., mas aos 22 anos foi viver para Londres, onde reside atualmente com o marido e o filho. Tem um mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de East Anglia e é uma autora muito acarinhada pelo público e pela crítica. O seu segundo romance, A Rapariga do Brinco de Pérola, recebeu o Barnes and Noble Discover Award, foi um estrondoso sucesso internacional e deu origem a uma versão cinematográfica nomeada para os óscares e protagonizada por Colin Firth e Scarlett Johansson.

«... o melhor romance da autora desde A Rapariga do Brinco de Pérola.» - The Times

«Chevalier coloca a sua heroína no centro de tudo isto, construindo uma sinergia entre personagem e enredo que confere a este romance uma plenitude perfeita.» - The Times

«A Última Fugitiva dá-nos uma nova perspetiva da história da escravatura e do estilo de vida dos Quakers. A não perder.» - New York Journal of Books

«É um gosto ler A Última Fugitiva. Chevalier interliga duas histórias – a dos Quakers pioneiros e a dos escravos fugitivos – com estilo, imaginação e, acima de tudo, compaixão.» - Maggie O’Farrell 

Título Original: The Last Runaway

Tradução: Catarina F. Almeida

Páginas: 288

Coleção: Grandes Narrativas Nº 552

PREÇO SEM IVA: 15,94€ / PREÇO COM IVA: 16,90€

Data de Publicação: 20 de Junho 2013

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

Junho 19, 2013

O Destino Turístico - Rui Zink - Opinião

 

Temo que o que possa escrever sobre “O Destino Turístico” seja demasiado revelador. Um livro que não é o que parece ser à partida. Não é que haja uma grande reviravolta, a verdade é que só a partir de determinado momento comecei a absorver a história no seu real contexto. Isto aconteceu quando o Rui Zink entendeu que assim seria, e me revelou a verdade. Ou o que eu acreditei como sendo a verdade.

Uma viagem de férias para um destino diferente, que nunca cheguei ao certo a saber qual seria. Mas isso não é o mais importante porque pude imaginar, criar palcos de ação, decidir onde poderia colocar Greg, o viajante.

Na verdade esta leitura exigiu bastante de mim, como se estivesse sempre a pedir “completa-me” ou “dá-me uma lógica”. Senti que o meu modo de interpretar eram o fio condutor desta narrativa, como se fosse necessário juntar peças de modo criativo para a história fazer sentido. Fazer (algum) sentido na minha cabeça pelo menos. Um livro que poderá ser uma imensidão de livros, quantos leitores tenha para, mais uma vez, o construir.

Cedo percebemos que Greg não tem medo da morte, se calhar quer mesmo morrer. A viagem para um local de perigo iminente foi escolhida por si; como se desejasse partir e quisesse dar uma ajudinha ao destino colocando-se propositadamente em risco.

Neste estranho e perigoso destino turístico a morte está em todo lado. Há diversas pistas que ajudam a desconstruir o enigma mas eu confesso que não apanhei nenhuma: Na verdade só percebi que havia um enigma quando a explicação foi clara e óbvia. Foi bom ser surpreendida mas ao mesmo tempo senti-me um pouco perdida num cenário em que nem tudo batia certo durante demasiado tempo.

Mas foi bom. Uma experiência única. Como umas férias inesquecíveis. Recomendo!

E aquele estilo muito próprio do Rui Zink, com sátira e ironia social q.b., nos momentos mais inesperados que, subitamente, se tornam os mais acertados.

“Ora muito bom dia – o rececionista era a boa disposição em pessoa. Nada de admirar, pagavam-lhe para isso. Pela experiência de Greg, qualquer pessoa podia mostrar entusiasmo e boa disposição, desde que fosse paga para isso. Má disposição era mais difícil. Requeria uma dose mínima de sinceridade.” (Pág. 33)

“- Falai em mortes estúpidas! – Riu o companheiro da mulher.

Greg ia a dizer das suas, quando, por algum motivo (um familiar a quem aquilo ocorrera, talvez?), o motorista também afinou:

- E de que morte inteligente gostava o senhor de morrer, pode saber-se?” (Pág.46)

“Comer peixe até ser envenenado pelo mercúrio? Carne de vaca na esperança de ganhar uma encefalopatia espongiforme? Jogar à roleta russa com a gripe aviária ou a peste suína? Mastigar vegetais sem os lavar na esperança de sucumbir ao peso dos pesticidas? Métodos respeitáveis, todos, mas pouco mais do que isso. Na volta, mais valeria beber água do cano e rezar para que o chumbo acumulado fosse o equivalente ao de uma rajada de balas. Mas também aí os índices estatísticos não eram convincentes. Greg suspeitava, de resto, que a desconfiança geral em relação à água da torneira era meramente uma campanha bem orquestrada para quem fazia fortunas a vender essa mesma água em garrafas de plástico” (Pág. 86)

Sinopse

“Há um sítio onde se faz turismo de Guerra. Quem lá vai quer assistir e participar ao vivo em bombardeamentos, explosões e atentados.

Há anos que a Zona é tristemente célebre pelo estado contínuo de guerra civil... é um verdadeiro "paraíso infernal". Greg parece ser apenas mais um turista, mas o seu guia - após o desaparecimento de uma delegação de observadores filipinos - começa a questionar as suas verdadeiras intenções. Porque será que Greg decidiu visitar aquele inferno de horror quotidiano?!”

Teorema, 2008

Junho 16, 2013

O Segredo de Compostela - Alberto S. Santos - Opinião

 

Pela terceira vez escrevo sobre um livro de Alberto S. Santos. Desde “A Escrava de Córdova”, uma das melhores surpresas de sempre, que aguardo, com alguma expetativa cada novo título do autor.

No mínimo interessante, “O Segredo de Compostela” aguçou a minha curiosidade por um período histórico do qual sei pouco, principalmente no que refere ao território Ibérico. Século IV. Império Romano. “Luta religiosa” entre paganismo e o Cristianismo emergente. Este é o palco da história de Prisciliano, que conheci em criança e cujo fantástico percurso de vida me foi oferecido neste Romance Histórico.

Confesso que ao início tive dificuldade em reter todos os nomes dos protagonistas, não me familiarizei facilmente com os nomes romanos. A quantidade de informação histórica presente no princípio do livro também não é simples de assimilar, talvez por me ter deparado pela primeira vez com algumas destas temáticas. Contudo, apesar de por vezes a escrita elaborada do autor me fazer desejar frases mais simples, depressa fiquei presa à narrativa e ansiosa por saber o segredo de Compostela. Ou pelo menos saber qual o segredo que Alberto S. Santos descobriu após tão minuciosa e interessante pesquisa histórica.

O amor entre Prisciliano e Egéria prende desde o instante em que se conhecem, ainda crianças. Se afastados de início por diferenças religiosas, os seus percursos acabam por se cruzar e adensar à medida que Prisciliano descobre um novo caminho de peregrinação interior. O crescimento físico de Prisciliano é acompanhado por um forte crescimento espiritual, a possibilidade de viajar e de aprender fazem dele um ser que procura saber sempre mais, que busca constantemente o seu caminho. É um “buscador”, expressão utilizada no livro e que muito me agrada por todas as possibilidades que abarca; pela procura incansável da verdade.

Prisciliano converte-se ao Cristianismo e vê, na vida de Jesus, o caminho a seguir. Liberta o seu corpo de todos os vícios e interpreta os evangelhos de uma forma inovadora. Mas a verdade é que no século IV as “inovações” facilmente se confundiam com bruxaria, e os chamados então de Priscilianistas, à medida que convertiam fiéis à sua causa, semeavam discórdia e cultivavam inimigos. Demasiado à frente do seu tempo, Prisciliano, considerava que todos os seres humanos eram iguais, incluindo mulheres e escravos. Mas por muito que tais filosofias lhe tivessem precipitado o fim, a verdade é que foi uma intriga antiga que toda a vida assombrou Prisciliano e lhe ditou o fim comum a todos os profetas. A incrível atualidade desta situação fez-me pensar como hoje em dia muitas lutas se ganham e perdem por motivos que nada têm a ver com as causas.

O amor de Prisciliano e Egéria é, desde sempre, uma pedra no sapato de Ithacio Claro, que toda a vida promove a vingança por ter perdido a sua prometida. Ithacio usa de todas as suas artimanhas e influências para prejudicar Prisciliano e os seus seguidores.

Um grupo diferente que defende a comunhão com a natureza, a vida longe de excessos, a amizade, a bondade e uma total dedicação à religião. No contexto desta corrente religiosa Prisciliano e Egéria desenvolvem um amor diferente, longe dos desvarios carnais mas espiritualmente intenso, com uma grande componente mística e até telepática.

Decidi escrever este texto longo de propósito. Talvez não demasiado longo para quem goste de ler, mas certamente extenso para as velocidades do mundo virtual. Mas a verdade é que me encantei pelo percurso de Prisciliano, me deixei levar pelos seus princípios de vida tão simples e tão certos, em oposição à complexidade do dia-a-dia. Um livro delicioso, que relata uma história que deve mesmo ser contada, divulgada e partilhada.

Mais importante que saber quem secretamente está sepultado em Compostela, uma dúvida que só tem a importância que a fé de cada um lhe atribui, é conhecer o percurso de vida deste homem que só quis aprender e ensinar. Parabéns a Alberto S. Santos pela coragem de escrever sobre uma história que já estava escrita, que é toda verdade.

Lamentavelmente (ou não) só não gostei da capa. Altamente recomendado.

“Elpídio acompanhava a discussão com os olhos esbugalhados de interesse. Estava cada vez mais claro para Prisciliano que a viagem de Elpídio a Alexandria estava relacionada com uma intensa sede de sabedoria. E Prisciliano, um rapaz que todos consideravam brilhante, sentia-se cada vez mais insignificante ao contactar tais seres. Àquela hora da viagem já não era o mesmo Prisciliano que aportara no Eunostos, deslumbrado com a cidade desconhecida, acompanhando o tio Sabino na busca da cura. Agora, ele próprio se sentia doente. O verdadeiro doente. Sofria as dores da ignorância por assuntos debatidos pelas mais sábias pessoas do século. As questões ontológicas e metafísicas nunca haviam sido a sua prioridade. Mas o ar que respirava em Alexandria era diferente de tudo o que conhecia. Despertava-o interiormente para inquietações que não imaginaria existirem sequer. E estremecia por o acaso lhe ter concedido a benesse de o colocar entre gente tão sábia. Olhou para Elpídio e agradeceu-lhe intimamente por tudo o que estava a viver. A seguir, recordou Egéria. Sem perceber a razão, pressentiu uma corrente espiritual que o conectava com ela, ao mesmo tempo que um sobressalto interior.” (Pág. 164)

“Os lábios de Egéria tremelejaram e os olhos incharam. Abraçou Prisciliano, comovida. O silêncio apenas era cortado pelos difusos ruídos noturnos e pelos soluços femininos. Prisciliano continha as emoções, embora um torvelinho interior lhe gerasse fortes abalos. Sossegou a amada e convidou-a à meditação, como forma de comungarem as almas, naquele momento único e irrepetível. Fundidos num único enlaço, ela sentada no colo do amado, deixaram-se guiar por caminhos desconhecidos ao comum dos mortais. Na morada espiritual onde se encontravam, distantes do mundo físico, as almas arrebatadas encontraram o êxtase, o místico clímax que os fez estremecer interiormente. Quando terminaram o transe, pareceu-lhes ouvir um ruído exterior. Com a imaginação de um animal noturno nas redondezas, adormeceram em paz e cumplicidade, agarrados um ao outro.” (Pág. 322)

Sinopse

O dia 28 de janeiro de 1879 tinha tudo para ficar marcado na história da cristandade. Depois de dias suados de escavações na catedral de Compostela, foi encontrado o túmulo onde se acreditava que repousavam os ossos do santo apóstolo.

Mas... e se no destino final a que nos conduzem os místicos caminhos de Santiago se esconder um dos segredos mais bem guardados do Ocidente?

Prisciliano, líder carismático do século IV e pioneiro defensor da igualdade das mulheres e dos valores do Cristianismo primitivo, é a figura preponderante neste enigma secular. Comprometido com a força da sua espiritualidade, viveu no coração os sobressaltos de um amor proibido, envolto em ciúmes e intrigas.

Ainda que aclamado bispo pelo povo, Prisciliano tornou-se no primeiro mártir da sua Igreja, a quem a História ainda não prestou o devido reconhecimento.

Depois de extraordinárias revelações, descubra neste fascinante romance respostas às inquietações que atravessam os tempos:
Afinal, quem está sepultado no túmulo?
Qual o sentido atual das peregrinações a Santiago de Compostela?

Porto Editora, 2013

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